quinta-feira, junho 19, 2025
A Inteligência Artificial irá revelar-se uma mais valia.
segunda-feira, maio 12, 2025
Pia Mellody, gratidão eterna
Contra o estigma no tratamento da adicção
«Estamos duas vezes armados se lutarmos com fé» Platão
Platão,
segundo relatos e escritos da altura nasceu entre 427/428 a. C., em Atenas. Foi
um filosofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga. Foi considerado
a figura central na história do grego antigo e da filosofia ocidental,
juntamente com o seu tutor Sócrates e seu pupilo Aristóteles. Platão ajudou a
construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia
ocidental e também tem sido frequentemente citado como um dos fundadores da
religião ocidental, da ciência e da espiritualidade. (fonte Wikipédia).
Desde 1993,
trabalho com indivíduos adultos com adicção (doença com fatores
neuro-bio-psico-social), 1) a substâncias psicoativas geradoras de dependência,
licitas (bebidas alcoólicas) ou ilícitas, e também trabalho com indivíduos com
2) adicção a comportamentos adictivos (exemplo, jogo patológico, ao sexo) e indivíduos
que são adictos a 3) substancias psicoativas e ao mesmo tempo comportamentos
aditivos e/ou perturbação mental (comorbilidade – diagnostico duplo ou triplo). São várias centenas, talvez um
milhar de indivíduos e nenhum deles, nem um, alguma vez mencionou o desejo de
se tornar um adicto. De salientar as implicações, severidade, as consequências
e sintomas da adicção – cada caso é único. Ficar doente é o resultado de um
processo gradual, dinâmico e complexo. Também é verdade que ninguém fica adicto
a substâncias psicoativas ou comportamentos de um dia para o outro. Contudo se
alguém está preocupado com o seu comportamento impulsivo e repetitivo, seja com
o consumo de drogas, incluindo o álcool, ou comportamentos, isso pode querer
dizer que já tem um problema de adicção na sua vida, mas, mas isso não quer
dizer que vá pedir ajuda, naquela altura, naquele momento, podem passar anos a
fio até que a ajuda eficaz, direta ou indireta chegue.
Na sociedade,
um dos fatores mais negativos relacionados com o tratamento da adicção é o estigma.
Felizmente, comparativamente, com há trinta anos atras, hoje o estigma persiste
e continua a fazer vítimas, mas aparenta estar mais “enfraquecido” devido aos
avanços no tratamento, na informação dos meios sociais, no apoio psico social
de várias instituições do estado e/ou privadas, no apoio de proximidade por
parte dos profissionais e na informação disponível na internet. Convém realçar
que apesar de evolução e dos avanços o estigma não desapareceu. Desde os seus
primórdios, há milhares de anos atrás até à atualidade o estigma (as pessoas,
as famílias e a sociedade) permanece ativo como uma doença, com marcas bem visíveis.
Mudam-se os tempos, mas não se muda as vontades. Não são as pessoas de fracos
recursos, os “alvos” prediletos, a adicção é um fenómeno transversal na
sociedade, afeta “ricos”, pobres”, “pretos”, “brancos”, “mestiços” advogados ou
mecânicos, etc.
Como é que
se trata a doença da adicção, num contexto onde o estigma permanece ativo e a
influenciar negativamente, pessoas, famílias, profissionais e instituições
(sociedade)?
Como se
combate o estigma que conduz ao isolamento, à doença (adicção) depressão, à
separação, à vergonha e a negação?
Perante
estas duas questões, iremos abordar o que é o estigma e como afeta pessoas,
familiares, profissionais e instituições ligadas à prevenção, ao tratamento e á
recuperação dos comportamentos adictivos-
O que é o estigma?
Segundo o dicionário da Bertrand da Língua Portuguesa, entre os antigos gregos
designava sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de
extraordinária ou de mau acerca do estatuto moral de quem os apresentava. Tratava-se
de marcas corporais feitas com cortes ou com o fogo que identificavam de
imediato um escravo ou um criminoso. Por exemplo o conceito atual é mais amplo,
considera-se estigmatizante qualquer característica, não necessariamente física
ou visível que não se coaduna com o quadro das expectativas sociais acerca de
determinado individuo. Referencias: Erving Goffman
quinta-feira, fevereiro 13, 2025
Amor e desamor
Foto Lumen IA
Amores e desamores
Mito. Afirma-se, com frequência que um dos requisitos para
uma relação duradoura está relacionado com o individuo gostar de si próprio o
suficiente, (e em primeiro lugar) e só assim consegue relacionar-se com o
outro. O amor que temos por nós próprios (indivíduos) é diferente do amor que
nutrimos pelo outro (relação romântica). Quando selecionamos determinada pessoa
(especial) entra em jogo um conjunto de energias poderosas e em muitos casos
incontroláveis, designadas de vinculação. A evolução humana revelou existir
imensa vantagem para a sobrevivência uma coexistência entre indivíduos
(vinculação de intimidade, de interesse, de confiança, proteção) a fim de se
protegerem, preocuparem um com o outro/a (ele ou ela é parte de mim), aquilo
que designamos de intimidade, pertença, coesão, vulnerabilidade, confiança,
cumplicidade. Não sejamos naïfs, a evolução também contemplou (e continuamos o
processo) com aqueles indivíduos que tinham outros interesses completamente
antagónicos, refiro-me ao amor/intimidade.
«Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do
mal.» Friedrich Nietzsche
Mito relação romântica - «O amor vence tudo» Evocamos o amor
para justificar algumas crenças, atitudes e comportamentos disfuncionais para o
relacionamento romântico. Crescemos, com a ideia de que o amor vence tudo,
nesse sentido, evocamos a ilusão para o amor vencer. Na prática não resulta,
pode servir de justificação para o desamor.
Recuperação dos comportamentos adictivos de longa duração.
Seres sociais. Falar sobre o amor, num contexto social entre família, com o/a
filho/a, amigos, colegas de trabalho, numa reunião, com um estranho no comboio,
etc, significa que estamos honestamente a partilhar ideias, conceitos,
reflexões, expressar sentimentos que realmente importam, no que aos vínculos de
intimidade e vulnerabilidade, diz respeito. Falar sobre o amor ou o desamor,
honestamente, é falar da "cola" que permite ao amor expandir
valores/princípios, criar sinergias, reforçar vínculos e raízes, largar a zona
de conforto e explorar o universo imaterial do outro e vice-versa. Falar sobre
o amor e a vulnerabilidade, não é conversa lamecha, é conversa de pessoas
adultas e integras. Se não falarmos sobre o amor estaremos a privar de
participar em áreas tão significativas como a liberdade, a vulnerabilidade, a
confiança, a família, a espiritualidade. Conversar sobre o amor é explorar
vinculações (sistemas) complexas, profundas na psique (individuo) e nas
relações com os outros. Conversar sobre o amor deparamo-nos com mitos sobre o
amor, a paixão (obsessão/sofrimento), efeito químico de sensações intensas e
prazerosas associadas ao sexo. Confrontamo-nos com o dilema: é sexo/química ou
amor? É paixão (obsessão) ou amor? Qual é a relação entre o amor e o sexo? Durante um período da vida, precisamos do amor
para desenvolver e prosperar, como de oxigénio para respirar. Esse período
extremamente marcante desenrolou-se após o nascimento e durante a infância.
«Lutar pelo amor é bom, mas alcança-lo sem luta é melhor.»
William Shakespeare, “Noite dos Reis”
Está em recuperação dos comportamentos adictivos?
Sabia que
a adicção pode estar associada ao sexo (sexo compulsivo)? Sabia que a adicção
ativa, no individuo, interfere nas competências e capacidades para amar? Qual é
a sua definição de amor? Considera que a sua definição de amor funciona? Já
alguma vez foi “obrigado/a” a rever e a alterar algumas ideias, crenças sobre o
amor? Considera que tem dúvidas em distinguir a paixão (obsessão) e o amor,
isto é, na maior parte das vezes a paixão (obsessão) é sinónimo de relação de
intimidade de curta duração (é humanamente impraticável estar demasiado tempo
sob o efeito da obsessão/sofrimento)? Está numa relação duradoura e é feliz, se
a resposta é sim, quais são os fatores que contribuem para manutenção e duração
da relação?
quarta-feira, janeiro 29, 2025
Os Principios Básicos da Literacia Financeira para Pessoas com Comportamentos Adictivos, por Rita Piçarra
Uma Ferramenta Essencial para a Recuperação e Bem-Estar
A literacia financeira é a capacidade de entender e utilizar
eficazmente diferentes habilidades financeiras, incluindo a gestão financeira
pessoal, a elaboração de orçamentos e o investimento. Para pessoas que
desenvolveram comportamentos adictivos, seja em recuperação ou não, a literacia
financeira é uma ferramenta essencial para alcançar a estabilidade e o
bem-estar. Vamos explorar alguns dos princípios básicos da literacia financeira
e como podem ser aplicados na vida quotidiana.
1. Compreender a Importância de um Orçamento
Elaborar um orçamento é o primeiro passo para uma gestão
financeira eficaz. Um orçamento ajuda a entender quanto dinheiro entra e sai
todos os meses. Para pessoas em recuperação de comportamentos adictivos, um
orçamento pode ser uma maneira de recuperar o controlo sobre as suas finanças,
identificar gastos desnecessários e garantir que recursos sejam alocados para
necessidades fundamentais como habitação, alimentação e tratamento. Além disso,
um orçamento bem planeado pode ajudar a estabelecer limites claros para os
gastos supérfluos, permitindo que as pessoas em recuperação evitem tentações
financeiras que possam comprometer a sua estabilidade.
Para criar um orçamento eficaz, comece por listar todas as
fontes de rendimento, incluindo salários, benefícios sociais e outras formas de
rendimento. Em seguida, liste todas as despesas fixas e variáveis, como renda,
serviços públicos, alimentação, transporte e despesas médicas. Subtraia as despesas
totais do rendimento total para determinar se há um saldo positivo ou negativo.
Utilize este saldo para ajustar o orçamento, cortando despesas desnecessárias
ou encontrando formas de aumentar o rendimento.
2. Gerir Dívidas
A dívida pode ser um dos maiores obstáculos para a
recuperação financeira. É crucial entender os tipos de dívida (como cartões de
crédito, empréstimos pessoais, etc.) e desenvolver um plano para pagá-las.
Priorizar o pagamento de dívidas com taxas de juro mais altas pode ajudar a
reduzir o fardo financeiro mais rapidamente. Manter um diálogo aberto com
credores e procurar aconselhamento financeiro pode ser essencial para gerir de
forma eficaz as dívidas existentes. Além disso, é importante evitar contrair novas
dívidas desnecessárias durante o processo de recuperação.
Para gerir eficazmente as dívidas, comece por fazer uma
lista de todas as suas dívidas, incluindo o montante devido, a taxa de juro e o
prazo de pagamento. Em seguida, elabore um plano de pagamento que priorize as
dívidas com as taxas de juro mais altas, enquanto continua a fazer pagamentos
mínimos nas outras dívidas. Considere também a possibilidade de consolidar as
dívidas em um único empréstimo com uma taxa de juro mais baixa, se isso for viável.
3. Poupança e Fundo de Emergência
Ter uma poupança é um objetivo fundamental para a
estabilidade financeira. Criar um fundo de emergência pode proporcionar uma
rede de segurança em momentos de crise, evitando que se acumulem mais dívidas.
Mesmo pequenas contribuições regulares podem crescer com o tempo e fornecer um
colchão financeiro necessário. Para pessoas em recuperação de comportamentos
adictivos, um fundo de emergência pode ser particularmente importante, pois
oferece uma sensação de segurança e estabilidade durante períodos de incerteza.
Para começar a poupar, defina uma meta de poupança realista
com base nas suas circunstâncias financeiras. Automatize as transferências para
a poupança sempre que possível, para garantir que uma parte do seu rendimento
seja reservada regularmente. Além disso, procure oportunidades para reduzir
gastos e direcionar as economias para o fundo de emergência. Lembre-se de que
cada pequena contribuição é valiosa e que a consistência é a chave para
construir uma poupança sólida ao longo do tempo.