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quinta-feira, fevereiro 13, 2025

Amor e desamor


 Foto Lumen IA

 

Amores e desamores

Mito. Afirma-se, com frequência que um dos requisitos para uma relação duradoura está relacionado com o individuo gostar de si próprio o suficiente, (e em primeiro lugar) e só assim consegue relacionar-se com o outro. O amor que temos por nós próprios (indivíduos) é diferente do amor que nutrimos pelo outro (relação romântica). Quando selecionamos determinada pessoa (especial) entra em jogo um conjunto de energias poderosas e em muitos casos incontroláveis, designadas de vinculação. A evolução humana revelou existir imensa vantagem para a sobrevivência uma coexistência entre indivíduos (vinculação de intimidade, de interesse, de confiança, proteção) a fim de se protegerem, preocuparem um com o outro/a (ele ou ela é parte de mim), aquilo que designamos de intimidade, pertença, coesão, vulnerabilidade, confiança, cumplicidade. Não sejamos naïfs, a evolução também contemplou (e continuamos o processo) com aqueles indivíduos que tinham outros interesses completamente antagónicos, refiro-me ao amor/intimidade.

«Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.» Friedrich Nietzsche

Mito relação romântica - «O amor vence tudo» Evocamos o amor para justificar algumas crenças, atitudes e comportamentos disfuncionais para o relacionamento romântico. Crescemos, com a ideia de que o amor vence tudo, nesse sentido, evocamos a ilusão para o amor vencer. Na prática não resulta, pode servir de justificação para o desamor.

Recuperação dos comportamentos adictivos de longa duração. Seres sociais. Falar sobre o amor, num contexto social entre família, com o/a filho/a, amigos, colegas de trabalho, numa reunião, com um estranho no comboio, etc, significa que estamos honestamente a partilhar ideias, conceitos, reflexões, expressar sentimentos que realmente importam, no que aos vínculos de intimidade e vulnerabilidade, diz respeito. Falar sobre o amor ou o desamor, honestamente, é falar da "cola" que permite ao amor expandir valores/princípios, criar sinergias, reforçar vínculos e raízes, largar a zona de conforto e explorar o universo imaterial do outro e vice-versa. Falar sobre o amor e a vulnerabilidade, não é conversa lamecha, é conversa de pessoas adultas e integras. Se não falarmos sobre o amor estaremos a privar de participar em áreas tão significativas como a liberdade, a vulnerabilidade, a confiança, a família, a espiritualidade. Conversar sobre o amor é explorar vinculações (sistemas) complexas, profundas na psique (individuo) e nas relações com os outros. Conversar sobre o amor deparamo-nos com mitos sobre o amor, a paixão (obsessão/sofrimento), efeito químico de sensações intensas e prazerosas associadas ao sexo. Confrontamo-nos com o dilema: é sexo/química ou amor? É paixão (obsessão) ou amor? Qual é a relação entre o amor e o sexo?  Durante um período da vida, precisamos do amor para desenvolver e prosperar, como de oxigénio para respirar. Esse período extremamente marcante desenrolou-se após o nascimento e durante a infância.

«Lutar pelo amor é bom, mas alcança-lo sem luta é melhor.» William Shakespeare, “Noite dos Reis”

Está em recuperação dos comportamentos adictivos? 

Sabia que a adicção pode estar associada ao sexo (sexo compulsivo)? Sabia que a adicção ativa, no individuo, interfere nas competências e capacidades para amar? Qual é a sua definição de amor? Considera que a sua definição de amor funciona? Já alguma vez foi “obrigado/a” a rever e a alterar algumas ideias, crenças sobre o amor? Considera que tem dúvidas em distinguir a paixão (obsessão) e o amor, isto é, na maior parte das vezes a paixão (obsessão) é sinónimo de relação de intimidade de curta duração (é humanamente impraticável estar demasiado tempo sob o efeito da obsessão/sofrimento)? Está numa relação duradoura e é feliz, se a resposta é sim, quais são os fatores que contribuem para manutenção e duração da relação?

quarta-feira, janeiro 29, 2025

Os Principios Básicos da Literacia Financeira para Pessoas com Comportamentos Adictivos, por Rita Piçarra



Uma Ferramenta Essencial para a Recuperação e Bem-Estar

A literacia financeira é a capacidade de entender e utilizar eficazmente diferentes habilidades financeiras, incluindo a gestão financeira pessoal, a elaboração de orçamentos e o investimento. Para pessoas que desenvolveram comportamentos adictivos, seja em recuperação ou não, a literacia financeira é uma ferramenta essencial para alcançar a estabilidade e o bem-estar. Vamos explorar alguns dos princípios básicos da literacia financeira e como podem ser aplicados na vida quotidiana.

1. Compreender a Importância de um Orçamento

Elaborar um orçamento é o primeiro passo para uma gestão financeira eficaz. Um orçamento ajuda a entender quanto dinheiro entra e sai todos os meses. Para pessoas em recuperação de comportamentos adictivos, um orçamento pode ser uma maneira de recuperar o controlo sobre as suas finanças, identificar gastos desnecessários e garantir que recursos sejam alocados para necessidades fundamentais como habitação, alimentação e tratamento. Além disso, um orçamento bem planeado pode ajudar a estabelecer limites claros para os gastos supérfluos, permitindo que as pessoas em recuperação evitem tentações financeiras que possam comprometer a sua estabilidade.

Para criar um orçamento eficaz, comece por listar todas as fontes de rendimento, incluindo salários, benefícios sociais e outras formas de rendimento. Em seguida, liste todas as despesas fixas e variáveis, como renda, serviços públicos, alimentação, transporte e despesas médicas. Subtraia as despesas totais do rendimento total para determinar se há um saldo positivo ou negativo. Utilize este saldo para ajustar o orçamento, cortando despesas desnecessárias ou encontrando formas de aumentar o rendimento.

2. Gerir Dívidas

A dívida pode ser um dos maiores obstáculos para a recuperação financeira. É crucial entender os tipos de dívida (como cartões de crédito, empréstimos pessoais, etc.) e desenvolver um plano para pagá-las. Priorizar o pagamento de dívidas com taxas de juro mais altas pode ajudar a reduzir o fardo financeiro mais rapidamente. Manter um diálogo aberto com credores e procurar aconselhamento financeiro pode ser essencial para gerir de forma eficaz as dívidas existentes. Além disso, é importante evitar contrair novas dívidas desnecessárias durante o processo de recuperação.

Para gerir eficazmente as dívidas, comece por fazer uma lista de todas as suas dívidas, incluindo o montante devido, a taxa de juro e o prazo de pagamento. Em seguida, elabore um plano de pagamento que priorize as dívidas com as taxas de juro mais altas, enquanto continua a fazer pagamentos mínimos nas outras dívidas. Considere também a possibilidade de consolidar as dívidas em um único empréstimo com uma taxa de juro mais baixa, se isso for viável.

3. Poupança e Fundo de Emergência

Ter uma poupança é um objetivo fundamental para a estabilidade financeira. Criar um fundo de emergência pode proporcionar uma rede de segurança em momentos de crise, evitando que se acumulem mais dívidas. Mesmo pequenas contribuições regulares podem crescer com o tempo e fornecer um colchão financeiro necessário. Para pessoas em recuperação de comportamentos adictivos, um fundo de emergência pode ser particularmente importante, pois oferece uma sensação de segurança e estabilidade durante períodos de incerteza.

Para começar a poupar, defina uma meta de poupança realista com base nas suas circunstâncias financeiras. Automatize as transferências para a poupança sempre que possível, para garantir que uma parte do seu rendimento seja reservada regularmente. Além disso, procure oportunidades para reduzir gastos e direcionar as economias para o fundo de emergência. Lembre-se de que cada pequena contribuição é valiosa e que a consistência é a chave para construir uma poupança sólida ao longo do tempo.