sexta-feira, novembro 19, 2010
Adicção: Vidas Duplas Repletas de Singularidade e Secretismo
A maioria dos adictos às substancias psicoactivas (licitas
e/ou ilícitas) e/ou comportamentos (jogo, relações, sexo, distúrbio alimentar,
shoplifting) permanecem “presos à teia” da Adicção apesar das consequências
nefastas e clinicamente significativas, no seu dia-a-dia, (por ex. negação,
vergonha, medo, sentimentos de culpa, ressentimentos) isto é, perdem o controlo
nas mais variadas áreas da sua vida ex. família, trabalho, saúde, problemas
legais ficando assim limitados na ajuda disponível.
O que é que mantém os adictos/as doentes?
Gostaria de expor alguns casos e explorar os factores que
contribuem para a progressão da doença, para a alienação de valores e o desfasamento
entre a realidade e a Adicção. A Adicção é uma doença. A maioria dos adictos
reconhece que algo está errado, todavia censura os sinais evidentes do
desgoverno recorrendo a todo um conjunto de mecanismos psicológicos que o
mantém doente e centrado no prazer imediato, no isolamento, na obsessão e
compulsividade e na ilusão do controlo. Muitos afirmam “Eu sei que estou mal, Mas…”
O que é que mantém
estes indivíduos doentes e disfuncionais ao invés de pedir ajuda? São imensos
os factores e aqueles que gostaria de realçar é a Negação, a Vergonha e o
Estigma associado ao comportamento adictivo.
Qualquer semelhança com estes casos é pura coincidência. Os
dados destas pessoas foram alterados.
Carlos. 47 Anos, casado
e com 2 filhos. Adicto ao jogo. Profissão: Gerente Bancário.
Consequências da Adicção.
O Carlos joga no casino com o dinheiro do seu ordenado (totalidade), com o
dinheiro da esposa, e por vezes aquele que é para pagar despesas da casa e da
escola dos filhos. Através de um esquema fraudulento e falsificação utiliza o
dinheiro de três clientes do banco. A mulher do Carlos, desesperada, adopta o
silêncio, mantendo secreto a doença do marido com receio de represálias e que
este a abandone. A mulher e o Carlos acumulam dívidas no total de 16mil euros. Os
pais do Carlos assim como os sogros ignoram a Adicção ao jogo. Os filhos do
casal têm problemas no rendimento escolar (agressividade e impulsividade). Nos
encontros sociais esta família aparenta felicidade e união.
Júlia 33 anos, solteira,
Distúrbio Alimentar. Profissão: Professora de Educação Física
Consequências da Adicção.
Vive com os pais. Não tem tempo para comer, isto é, só toma o pequeno-almoço (iogurte
magro e uma peça de fruta), não almoça e no final do dia, quando regressa a
casa, está esfomeada onde ingere alimentos altamente calóricos (ex. doces,
fritos e salgados). Por vezes adopta o jejum provocado e prolongado onde só
ingere líquidos. O assunto da comida é a sua principal preocupação diária
(obsessão), o que vai comer, quando vai comer. Sofre oscilações drásticas de
humor, por exemplo depressão. Desde os 18 anos que faz dietas restritivas. Após
períodos de fome e privação adopta comportamentos compulsivos (ex. binge,
voracidade e empanturrar-se) e depois provoca o vómito (purgação). Sente medo
(pânico) de engordar, considera que está muita gorda e utiliza o exercício
físico, excessivo, para não engordar. Nos encontros sociais aparenta ser uma pessoa
saudável, pelo seu aspecto físico, e que trata bem da sua saúde a nível da
nutrição.
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