segunda-feira, novembro 01, 2021

Literacia emocional e a comunicação

Olá,

Segundo o dicionário da Língua Portuguesa a palavra literacia significa “capacidade para perceber e interpretar.”

Certamente já aconteceu, você tentar abordar um tema sensível e/ou complexo, com outra pessoa, e aperceber-se, ao invés de conseguir fomentar o diálogo aberto e honesto, o resultado da sua tentativa é precisamente o oposto. Gera-se um ambiente de tensão, discórdia e assumem-se posições individuais excessivamente inflexíveis e incompatíveis. Eis este caso. Consulta com um casal (esposo e esposa) onde ambos trocaram acusações, quanto aos erros que cada um cometia na educação da filha de 6 anos; o esposo acusava a esposa de ser permissiva e a esposa acusava-o de ser autoritário. Durante uma grande parte do tempo da sessão, persistiram nesta troca de acusações, tanto o esposo como a esposa, possuíam uma lista interminável de acusações. Cada um começava com a afirmação:  “Tu não…” ou “Tu és…” Este casal não reconhece entre si legitimidade (confiança) quanto aos critérios sobre a educação, ambos alimentam o ressentimento e a raiva através da culpa, vulgo acusação – na realidade aquilo que estão a dizer é:  “Tu é que és culpado/a de as coisas não estarem bem entre nós.” Será mesmo assim? Qual é o benefício que retiram para se culparem mutuamente?

A qualidade dos relacionamentos com as outras pessoas contribui para o auto conhecimento. Nesse sentido, seleccionei para si 8 orientações que visam promover e reforçar a comunicação e a literacia emocional.


1. Nos relacionamentos estamos mais predispostos a censurar do que fazer elogios. Detestamos que sinalizem os nossos erros, as imperfeições e evitamos sentir expostos e vulneráveis – “O que é que ele/ela vai pensar sobre mim?” Todavia, na comunicação existe um mundo fascinante e misterioso para explorar através da capacidade de auto critica e do feedback construtivo.

2. Nos relacionamentos revelamos uma necessidade exagerada em projectar no futuro as nossas desilusões e falhanços do passado; acreditamos que vão voltar a acontecer. Consequentemente iremos ficar paralisados e enquanto permanecemos intensamente ansiosos, será difícil sentir coragem para criar diferentes paradigmas e soluções.

3. Bom ou mau - Catalogar e rotular. Nos relacionamentos, a nossa mente funciona segundo padrões e modelos. Segundo as nossas crenças existem dois tipos de pessoas; as boas e as más. Pessoas honestas ou desonestas. Pessoas verdadeiras ou mentirosas. Somos vencedores ou falhados. Na realidade, a natureza humana não se resume a catálogos ou a diagnósticos precipitados. Como é que conseguimos adivinhar, intuitivamente e ao fim de uns meses/anos, como são as outras pessoas, se nós com frequência surpreendemo-nos com as consequências negativas dos nossos próprios comportamentos? Por exemplo, cometer os mesmos erros, sucessivamente, através do auto engano. Na realidade, somos seres complexos multi-talentosos e imperfeitos em constante transformação.

4. Se após a tentativa em abordar determinado assunto sensível e complexo não for interpretado, pelo outro de acordo com as suas expectativas e ficar frustrado/a, a partir desse momento, não opte pelo silêncio, distanciamento ou indiferença. Lá porque não conseguiu, isso não quer dizer que não existam outras alternativas. Continue empenhado/a em explorar outras opções, a fim de abordar o assunto. Por vezes, é Ok não possuir todas as respostas.

5. Erradamente, quando tentamos abordar determinado assunto sensível na comunicação, adoptamos duas possíveis abordagens: A. Procuramos agradar, colocando a nossa auto estima nas mãos naquilo que o outro pensa ou B. Reagimos com agressividade (por exemplo, elevando o tom de voz ameaçador. Quando estamos dispostos a negociar e/ou a ceder, sobre as nossas posições inflexíveis, aquilo que está em jogo é o discernimento, a empatia e a confiança. Quando você cede, pratica a escuta activa ou negoceia está a ser assertivo/a e flexível.

6. Atribua ao seu relacionamento de confiança uma medalha de apreço e mérito. Faça uma lista de coisas pelas quais você é reconhecido/a pelo outro. Quais são as características do outro que você valoriza? O que é que ambos podem fazer para benefício da comunicação? Recordo que as pessoas de confiança são importantes, visto conhecerem-no, que você partilha as suas angustias, os seus desafios, alegrias e as suas frustrações. Que o/a criticam e/ou confrontam quando é necessário e quando o fazem estão consigo e não contra si.

7. Ansiedade e controlo. A sensação de controlo do outro (sentimento de posse) pode revelar-se extremamente apelativa e representar um desafio, semelhante a um jogo –evocamos um conjunto de motivos para controlar pessoas, sentimentos e coisas. Contudo pode ser uma fonte inesgotável de ansiedade, pressão e problemas. Controlo é: Tentar controlar acontecimentos e pessoas através de jogos psicológicos baseados na culpa, na auto piedade, na manipulação e chantagem. Ficamos excessivamente frustrados, irritados e ressentidos. Consideramos que nós é que temos sempre razão. Recusamos aceitar como os outros são e não permitimos que as coisas aconteçam naturalmente. Precipitamos a ajudar o outro, quando o apoio não é solicitado, e caso não seja aceite, ficamos com a sensação de rejeição e frustrados.

8. Visto o amor ser um tema vasto, complexo e transversal na nossa sociedade, a fim de sabermos a importância do amor, precisamos de saber o que não queremos (oposto ao amor), isto é, aquilo que é evocamos em nome do amor, mas na realidade, não é. De acordo com a sua experiência de vida, complete esta frase.

Amor não é __________________ . Não podemos confundir amor com dependência e sofrimento. As pessoas mais felizes gostam de pessoas.

Votos de uma excelente semana dedicada à comunicação e à literacia emocional.

Cumprimentos

 

Comentário: Sabia que a Dica Arte de Bem-Viver começou com uma "brincadeira" para os amigos, em Abril de 2011? Atualmente é enviada para mais de 500 pessoas e vários países de expressão portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique e Brasil) e para os Estados Unidos da América. À data deste post vai na sua 252ª publicação. Caso deseje receber a Dica Arte Bem-Viver basta enviar um email para joaoalexx@sapo.pt. No assunto da mensagem escreva: Dica Arte Bem-Viver. Todos os dados são confidenciais. É grátis.


 

quarta-feira, março 31, 2021

176ª Dica Arte Bem Viver


 

Olá, 

com muita frequência, aparecem pessoas angustiadas e frustradas nas consultas, porque não gostam de si próprias e/ou procuram orientação para mudar alguns aspectos da sua personalidade.

Ao longo de 20 anos de experiência profissional conheci algumas pessoas que segundo os padrões e valores instituídos pela família e pela sociedade tinham tudo para serem feliz – eram pessoas bonitas, ricas, magras e famosas, mas surpreendentemente, segundo elas próprias, não o eram.

Senão vejamos, de acordo com determinadas tradições e paradigmas da nossa sociedade, ter sucesso e ser feliz é preciso ser “bonito, rico e magro”. Todavia, quando nascemos, transportamos na biologia, o potencial humano, resultado da evolução de milhares que anos, que é facilmente ignorado. A partir da infância e ao longo da vida, somos constantemente bombardeados e estimulados, através dos meios de comunicação social e da sociedade moralista, da existência de um mundo superficial e efémero, de um conjunto de “famosos de sucesso” com vidas aparentemente glamorosas. Somos também classificados e rotulados de acordo com o género, as preferências sexuais, os dogmas, o estatuto, a cultura, todavia, durante este processo de rotulagem massiva e dogmática, podemos perder a noção da nossa verdadeira essência e do propósito do rumo da vida.  Dizemos a nós mesmo e/ouvimos demasiados: “Tens de ser…” ou “Deves fazer…”

Não existe nada de errado consigo. Caso você não saiba; é um ser único e fantástico.

             Imagine que não está condicionado às modas e às tradições moralistas e retrogradas da sociedade. Ser único e fantástico reside na simplicidade do ser - aceitação.

             Não possuímos as competências precisas a fim de nos avaliarmos correctamente; tendencialmente, optamos por menosprezar as oportunidades de auto conhecimento, em prol do estatuto social. Num mundo de aparências ser simples e honesto é um verdadeiro acto de coragem.

             Faça um favor a si mesmo. Não precisa de mudar nada, porque já é um ser único e fantástico de acordo com a sua biologia e o potencial emocional e espiritual. Explore e reinvente-se.

Uma das mais belas características que aprecio nas pessoas é a sua capacidade de simplificar e de serem espontâneas, ingénuas, honestas, com sentido de humor e singelas. Simplicidade é Ok. É nos detalhes que as pessoas revelam a sua essência.

Exclusivamente para si, caso esteja a trabalhar ou de férias, votos de uma excelente semana com simplicidade

Cumprimentos

Comentário: Sabia que a Dica Arte de Bem-Viver começou com uma "brincadeira" para os amigos, em Abril de 2011? Atualmente é enviada para mais de 500 pessoas e vários países de expressão portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique e Brasil) e para os Estados Unidos da América. À data deste post vai na sua 250ª publicação. Caso deseje receber a Dica Arte Bem-Viver basta enviar um email para joaoalexx@sapo.pt. No assunto da mensagem escreva: Dica Arte Bem-Viver. Todos os dados são confidenciais. É grátis.

É mais apelativo encontrar culpados do que soluções para os problemas


 Desde certa altura da vida, fomos impulsionados para encontrar defeitos nos outros e foi exatamente aquilo que encontramos.

quinta-feira, janeiro 28, 2021

Leituras de 2020


 

As minhas leituras de 2020, das quais recomendo.

Daniel H. Pink – “Quando”

Brené Brown – “A Força da Coragem”

Daniel Kahneman – “Pensar, depressa e devagar” segunda leitura

Adam Grant – “Originais”

Sam Harris – “Os Orfãos da Religião”

Yuval Noah Harari – ”Homo Deus”

Richard Thaler e Cass R. Sunstein – “Nudge”

Steven Pinker - “O Iluminismo – Agora”

Elisabeth Kubler-Ross – “A Roda da Vida”

William Miller e Stephen Rollnick – “Entrevista Motivacional” 3ª Edição

Ed Catmull – “Criatividade”

Sheryl Sandberg e Adam Grant -“Opção B”

 

 

Nota pessoal: O critério para a seleção dos livros deve-se, principalmente, aos seus autores, investigadores de renome, cujas temáticas, tais como a motivação, a mudança, a felicidade, a resiliência, a garra, a persistência, os hábitos são temas recorrentes no meu trabalho do dia-a-dia. Desde 1993, dedico uma parte substancial, da minha carreira profissional, à aprendizagem contínua como forma de manter-me atualizado, a fim de prestar o melhor serviço possível, a todos aqueles que procuram, na doença e na adversidade, encontrar competências para vencer. Afinal, o que seria de nós, se não tivéssemos defeitos, se não estivéssemos expostos à adversidade e se não tivéssemos ajuda? Graças aos defeitos, à adversidade e haver pessoas especiais, conseguimos ser pessoas honestas, persistentes, mais resilientes e encontrar um propósito na vida; fazer a diferença, pela positiva, um dia de cada vez. As pessoas mais felizes gostam de pessoas.