quarta-feira, setembro 19, 2018

Presos um ao outro, sem soluções



“Foi com muito gosto que fiz a partilha. Fui codependente numa relação que durou alguns anos. O meu ex e já falecido marido, era toxicodependente e alcoólico e eu não conseguia libertar-me das amarras emocionais que me prendiam a ele. Só quando engravidei, o meu filho é que reuni forças para acabar definitivamente com a relação. Até então, eu não vivia, só sobrevivia, mas com o nascimento do meu filho, renasci de novo apesar de ainda restarem sequelas e traumas que por vezes afloram e se manifestam sob a forma de depressões. Mas hoje sou mais forte, gosto de mim e da minha própria companhia.  Por tudo isto, sinto-me muito feliz quando de algum modo, ajudo a quem sofreu ou sofre de dependências. Abraço, Maria (nome fictício)"

Comentário: Obrigado Maria, pelo seu relato e parabéns por ter redirecionado a sua vida, para melhor.

Nos últimos anos, as notícias de violência doméstica, oriunda da co dependência, têm servido de manchete nos media, com vítimas inocentes. É um fenómeno transversal na sociedade, todos nós sabemos da sua gravidade, mas algumas tradições culturais disfuncionais ainda teimam em resistir, por exemplo, o ditado popular, “entre marido e mulher, ninguém mete a colher”. Para agravar mais o cenário, já de si trágico, as consequências da violência doméstica, afeta e alastra a todos os membros da família, incluindo os filhos e restante família. Crianças e/ou jovens que perdem os pais nas circunstâncias mais trágicas e eles próprios vítimas do trauma, do estigma e a da vergonha. Alguns deles, na idade adulta, vão ter relacionamentos com parceiros em que a violência fará parte da herança familiar.