terça-feira, setembro 30, 2008

Resiliência humana; ser espiritual



Ontem após mais uma consulta com um dos clientes fiquei a pensar nas consequências indesejáveis do uso de drogas ilícitas e da forma insidiosa e subtil com que uma pessoa fica "presa" a sua dependência.

Esta pessoa falava da forma como os seus impulsos o controlam e o conduzem, por vezes sem pensar nas consequências negativas dos seus actos, na obtenção da dose tão ardentemente e obsessivamente desejada. Ele questionava-se "João, será que algum dia irei sair deste ciclo vicioso que dá cabo da minha vida? Quero ter uma vida normal, sem drogas."

Esta afirmação parece legitima e profunda. Resume a constatação da sua ambivalência e  impotência. Da frustração e da dor. Da sua incapacidade de autocontrolo e de falta de auto realização.

Ninguém deseja ser adicto. Ninguém deseja ser diabético. Ninguém deseja ter um cancro. Ninguém deseja sofrer de hipertensão. Isto significa que a dada altura da nossa existência jogamos na "roleta russa" por força das circunstâncias, das atitudes e dos comportamentos, do ambiente e da carga genética, Faz parte dos desafios da vida e da descoberta das nossas competências individuais e sociais. senão formos sujeitos a adversidade nunca saberemos realmente quem somos e para onde vamos.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Recuperação duradoura e a alimentação saudável










Na minha opinião a alimentação saudável é uma pratica corrente a ter em conta na recuperação duradoura dos comportamentos adictivos. Cada vez mais observo homens e mulheres, em recuperação há vários anos, ansiosos e preocupados com os seus hábitos de alimentação, e como consequência, obesos e inquietos com a sua saúde física, mental e espiritual. Uma vez ouvi alguém afirmar que “ Aquilo que comemos está relacionado com a forma como nos sentimos e tratamos.” Sabia que utilizamos determinados alimentos, aqueles que com elevado valor calórico, a fim de atenuar e/ou evitar emoções dolorosas?

Recuperação é regularizar e lidar com hábitos disfuncionais (sono, alimentação, gestão do tempo livre, meditação, higiene pessoal, saúde,), identificar comportamentos geradores de sentimentos dolorosos e em alguns casos compulsivos por ex. a comida, relações, sexo, jogo patológico, trabalho patológico e compras.

Na maioria dos casos agimos no prazer imediato, saciar o vazio interior, com coisas (pessoas, lugares, coisas e alimentos excessivamente calóricas; gorduras e açucares) e não optamos por adiar a gratificação e congratularmo-nos por isso. Queremos algo e já.

terça-feira, setembro 16, 2008

Em Rodopio e Rodopiando...

Amarguras espelhadas, olhos fundos inalcançaveis, mãos que já não sentem, vidas que já não vivem, almas que divagam presas, vultos que correm atrás das suas próprias costas, em rodopio...

O verde ficou amarelo. O rosa ficou esbatido, o branco é pálido e o beje agora é negro. O dia escureceu e a noite nunca foi tão negra.

Visitar o Universo de cada um é fascinante! É esquecer todas as cores, é desafiar o dilema claro versus escuro, é assistir ao convite que é feito ao sol.

A primeira vez que os fito trazem numa trela o desespero aos gritos, carregam nos ombros o peso da amargura e no pescoço trazem o sufoco da angústia. Não fitei nenhum com sorriso, nem a bater palmas, muito menos são acompanhaados por pessoas felizes.

A partir daí começo a assistir ao esboço do 1º sorriso e chego mesmo a ouvir: “ Marisa, é tão estranho voltar a achar graça às coisas!” É... parece que o conceito de alegria outrora fora abandonado para dar lugar à tristeza e como quem convive com coxo aprende a coxear, esta forma de estar passou a ser um estilo de vida com grande resistência à mudança.

A verdade é que oscilando entre dias melhores e dias menos melhores, a mudança vai acontecendo e passado algum tempo, o mais importante do dia para alguns passa a ser “ hoje estou feliz, conversei com o meu filho” ( quantas vezes surgiu esta oportunidade no passado? Quantas vezes esta oportunidade foi substituida? Saberá este pai que o seu filho se sentiu uma criança esquecida, uma criança diferente?), ou então “ hoje sinto-me grato, não estou sozinho, tenho um lugar seguro para dormir, comida na mesa e finalmente a minha familia está em paz”.

Mas esta realidade é ainda provisória e mais realidade vem por aí.

Entre a reconstruçao do sistema de valores, o olhar para a insanidade e a reaprendizagem do limite, vivem-se em tratamento momentos de crescimento até ao 1º bater de palmas – o fim do internamento e a “ exposição ao vivo e às cores”.

Ah, passado algum tempo muitos são aqueles que fito mas agora trazem o sorriso no rosto, deixaram as mãos livres para bater palmas, trazem consigo pessoas felizes, o verde é fluorescente, o rosa é choque, o branco é vivo e o beje ameniza um cenário que por vezes se confunde, se questiona mas que não deverá impedir que cada um continue a caminhar trazendo na trela e alegria a cantar, nos ombros o peso da rsponsabilidade e no pescoço o cordão pendurado de uma vida que só por hoje “ é melhor”.


Marisa Ceriz
( Psicologa e Técnica Superior de Aconselhamento Psicossocial)
marisaceriz@hotmail.com

Comentario: Queria manifestar a minha gratidão pela participação da Dra Marisa Ceriz no nosso blog e pela sua dedicação e empenho genuino à Recuperação dos Comportamentos Adictivos. O meu Bem Haja iluminado

segunda-feira, setembro 15, 2008

Não acontece só aos outros



Estas imagens ilustram na perfeição a escalada de comportamento violento até à explosão, no local de trabalho, que também se pode transpor para casa (lar por ex. violência domestica).
A raiva reprimida (ira), a atitude passiva e manipuladora podem conduzir a este tipo de comportamento explosivo. A raiva reprimida pode ser aqui ilustrada atraves de um "vulcão". Antes de o vulcão entrar em erupção toda aquela energia contida e reprimida aguarda a sua "oportunidade" para se libertar e gerar o caos à sua volta.
Mais uma vez é realmente relevante identificar os nossos sentimentos de forma a prevenir a impulsividade e a explosão caótica.

domingo, setembro 07, 2008

Como se sente hoje?








Já referi varias vezes que recuperar dos comportamentos adictivos exige uma aprendizagem empenhada e uma descoberta intensa em identificar, meditar, lidar e entregar sentimentos quer sejam positivos e/ou dolorosos. Precisamos de “mergulhar” no nosso interior – emoções e relacionar com as outras pessoas; para nos conhecermos.
Faça um audacioso e meticuloso inventario dos seus sentimentos. A seguir apresento uma lista. “Boa viagem

Hoje sinto-me...

agressivo/a,ansioso/a,arrogante,
apático,afectuoso,ambivalente,
ambíguo,aborrecido/a,assustado/a,
amado/a,agonia,aliviado/a,
acarinhado,arrependido/a,abençoado/a,
afortunado,apreensivo/a,apaixonado/a

benevolente,

cabisbaixo,cansado/a,caprichoso,
confiante,complacente,curioso/a,
ciumento/a,chocado/a,confuso/a,
contemplativo/a,comovido/a,culpado/a,

determinado/a,desapontado/a,desacreditado/a,
desejado/a,desamparado,desconfiado/a,
desonesto,desgostoso,dor,

eufórico/a,extenuado,exausto/a,
envergonhado/a,egoísta,

falhado/a,feio/a,feliz,
frustrado/a,

grato/a,

histérico/a,

impressionado,inveja,intimidado/a,
idiota,indeciso/a,inseguro/a,
ignorante,indiferente,inocente,
inadequado/a,

luto,

magoado/a,miserável,

negativo/a,

obstinado/a,ódio,optimista,orgulhoso,

perda,paranóico/a,perplexo/a,
pensativo/a,

ressentido/a,raiva,

só,satisfeito/a,sereno/a,
surpreendido/a,

tímido/a,triste,

vencedor/a...