sexta-feira, novembro 28, 2014

Sou mãe de um adicto


“Sou a mãe de um adicto*” por dfdwilkins

Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho com cancro, diabetes ou VIH.
Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho que serve o seu país no estrangeiro com honra.
Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho que já não vive em casa, é chorado e lembrado todos os dias, pelos seus entes queridos.

Sou a mãe de um adicto
Não existem maratonas, campanhas de angariação de fundos ou campanhas de sensibilização com pessoas bonitas e famosas sobre os efeitos trágicos desta doença
Não existem bandeiras hasteadas ou pulseiras coloridas que sirvam para reconhecer, orgulhosamente, as acções do meu filho
Só existem lágrimas, gritos silenciosos e angustia quando alguém bater à porta ou através de uma chamada telefónica com uma notícia trágica de algo que possa ter acontecido ao meu filho

Sou a mãe de um adicto
Vejo o meu filho todos os dias, mas não estou feliz, embora ache, com um certa dose de alívio, que a melhor maneira de o ajudar, não é querer controlar, pelo contrário, é deixar que ele tenha a sua própria vida e aprenda com as consequências das suas decisões
Quando oiço aquilo que ele diz, antecipo com medo e preocupação o futuro do meu filho, apesar de tudo, ainda tenho uma réstia de esperança
Quando olho para o meu filho, questiono-me se algum dia irei voltar a ter uma relação de confiança com ele, abraça-lo ou em último caso, se irei voltar a vê-lo outra vez