sábado, dezembro 14, 2013

"Ser vulnerável, é apenas uma das características."


Tudo começou com a sensação de que o barco andava sem rumo, corria sempre mal, os erros eram sempre os mesmos, e de repente, percebi que não existia o “mundo está contra mim” e sim o “é necessário aprender a estar no mundo”. A vontade de mudar falou mais alto e fervilhou dentro de mim. Preciso de ajuda… Foram inúmeras as tentativas de relações de intimidade, no entanto, eram sempre voláteis, rápidas e quando estava aparentemente a ser bom (controlado por mim) acabavam por terminar. Chegava à conclusão que afinal não tinha sido tão bom, era a minha vontade que fosse bom que sustentava a relação. Aí o mundo desabava, mais uma vez. Quando olhava pela janela via apenas o que sentia nos relacionamentos amorosos, não existia mais nada ou quase nada. Percebi que o limiar entre a sanidade e a patologia era curto, procurei ajuda, comecei por conhecer mais sobre mim e aceitar. A palavra resiliência passou a fazer parte do meu vocabulário. Sentir é ok, saber gerir é uma grande sabedoria, alguém disse que a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Ou seja, aprender com os erros, conhecer e viver…sem nunca esquecer que a vida é feita de opções e nós somos a personagem principal. As escolhas são nossas. Ainda a caminhar na minha jornada de recuperação, estou menos angustiada, aprendi a gerir o sentimento de ambivalência e a tomada de decisão passou a ser uma plataforma mais segura. Resumindo, hoje olho pela janela e observo interações, nuns dias observo pessoas a circular na rua, noutros as árvores que estão ao lado das pessoas, é sempre diferente. Mas, vejo e sinto mais coisas. Sou mais feliz e vivo um dia de cada vez, recuperar é que está a dar.

S. 

sexta-feira, dezembro 06, 2013

Recuperar das compras compulsivas


As compras compulsivas são um problema actual menosprezado.

Todos os dias fazemos compras. Todos os dias, por variadíssimas razões e motivos gastamos dinheiro. Gastamos dinheiro porque estamos tristes ou porque estamos felizes. Gastar dinheiro faz parte do dia-a-dia, do ser social, da auto estima e isso é OK.

Entretanto, existe outra realidade, sobre o gastar dinheiro, que tem sido negligenciada. Somos bombardeados a um número indeterminado de estímulos para fazer compras, onde para isso,  necessitamos de recorrer a estratégias altamente engenhosas para equilibrar os nossos orçamentos. Perante tanta oferta, facilmente nos iludimos com o “Preciso de comprar aquilo…” quando na realidade, “aquilo” não é uma prioridade, mas uma necessidade de satisfazer os nossos desejos e vontades com base no prazer imediato. Basta entrarmos no centro comercial e ao fim de 15 minutos, já dispomos de uma lista de coisas que precisamos de preciso comprar. Sentimo-nos bem a gastar dinheiro. Todos nós estamos sujeitos a este fenómeno, todavia gastar dinheiro compulsivamente, comportamento adictivo, está associado a uma fonte intensa de prazer e bem-estar com consequências negativas (problemas familiares, incluindo as crianças, stress, dividas, créditos,) efeito semelhante ao individuo que abusa de substâncias psicoactivas, vulgo drogas.

Estamos prestes a iniciar a época natalícia, segundo a tradição, é uma das alturas do ano que mais se gasta dinheiro. O Natal é um período crítico de risco que justifica os exageros e os excessos em relação às compras compulsivas. Por exemplo, no final de Janeiro do ano seguinte, os extractos da conta bancaria são reveladores da perda do controlo, muitas vezes fonte de discórdia e conflito entre o casal.

sábado, novembro 02, 2013

Paradoxo


"Paradoxo em recuperação.
Rendemo-nos para vencer.
Perdoamos para ser perdoados.
Para manter o que temos, entregamos, em vez de controlar.
A força advém da fraqueza.
Enfrentamos a dor para ficar mais resilientes.
A luz advém da escuridão.
A independência advém da dependência.
Vivemos, o mais intensamente possível, um dia de cada vez, sabendo que um dia iremos morrer.” (tradução - autor anónimo)

Comentário: Apesar da complexidade da adicção (e do ser humano), hoje sabemos que a adicção é uma doença e podemos afirmar que existe esperança no tratamento e na recuperação.
O que é que significa a palavra Paradoxo? Segundo o dicionário da língua portuguesa é:
“Opinião contrária à comum.” 

Na vida, aprendemos através da dor, que aquilo que pensamos estar certo, pode mais tarde estar errado. Perante o perigo e o risco, associado aos comportamentos adictivos, desenvolvemos um sentimento de impunidade e invencibilidade que nos embebeda, extremamente apelativo, arriscado, intenso e sedutor; “É perigoso…mas vou controlar a situação. A vida são dois dias e um é para acordar.” Na adicção activa, quando julgamos que estamos a controlar, depois em retrospectiva, aprendemos com os erros, e impotentes, concluímos que afinal a realidade é bem diferente. 
   
Segundo o dicionário de Psicologia, de Roland Doron e Françoise Parot, paradoxo “é uma proposição ao mesmo tempo verdadeira e falsa, que acarreta deduções contraditórias, entre as quais a razão oscila interminavelmente; dilema, círculo vicioso. “

Mais uma vez, tal como acontece na vida, vivemos entre duas linhas distintas mas que estão interligadas entre si, a ilusão e a realidade. A ilusão permite-nos fantasiar, criar e sonhar, a realidade permite-nos ser honestos, disciplinados e responsáveis. O mesmo fenómeno sucede na recuperação da adicção. A pessoa impotente, de acordo com o léxico comum, significa uma pessoa vulnerável, fraca e condenada ao fracasso. Todavia, algumas pessoas identificam a vulnerabilidade (impotência) em relação à adicção, todavia isso não é impeditivo de terem o controlo sobre as suas atitudes, comportamentos e adoptar estilos de vida saudáveis e construtivos. Por exemplo, o individuo que está abstinente de drogas, incluindo o álcool, em recuperação, é impotente perante as substâncias psicoactivas alteradoras do humor (sistema nervoso central), porém consegue ter o controlo necessário para fazer a sua vida. O individuo que é adicto ao jogo, ao sexo, distúrbio alimentar que está em recuperação é impotente perante determinados atitudes e comportamentos de risco, que reforçam a logica adictiva (compulsiva), porém consegue ter o controlo necessário para executar as mais diversas tarefas e actividades do seu dia-a-dia.

Um dos paradoxos muito comuns. Não somos a pessoa que dizemos ser ao nosso parceiro/a, ao familiar, nosso amigo/a, colega de trabalho; na realidade, somos aquilo que concretizamos; aquilo que fazemos que está certo e/ou errado. Por exemplo, empregamos palavras elaboradas e evocamos princípios, para justificar um exercício de retórica, mas aquilo que fazemos, na realidade não é coerente e íntegro.
Para si que está em recuperação da adicção integre os paradoxos da vida de acordo com o alinhamento das suas próprias convicções e princípios. Outro dos paradoxos que a maioria dos adictos, em recuperação encontra é; a recuperação da adicção é um projecto individual, todavia porém, é reforçado pela qualidade dos relacionamentos das outras pessoas. Da adicção ninguém recupera sozinho. Todos nós possuímos uma história para contar, todos nós temos problemas e a dada altura das nossas vidas precisamos de ajuda.







sábado, outubro 05, 2013

sexta-feira, outubro 04, 2013

Qual é o seu limite para comprar?


Durante uma consulta com Carolina (nome fictício), 32 anos, abordamos alguns dos motivos pela qual não se controla nas compras. Ela afirma "Gasto o dinheiro que faz parte do orçamento para as despesas fixas da casa e que me faz imensa falta, na realidade, após a adrenalina das compras, passado uns dias, já perdi a pica (interesse) pelo artigo novo que comprei, fica guardado no armário. No dia a seguir, encontro outro artigo novo, e imediatamente arranjo mais uma justificação para gastar mais dinheiro que não devia. Nunca é suficiente. Tenho acumulado algumas dívidas desnecessárias, por exemplo com o banco, por causa da utilização abusiva do cartão de crédito. Ando nesta compulsão há aproximadamente 10 anos."

Segundo a lógica que reforça o comportamento compulsivo, não se controla nas compras porque :
  • "Sinto me muito melhor comigo e mais segura"
  •  "Para fugir/evitar sentir coisas dolorosas"
  • "Quando estou zangada, através das compras, expresso a minha raiva e frustração"
  • "Fazer compras tem um significado importante; evoco fantasias sobre riqueza e estatuto"
  • " Fazer compras é uma forma de fazer parte da sociedade onde todos têm uma fixação pela imagem"

Importante: Este texto foi publicado com o consentimento da Carolina (nome fictício). Os parabéns, pela honestidade e pela motivação para com a mudança de comportamento.

Comentário: O caso da Carolina é revelador da compulsão e da perda do controlo perante a sensação de prazer associado às compras. Desde a sua adolescência, ela revela ter problemas, com a baixa auto estima, assim como, em manter relacionamentos duradouros. Aparenta não possuir uma carreira profissional que lhe proporcione um propósito e segurança. Também refere, que durante períodos atribulados e de pressão, recorre às compras, a fim de ficar anestesiada e de não pensar mais no assunto. Para além da compulsão das compras outros problemas significativos; carreira profissional, relacionamentos românticos de intimidade e o corpo (imagem e peso).
De notar, que algumas pessoas, em especial as mulheres, estão mais vulneráveis e expostas à pressão e à obsessão da sociedade sobre a imagem, refiro-me ao marketing agressivo da indústria da moda. De acordo com a moda vigente, as mulheres devem seguir as ultimas tendências, isso significa, que é tema serio de conversa entre amigas.

Dicas:
  • Quais são as consequências dos seus impulsos? Proteja os seus recursos, os seus relacionamentos e o seu sustento.
  • Monitorize os efeitos das técnicas de marketing (publicidade) que interferem no seu comportamento sobre as compras. Por exemplo, saldos, revistas, publicidade nas redes sociais, por exemplo; no Facebook, etc.
  • Diga Não à pressão social que visa reforçar o impulso para comprar coisas que você não precisa e/ou não quer. Algumas afirmações disfuncionais “ Se está chateada, vá às compras.”
  • Certifique-se daquilo que realmente quer e precisa de comprar. Por exemplo; faça uma lista. Disponibilize o dinheiro suficiente somente para comprar essas coisas. Não utilize o cartão de crédito.

Deseja obter mais orientação sobre a compulsão nas compras? Envie email xx.joao@gmail.com. Todos os seus dados são confidenciais.
Veja o trailer do filme: Confessions of a shopaholic trailer


sábado, setembro 21, 2013

O açucar em excesso pode tornar-se adictivo


Dada a escassez informação para o publico em geral, acabamos por ingerir açúcar, nos mais diversos tipos de alimentos, em quantidades excessivas e nefastas para a saúde. Erradamente, recorremos ao açúcar para nos mimar e "adormecer" as nossas emoções mais dolorosas, alívio típico do stress do dia-a-dia.
O açúcar afeta e pode comprometer seriamente o funcionamento normal do cérebro e assim provocar dependência. Neste caso específico informação é poder. Veja este video interessante e reflicta sobre o assunto em família, incluindo os seus filhos. Siga o link "That Sugar Film"

domingo, setembro 08, 2013

27ª Dica Arte Bem-Viver de 25/09/2011


Olá
Ao longo da vida vamos alargando e/ou reforçando o leque de pessoas com as quais vamos interagindo, cujo historial é completamente distinto uns dos outros (diversidade). É um processo dinâmico que também influencia o nosso próprio carácter e algumas das nossas competências individuais e sociais (ex. família e cultura). Todavia, alguns de nós são seres mais sociáveis do que outros.

Sabia que não podemos escolher a família. Não podemos escolher o patrão ou os colegas de trabalho. Mas podemos escolher o parceiro/a romântico e/ou amigos. Nesta diversidade de papéis e seleções, existe um certo equilíbrio nos afectos e nas vínculos entre uns e outros.

A dica de hoje refere-se à pressão social. Como é que cada um de nós gere a pressão social? As decisões que você toma, para gerir a pressão social, estão enquadradas com os seus valores, objectivos e ideias?

Dicas:
1. Acontece com frequência, alguém não aceitar o seu Não? Essa pessoa teima em não dar importância ao que você diz ou faz? Pense nesta questão e responda: "Serei daquelas pessoas que desiste daquilo que acredita, para fazer a vontade aos outros? Isto é, mais uma vez, vou ceder e retroceder quanto ao Não e continuar a sentir-me ignorado/a?”
2. Se identificar um problema serio na comunicação com o seu interlocutor, com tendência para se agravar (agressividade) opte por sair de cena. Faça uma interrupção e abandone o local onde se encontra. Inspire e expire. O problema na comunicação pode estar no conflito de posições (paradigmas e preconceitos diferentes), a fim de se centrar no que é realmente importante, invista nos interesses de ambas as partes para a solução. Aprenda com isso.
3. Arrisque e decida com base na verdade (ética ou moralidade) e na reciprocidade, abandone a posição do ego. Seja directo e utilize as suas competências da comunicação (contacto visual, tom de voz, linguagem corporal, ouvir sem interromper, postura).
4. Após identificar o problema procure as soluções possíveis. Saiba antecipar que os critérios, de ambas as partes, são legítimos. Será mais vantajoso, para o problema, se ambos encontrarem uma solução.
5. Coloque-se na posição do seu interlocutor. Irá compreender o outro ponto de vista. Evite agir nos preconceitos e clarifique a sua posição, isso não significa manter se intransigente. Separe as pessoas dos problemas.
6. Aprenda a expressar os seus sentimentos, comece as frases "Eu sinto..." em vez de "Tu és...". Respeite os sentimentos das outras pessoas. Não adopte a culpa, como argumento, só agrava os problemas já de si complexos e delicados, limita o dialogo.
7. Responsabilize-se pelos seus sentimentos e comportamentos, ficará mais ciente do seu auto conceito e das suas limitações. Saia da sua zona de conforto.

  
Votos de uma semana construtiva na gestão da pressão social e valorização das competências individuais e sociais


Cumprimentos

Comentário: Sabia que a Dica Arte de Bem-Viver começou com uma "brincadeira" para os amigos, em Abril de 2011? Atualmente é enviada para mais de 500 pessoas e vários países de expressão portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique e Brasil) e para os Estados Unidos da América. À data deste post vai na sua 129ª publicação. Caso deseje receber a Dica Arte Bem-Viver (semanal) basta enviar um email para joaoalexx@sapo.pt. No assunto da mensagem escreva: Dica Arte Bem-Viver. Todos os dados são confidenciais. É grátis. Recuperar É Que Está A Dar.




terça-feira, agosto 20, 2013

Recuperação da adicção - "The Anonymous People"


A Adicção veio para ficar com consequencias tragicas. Todavia, existe a esperança, milhões de pessoas encontraram a resposta para o seu problema.
Veja este video (trailer) do filme "The Anonymous People" siga o link
Anónimos em recuperação
Recuperar É Que Está A Dar

Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e a vergonha V



Pequenos excertos de pedidos de ajuda que recebo todos os dias por email, posteriormente, foram enviadas as respectivas respostas para cada situação.
Se você identificar com alguma situação e ou comportamento em concreto pode escrever um email e solicitar apoio. A resposta será enviada o mais brevemente possível. Todos os dados pessoais foram alterados de forma a manter a confidencialidade.
A publicação destes pequenos excertos tem como propósito quebrar o ciclo disfuncional associado ao estigma, à negação e à vergonha. Na sociedade atual, é cada vez mais frequente o aparecimento deste tipo de problemas, refiro-me aos comportamentos adictivos. Por vezes, a distancia, entre pessoas com problemas adictivos idênticos, pode ser uma porta, um prédio e/ou uma mesa do escritório. A ajuda surge quando o ciclo disfuncional do silêncio é interrompido. É possível recuperar a dignidade, peça ajuda.

Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e a vergonha.

  • "Chamo M. durante uma pesquisa na Internet sobre a codependência encontrei o seu blogue que me despertou o interesse. Li vários artigos do blogue e gostei. Identifico um problema serio nos relacionamentos de intimidade. Não me sinto realizada e gostada, como considero que mereço. Sinto-me atraída por homens que não disponíveis para me amar. Não foi um caso, mas já acontece há alguns, demasiados, anos. Gostaria de saber como funciona as consultas online. Agradeço desde já a sua atenção e disponibilidade.
  • "Chamo me J. e tenho 24 anos. Desde que me conheço sempre tive problemas com a comida. A comida é mesmo um vício. Às vezes, abuso imenso e depois só me apetece vomitar. Engordei 40kgs nos últimos 2anos. Parece que não consigo parar de comer e fico super irritada comigo própria por me ter deixado chegar a este ponto. Tenho sentimentos de culpa. Preciso de ajuda. Não aguento mais este sofrimento."                                                                 
  • "Chamo me C. quero pedir orientação sobre um problema que existe há anos na nossa família e que não conseguimos resolver.Um familiar, com 52 anos, tem há muitos anos problemas com álcool. Quando bebe, mesmo que sejam 3 ou 4 cervejas fica logo perturbado e torna-se agressivo. Saliento que ele não se embebeda todos os dias, mas quando o faz, duas ou três vezes por mês, conduz, já foi a tribunal por conduzir alcoolizado, já ficou sem carta de condução temporariamente, já teve que pagar multas elevadas e já cumpriu trabalho comunitário imposto pelo tribunal. Já perdeu vários empregos, aliás já está desempregado há 3 anos. Não sabemos o que fazer. A situação está a piorar cada vez mais. Precisamos de ajuda."                                                                  
  • Chamo me T. Encontrei por acaso o seu blogue sobre comportamentos de adição. A minha história é a de alguém que luta e sofre com a adição pelos doces. Tenho alternado entre períodos de ser muito cuidadosa e saudável e depois como que algo se apodera de mim e perco a noção de tudo, faço muito mal a mim mesma, isolo-me e caio na compulsão. Passei por alguns traumas na vida, de entre os quais ter ficado viúva aos 28 anos, e ainda bloqueei mais. Não sei porquê este meu perfeccionismo, de querer sempre tudo perfeito, exigir de mim e dos outros aquilo que afinal é mesmo humanamente impossível...tem sido muito complicado gerir todos os meus desequilíbrios e quedas, quer seja a nível pessoal, familiar e profissional. Preciso de ajuda, por favor."


Comentário: Quebre o silêncio disfuncional, tal como aconteceu a centenas de indivíduos e famílias resilientes que conseguiram alcançar a Recuperação e um novo modo de vida. Se identifica um problema, você não está sozinho/a.








sexta-feira, agosto 09, 2013

Video interessante! Descubra a diferença, é gritante!


Você sabia que o alcoolismo e a dependência de drogas estão associados à violência doméstica?

Manual sobre os princípios gerais da Recuperação da Adicção


  • Existem preferências individuais sobre os vários estilos de recuperação.
  • Recuperação é direccionada para o individuo com vista a incutir-lhe competências individuais e sociais.
  • Recuperação é um compromisso pessoal que exige mudança a longo prazo.
  • Recuperação é holística.
  • Recuperação integra questões culturais.
  • Recuperação é um processo e um compromisso contínuo gerador de bem-estar e de um estilo de vida saudável.
  • A recuperação é apoiada pelos pares e aliados/parceiros.
  • Os fundamentos da recuperação estão enraizados na esperança e na gratidão.
  • A recuperação é um processo de transformação (resiliência) e orientado para o desenvolvimento pessoal do individuo.
  • A recuperação contempla uma abordagem construtiva contra a discriminação e rejeita a vergonha e o estigma.
  • A recuperação consiste em fazer parte ativa na comunidade.
  • Recuperar é uma realidade, significa que é possível recuperar. É um fenómeno diário; acontece todos os dias
Fonte: Center for Substance Abuse Treatment (CSAT)  White Paper: Guiding Principles and Elements of Recovery-Oriented Systems Care

Comentário: É possível recuperar do estigma, da vergonha e da negação
 O termo recuperação surge com o propósito de contrariar o estigma associado às dependências e a toda a carga simbólica e moralista negativa, onde a sociedade cataloga os indivíduos adictos como pessoas marginais e fracas associado aos mitos, preconceitos e também visa reforçar uma identidade social proactiva (cultura). Porque recuperar a dignidade e a confiança outrora danificada é um longo processo.

O termo recuperação é abrangente, apesar de ainda não ser devidamente difundido em Portugal, todavia, não é sinónimo de cura ou controlo sobre o consumo das substâncias psicoactivas e/ou comportamentos adictivos. Na recuperação da adicção não se aplica o termo cura, porque não se trata de um vírus que se remove do organismo do individuo. A adicção é uma doença. O conceito de recuperação da adicção é oriundo dos grupos de ajuda dos Doze Passos (Alcoólicos Anónimos), nos EUA, desde os anos 30. Em Portugal, os  termos adicção e recuperação também surgiram associados aos grupos de ajuda-mutua (Alcoólicos Anónimos, no final dos anos 70, e mais tarde, com os Narcóticos Anónimos nos anos 80).

Sabia que o termo recuperação da adicção é objecto de investigação nos Estados Unidos da América e em Inglaterra?

Provavelmente, devem existir dezenas, senão centenas de instituições, profissionais e indivíduos que actualmente, também adoptaram o conceito de recuperação da adicção em vez de cura.

Recuperação está intrinsecamente relacionado:
  • Esperança,
  • Decisões,
  •  Propósito,
  • Pertencer a algo e
  • Felicidade.

As probabilidades de recuperar da adicção, refiro-me a uma recuperação duradoura, são reduzidas se um/a adicto/a não for feliz. Se você está em recuperação, pertence a uma classe de indivíduos especiais que escapam às estatísticas daquelas pessoas que sofrem desta doença através da negação, estigma e vergonha. Recuperar é que está a dar; isso significa que você está a explorar outras opções mais viáveis, espirituais e criativas para ser feliz.
Caso pretenda saber mais sobre o conceito Recuperação envie um email para xx.joao@gmail.com 
Saiba mais sobre recuperação e a investigação nos EUA.





terça-feira, julho 30, 2013

Compreender o distúrbio alimentar



Para além da Anorexia Nervosa e da Bulimia Nervosa, segundo o Manual de Diagnostico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV) refere a Perturbação do Comportamento Alimentar Sem Outra Especificação, do Inglês EDNOS, é uma categoria para perturbações que não preencham os critérios completos para uma Perturbação do Comportamento Alimentar específica. Os exemplos incluem:

1. Para mulheres, todos os critérios de Anorexia Nervosa estão presentes excepto a amenorreia (ausência da mestruação)
2 . Todos os critérios de Anorexia Nervosa, estão presentes excepto que, apesar de uma perda de peso significativa, este encontra-se dentro dos valores normais.
3 . Todos os critérios de Bulimia Nervosa estão presentes excepto que os episódios de ingestão compulsiva e os mecanismos compensatórios inapropriados ocorrem numa frequência inferior a 2 vezes por semana, ou têm uma duração inferior a 3 meses.
4. Uso regular de comportamentos compensatórios inapropriados por uma pessoa de peso normal após ingestão de pequenas quantidades de alimentos (por exemplo, indução de vómito após comer 2 bolachas).
5.  Mastigar ou cuspir repetidamente, mas não engolir, grandes quantidades de alimentos.
6 .   Perturbação de ingestão alimentar maciça: episódios recorrentes de ingestão alimentar maciça na ausência dos comportamentos compensatórios inapropriados característicos de Bulimia Nervosa.

Critério de investigação para a Perturbação de Ingestão Compulsiva:
A. Episódios recorrentes de ingestão compulsiva.
1. Um episódio de ingestão compulsiva é caracterizado pelas seguintes condições: Ingestão, num período de tempo isolado (por exemplo, qualquer período de 2 horas), de uma quantidade de comida francamente superior à que a maioria das pessoas poderia consumir no mesmo espaço de tempo e sob circunstâncias singulares;
2. Sensação de perda de controlo sobre a ingestão de durante o episodio (por exemplo, sensação de que não pode parar de comer ou controlar o quê ou quanto se está a comer).
B. Os episódios de ingestão compulsiva associam-se a 3 (ou mais) dos seguintes sintomas
1. Ingestão muito mais rápida do que habitual;
2. Comer até se sentir desagradavelmente cheio;
3. Ingestão de grandes quantidades de comida apesar de não sentir fome;
4. Comer sozinho para esconder o embaraço pela sua voracidade;
5. Sentir-se desgostoso consigo próprio, depressão ou grande culpabilidade depois de ingestão compulsiva.             
C. Profundo mal-estar ao recordar as ingestões compulsivas.
D. As ingestões compulsivas têm lugar, em media, pelo menos 2 dias por semana durante 6 meses.
E. A ingestão compulsiva não se associa ao uso regular de estratégias compensatórias inadequadas (purgantes, jejum, exercício físico excessivo) e não aparecem no decurso de uma Anorexia Nervosa ou uma Bulimia Nervosa.
Se  identifica um problema de comportamento na relação com a comida, você não é a único/a,  fale com o seu medico.




quarta-feira, julho 17, 2013

Negar a realidade significa agravar os sintomas


Sabia que uma parte significativa das pessoas com comportamentos adictivos (drogas, álcool, jogo, distúrbio alimentar, sexo, codependência, compras, furto) retardam um tempo considerável, em alguns casos décadas, até finalmente reconhecerem que perderam o controlo das suas vidas? Derivado a um conjunto complexo de factores, onde podemos destacar os mecanismos defesa psicológicos (por exemplo a negação, a ambivalência), ficam incapacitados de interromper o comportamento problemático, associado à procura do prazer intenso (excitação, bem estar, alivio) mesmo com a consciência dos danos e consequências associadas à adicção. A Adicção é uma doença primária, não é um sintoma de outro tipo de doença.

Quando o passado (memorias) se torna um "peso" intolerável e esmagador é necessário um plano de emergência, para o presente. É um desperdício de tempo e energia reparar algo, do passado, no presente que na realidade é irreparável. O tempo não pára ou volta para trás, mas a adicção pode afectar e comprometer seriamente o individuo com consequências trágicas.

Muitas das pessoas que pedem ajuda, para os comportamentos adictivos, o seu nível de motivação é significativamente reduzido, porque consideram que não é algo divertido. Consideram ser assustador pensar que devem preocupar seriamente com o comportamento problema em questão, na prática, se preocuparem pode significar responsabilidade pela mudança e pelo compromisso. É do senso comum que a dor faz parte do desenvolvimento das nossas competências e talentos, todavia, fugimos dela; negando, iludindo, justificando, racionalizando e mentindo. Por vezes, nem sequer reconhecemos que estamos a mentir, a nós mesmos, auto ilusão.  
  • Evite o consolo no prazer imediato (drogas, e/ou comportamentos adictivos), evite culpar os outros de coisas que eles, na realidade, não são culpados. Evite a autopiedade e desafie o seu ego (dogmático).
  • Procure as respostas às suas dúvidas e questões dentro de si mesmo, através do auto conhecimento.
  • Procure alternativas recompensadoras para se mimar.
  • Procure pessoas genuínas e honestas. Se você está doente, faça aquilo que a maioria das pessoas doentes faz, procure apoio, a fim de interromper a progressão da doença e iniciar a sua recuperação.


quarta-feira, julho 10, 2013

A personalidade não muda; mudam as atitudes e os comportamentos (prioridades)

Tradução: "A adicção pode comprometer seriamente a tua vida. A Recuperação irá mudar o rumo da tua história."
Gostaria de acrescentar que a adicção activa afecta e compromete seriamente a saúde, a família, incluindo as crianças, trabalho e relacionamento com colegas, problemas legais e/ou financeiros. A adicção activa afecta e compromete seriamente todas as áreas da vida do individuo (física, mental, emocional e espiritual)
A recuperação da adicção pode proporcionar oportunidades de desenvolvimento individual e social que o individuo nunca imaginou ser possível. Apesar de sabermos que a vida, nos reserva muitas e dolorosas adversidades, em recuperação não existem impossíveis.
Alguns tipo de adicção mais comuns: Substâncias psicoactivas, vulgo drogas, incluindo o alcool, jogo, sexo, disturbio alimentar, compras, furto, dependencia emocional, vulgo codependencia.

sexta-feira, junho 28, 2013

26/6 Dia para reflexão aprofundada sobre a consciência da realidade


O dia 26 de Junho assinala o Dia Internacional Contra o Abuso de Drogas e o Trafico Ilícito. Este dia, para mim, é de reflexão, onde dedico algum tempo à pesquisa de artigos publicados forma a manter-me actualizado sobre a evolução deste fenómeno avassalador, para uns representou uma verdadeira tragedia. Nomes sonantes vítimas das dependências, recordo, Micael Jackson, Amy Winehouse e Whitney Houston, só para enumerar alguns, sem esquecer os indivíduos desconhecidos e as suas famílias.

Em Portugal, estou em crer, que este dia, nunca mereceu a devida atenção e até posso acrescentar que para a maioria da população portuguesa passa despercebido, principalmente devido ao estigma, à negação e à vergonha associados à dependência de substâncias psicoactivas, vulgo toxicodependência. Estamos atrasados duas décadas em relação ao que se pratica, se ensina, investiga e no tratamento das dependências a nível internacional. Trabalho nesta área, desde 1993, e ainda constato, por parte dos profissionais de saúde, um certo tipo de ignorância e/ou desinteresse. Por exemplo, as universidades portuguesas ainda não possuem as condições e os recursos necessários a fim de motivar os seus alunos para a área das dependências. Tenho outro exemplo, mais concreto, conheci vários psicólogos e são unânimes em afirmar que aquilo que aprendem, sobre as dependências nas universidades, é insuficiente. Já para não referir a questão da prevenção das dependências, que tal como o tratamento do abuso e dependência de drogas, é uma matéria que ainda não mereceu por parte dos responsáveis políticos, dos media, dos tribunais e dos advogados, das mais diversas Ordens de profissionais da saúde e da sociedade em geral a devida atenção. Todos nós, eu e você, negamos as evidências óbvias.

quarta-feira, maio 29, 2013

A adicção não escolhe parceiros; são todos afectados



Sabia que o alcoolismo e/ou a dependência de substâncias psicoactivas ilícitas afectam o sistema familiar ao longo de varias gerações. Todos, sem excepção são afectados pela adicção, incluindo as crianças, por exemplo, através da negligência e/ou abuso de menores.

Consequências prováveis, mas em muitos casos negadas pelo sistema familiar: Abuso físico, sexual e emocional, as necessidades físicas, psicológicas e sociais das crianças são negligenciados.

Sabia que muitas famílias, não são todas, afectadas pelo alcoolismo e ou dependência de outras drogas são incongruentes derivado à negação dos sentimentos e à posse de um ou mais segredos entre membros da família.

Sabia que as famílias perturbadas tendem a negar os sentimentos, principalmente, os dolorosos. Alguns membros da família, incluindo as crianças, não é permitido exprimir o que que sentem, por exemplo, o sentimento de raiva.

As consequências negativas, óbvias da adicção, observadas por todos, como um problema é negada. Acrescenta-se um novo modelo ou sistema falso de crenças de forma a negar a realidade dolorosa, alguns exemplos, o problema é a falta de dinheiro, a relação conflituosa entre cônjuges, o problema é o filho/a que é irresponsável e que exige demasiada atenção, dificuldades no emprego, demasiado stress, etc. etc.

A negação da realidade, na família desestruturada, aliado ao sistema de crenças, oculta e retarda o desenvolvimento e o crescimento dos jovens e das crianças, nas áreas fundamentais da sua vida (Brown, 1986). Este tipo de constatação pode ser doloroso, mas caso haja mudança de comportamentos, pode ser o princípio do fim do sofrimento e da confusão.
Algumas características da família disfuncional: negligente, desrespeitadora, incongruente, imprevisível, rígida e por vezes caótica.

Algumas mensagens negativas na família disfuncional:
  • "Que vergonha! O teu irmão/ã, é melhor que tu. Nunca fazes nada de jeito"
  •  "As tuas necessidades não interessam, cresce e aparece, porta te como um homem ou como uma menina bonita. Não chateies.”
  • "Estou a fazer sacrifícios por ti, és tão estúpido/a, assim deixamos de gostar de ti,"
  • “ Nunca irás conseguir nada na vida,"
  • "Queríamos tanto que fosses um rapaz, em vez de uma rapariga ou vice-versa",
  •  "Como é que podes fazer uma coisa dessas? Os problemas da família ficam dentro da família."  Algumas regras negativas:
  •  Não te zangues,
  • Não chores,
  • Faz como te digo; não como eu faço,
  • Evita o conflito,
  • Não faças essas perguntas,
  • Não me desmintas,
  • Estou sempre certo e tu estás sempre errado,
  • Faz sempre um ar bem-disposto, os assuntos da família; não se falam na rua (segredos),
  • Não respondas, porta-te bem e fica sossegado, limita te a fazer aquilo que te mandam

Sabia que os comportamentos adictivos afectam seriamente o sistema familiar, incluindo as crianças. As pessoas desenvolvem padrões de comportamento disfuncionais e rígidos (ex. negação, raiva, vergonha, medo), criam alianças/tramas contra o indivíduo doente, distanciam-se ou envolvem-se demasiado (codependência). Estão criadas as condições para uma crise, em muitos casos, ocultada.
"A família é um organismo complexo composto por diversas partes que compõem o todo” Dra. Claudia Black. Este todo, complexo, funciona quando as partes estão sintonizadas (equilíbrio). Nos comportamentos adictivos activos a dor aguda exige modificações e adaptações em muitos casos radicais, sacrificando o equilíbrio das relações.

Século XXI - Estigma, a vergonha e a negação em acção. Sociedade preconceituosa.
  • "Eles (bêbados/drogados) são uns fracos".
  • “Eles (bêbados/drogados) são uns marginais".
  • "Eles (bêbados/drogados) não têm força de vontade"
  • "Eles (bêbados/drogados) são assim porque a família não quer saber deles"
  • "São (bêbados/drogados) porque não têm recursos (vitimas)"
  • " São (bêbados/drogados) porque nunca lhes faltou nada e não sabem o que é a vida"
  • "Ele é assim (bêbado/drogado) por causa da família"
  • "Ela é assim (bêbada/drogada) sai ao pai. Ele também teve os mesmos problemas"
  • "Não vale a pena dizer nada, eles (drogados/bebados) não se querem tratar"
  • "Se um filho meu fosse assim (bebado/drogado) punha o logo na rua"
  • "Esta gente (bêbados/drogados) devia ir todos presos..."


quarta-feira, maio 08, 2013

A recuperação faz toda a diferença



De acordo com as últimas investigações, através de imagem de ressonância magnética, sabemos que a adicção é uma doença do cérebro. Determinados comportamentos e/ou o abuso de substâncias psicoactivas interferem e afectam a estrutura cerebral responsável pelo prazer, motivação, memoria (sistema de recompensa). Através dos comportamentos adictivos e abuso de substâncias psicoactivas adictivas, provoca uma modificação dos circuitos neuronais e o aparecimento de sintomas físicos, psicológicos e espirituais no individuo através da procura e recompensa patológica do prazer e alivio imediato. Para que você perceba melhor, esta região do cérebro controla os movimentos do corpo[i] o núcleo caudado (região do cérebro) situa-se na parte interna é muito primitiva e faz parte daquilo que se chama cérebro reptilário. Esta região do cérebro (sistema de recompensa) evoluiu muito antes dos mamíferos, há aproximadamente 65 milhões de anos. O núcleo caudado ajuda-nos a detectar e a aperceber de determinada recompensa, a seleccionar entre recompensas, a preferir uma recompensa específica, a prever uma recompensa e a esperar uma recompensa.

Se você é um adicto/a toda a sua vida (família, trabalho, amizades, saúde, recursos financeiros, etc) gira em torno da recompensa da adicção a comportamentos (jogo, compras, sexo, dependência emocional, distúrbio alimentar) e/ou a substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas, geradoras de dependência e fica comprometido/a em termos das suas decisões (atitudes e comportamentos), por outras palavras; perde o controlo sobre as já referidas substâncias e/ou os comportamentos adictivos.

Áreas do cérebro afectadas pela adicção:
  • Recompensa (motivação)
  • Prazer
  • Motora (Aptidão psicomotora)
  • Humor
  • Memoria (processamento)
  • Sono
  • Cognição (défice cognitivo)

Considera que a sua adicção está a comprometer seriamente a sua qualidade de vida e a qualidade dos relacionamentos com pessoas significativas? Se estiver confuso/a em relação à resposta pode enviar um email para xx.joao@gmail.com e colocar as suas questões. Todos os dados são confidenciais (sigilo total).




[i] Referências bibliográficas
Schultz, 2000; Delgado e colegas, 2000; Elliot e colegas, 2003; Gold, 2003

quarta-feira, abril 24, 2013

As 10 desculpas mais frequentes


Quem é gosta de ser confrontado? Ninguém gosta de ser contrariado. Por exemplo, quando alguém é confrontado devido à descoberta de uma mentira ou erro que tenha cometido, qual é a primeira reacção? Negar a realidade. Apesar de haver algumas diferenças, nos comportamentos adictivos o fenómeno é semelhante, um individuo adicto que seja confrontado, pelas consequências negativas da sua adicção, irá responder de uma forma defensiva, esquiva ou omissa. Irá negar qualquer evidência, facto ou realidade.
Irei expor aquelas que são as 10 desculpas mais frequentes identificadas no discurso de indivíduos adictos quando são confrontados e/ou convidados a falar abertamente sobre as consequências da adicção. Gostaria de acrescentar que estas desculpas, mecanismo psicológico de defesa (lógica aditiva), são observadas em vários tipos diferentes de adicção (substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool, e as ilícitas, jogo, sexo, compras, dependência emocional, distúrbio alimentar). Gostaria de acrescentar o seguinte, este tipo de discurso também é identificado em alguns membros da família do individuo adicto.

Nº 1 – “Não tenho nenhum problema com o meu comportamento.”
Esta é das afirmações mais comuns e aquela que considero a mais frequente. O individuo adicto não reconhece e ou admite qualquer problema e/ou consequências negativas da adicção. Nesta fase o individuo avalia os efeitos obtidos através das substâncias e/ou comportamentos, como algo positivo e inócuo, contribuem como um reforço da lógica para continuar os mesmos comportamentos; “Se está tudo bem porque é que hei-de parar?”

Nº2 – “O meu problema não é assim tão grave, o dos outros é pior. Eu sou diferente e posso parar quando quiser”
Apesar das crises em casa, no trabalho, na saúde (doença) e acidentes o individuo adicto continua a afirmar que consegue parar, e por vezes, é tão categórico nas suas convicções que é capaz de arranjar argumentos que convencem e confundem a esposa/o, as crianças, a família, o patrão/colegas; o individuo também acredita nas suas afirmações. Alguns membros de família afirmam “João Alexandre, ele/a dizia que ia parar, e fazia promessas. As nossas discussões eram de tal angustiantes que eu (mãe, pai, esposa, patrão) algumas vezes achei que estava a ser injusta e cruel para com ele/a.  Nos últimos tempos, praticamente ele fez dezenas de promessas, que eu acreditava nas suas palavras, mas na realidade, ele não conseguia cumprir. Cheguei a pensar que estava a ficar doida e a questionar a minha própria sanidade. ”

sexta-feira, março 29, 2013

Contra factos não há argumentos sobre o consumo de drogas

Vidas despedaçadas, com consequências irreversíveis, de acordo com estimativas das Nações Unidas, as mortes por ano relacionadas com com o consumo de drogas, no Mundo, podem atingir entre 99 mil e as 253 mil pessoas. De acordo com a mesma noticia, o canábis é a substância psicoactiva mais consumida, seguido pelas anfetaminas, os consumos de cocaína e heroína estabilizaram. 
«O canabis não mata, mas pode conduzir à loucura.»


quarta-feira, março 13, 2013

Será o amor uma adicção saudável? Artigo do Dr. Robert Weiss



O Amor romântico e para onde vamos, depois de morrer, sempre se destacaram como os grandes mistérios da humanidade. É difícil definir o conceito do amor, apesar de ser diferente de pessoa para pessoa, mas é fácil, para todos nós o reconhecerem. Você com certeza sabe quando é atingido pelo amor; não é muito diferente quando é atingido pela gripe. Ao longo dos anos, milhares de homens e mulheres, têm sido desenvolvidas várias filosofias sobre o conceito do amor e/ou quando um individuo está sob o efeito do amor e as razões pelas quais é necessário para a vida, todavia, as conclusões a que se chega não acrescentam nada mais do “ Amor é a amizade em chamas”. Tais sentimentos são utilizados para a composição de excelentes letras para musicas e/ou poesia, na realidade, não se ajustam à perspectiva da psicoterapia. Ao longo dos séculos, e apesar de inúmeras tentativas quanto a uma definição concreta de um conceito sobre o amor, estas têm-se revelado infrutíferas, todavia, não há como negar; na realidade, o amor existe e é essencial para a maioria dos seres humano, tal como respirar, comer e/ou dormir.

Tradicionalmente, o amor é um estado de espírito associado ao coração, inclusivamente, muitas pessoas afirmam sentir o amor no seu peito, o que é compreensível visto o coração bater mais depressa quando estamos completamente imersos nas fantasias do amor e/ou na descoberta/procura de um parceiro/a romântico. Na realidade porém, o termo utilizado nestas circunstâncias atribuído ao “coração” não é mais do que uma metáfora de algo que representa uma parte essencial da natureza humana. O amor está dentro de nós. Nós sentimos, gostamos e sofremos por ele e com ele. Algumas vezes, pensamos que não conseguimos viver sem o amor. É capaz de fazer com que os adultos se comportem como adolescentes, e aos adolescentes sentirem que agem como uns idiotas. Perseguimos o amor, imploramos, mentimos, enganamos e roubamos por ele. Idolatramos e somos capazes, sob o efeito do amor, compor poemas épicos. Mas depois, no fundo, parece que pouco sabemos sobre o amor, ou não é?

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Violência é abuso emocional e fisíco



Não existe amor que justifique violência. Não existe confiança se há violência. Não existe comunicação através da violência. Violência é um abuso emocional e físico com consequências trágicas. Violência é violar a integridade e a liberdade de expressão e de escolha. Violência na relação é dependência; para haver violência são necessárias duas pessoas.
Amor é liberdade. Amor é confiança. Amor é honestidade. Amor é tolerância. Amor é comunicação e entendimento.
Se você é sujeita/o qualquer tipo de violência; não sofra em silêncio; partilhe os seus sentimentos, para um dia conseguir terminar a relação de dependência emocional.
Nota: De acordo com os últimos dados o homem, apesar de em menor numero comparativamente às mulheres, também é vitima de violência domestica pela parte da sua parceira.
Saiba mais sobre a violência doméstica. Siga o link da APAV 

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

24ª Dica Arte Bem-Viver de 4/09/2011



Olá, 
a Dica da Arte de Bem-Viver desta semana é dedicada ao Medo. Como bem sabe o medo faz parte das nossas vidas. Sem ele (medo) não estaríamos vivos, mas se levado a extremos pode contribuir para níveis elevados de ansiedade, preocupação, pânico, ódio, agressividade. É uma questão de saber e conseguir interpretar os pensamentos que originam o medo (equilíbrio). Infelizmente aprendemos, na nossa cultura e agravado pelo estilo de vida consumista e hedonista, a fugir e a negar as emoções, acreditando que assim iremos livrar-nos do Medo. Na realidade, esta atitude não funciona em abono da verdade, bem pelo contrario, é necessário enfrenta-lo e conhece-lo. Sabia que uma das manifestações mais comuns sobre o medo, no dia-a-dia, é a projeção de cenários catastroficos geradores de preocupação excessiva e controlo?

Pergunte a si mesmo: Qual o motivo pela qual esta situação me está a causar medo? Qual é o sentido em sentir este medo?

  • Alguns medos mais comuns:
Medo do abandono, medo da rejeição, medo da intimidade, medo do medo, medo falhanço/sucesso, medo do desconhecido.

Da mesma maneira que valoriza a gratidão e a felicidade, sugeria que abençoe o Medo, como uma dádiva da Vida. É através do medo que desafiamos as nossas questões existenciais mais complexas do nosso devir (intuição, motivação, curiosidade, introspecção, reflexão) e desenvolvemos as competências cognitivas e emocionais. Quando procuramos identificar competências e recursos para enfrentar o Medo (paralisa, incapacitante), isso significa que ao mudar de padrões/rotinas/status (atitudes e comportamentos), por vezes as coisas pioram antes de ficar melhor. Isto não é sinónimo de falhanço, mas avanço. Identificou-se o medo, fomos apresentados a ele.
Factos sobre o medo. Conforme vamos crescendo e desafiando os nossos limites (status) o medo não irá desaparecer. Paradoxalmente, enfrenta-lo melhora os niveis de auto estima, o auto conceito e é mais recompensador do que adotar condutas de evitamento (medo do medo). Todos nós sentimentos medo em contextos desconhecidos.

A coragem não é ausência do medo; mas o compromisso em transformar o mito e/ou o status em realidade. Siga o seu proposito (objetivos) e proporcione ao medo um sentido construtivo na sua vida - Liberdade de escolha e expressão.

Votos de uma semana com coragem


Comentário
: Sabia que a Dica Arte de Bem-Viver começou com uma "brincadeira" para os amigos, em Abril de 2011? Atualmente é enviada para mais de 500 pessoas e vários países de expressão portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique e Brasil) e para os Estados Unidos da América. À data deste post vai na sua 100ª publicação. Caso deseje receber a Dica Arte Bem-Viver (semanal) basta enviar um email para joaoalexx@sapo.pt. No assunto da mensagem escreva: Dica Arte Bem-Viver. Todos os dados são confidenciais. É grátis. Recuperar É Que Está A Dar.









quarta-feira, janeiro 23, 2013

Vale a pena recuperar das dependências (Adicção)?



50 Razões pela qual você deve interromper a progressão dos comportamentos adictivos: 
  • Drogas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas, 
  • Dependência emocional, vulgo codependência,
  • Distúrbio alimentar, 
  • Sexo,
  • Jogo,
  • Compras,
  • Furto.

1. Quebra o silêncio e o isolamento. Deixa de ter vida dupla, sem segredos e mentiras relacionados com a adicção.
2. Assume o controlo da sua vida quebrando a negação, o estigma e a vergonha associados aos comportamentos adictivos.
3. Aprende que a adicção é uma doença; não é uma fraqueza e não é um ato voluntario.
4. Você participa na solução do problema, em vez de contribuir para o agravamento dos sintomas da adicção.
5. Deixa de ser a “ovelha negra” da família e o centro dos problemas – “bode expiatório.”
6. Interrompe a compulsão, da dependência de substâncias psicoativas lícitas, incluindo o álcool, e as ilícitas, através da abstinência.
7. Programa de recuperação; plano e objetivos específicos de vida.
8. Ao pedir ajuda profissional não está sozinho/a; quebra a solidão e a vergonha.
9. Aprende a lidar, de uma forma construtiva, com os sentimentos dolorosos; raiva, dor, medo, ressentimento, vergonha e culpa.
10. Adquire autonomia, mestria e propósito no rumo da vida.
11. Relação saudável com colegas e empresa: faz parte da equipa; em vez de fazer parte dos problemas.
12. Melhora a saúde física e mental.
13. Faz mudanças significativas na sua vida: atitudes e comportamentos – você é o agente da mudança.
14. Gestão construtiva dos recursos financeiros; poupanças, investimentos, etc.
15. Melhora a performance e produtividade no trabalho ou faz mudanças na área profissional.
16. Melhora a qualidade da relação com os colegas de trabalho e/ou patrão.
17. “Deixa de cometer os mesmos erros à espera de resultados diferentes”.
18. Estabelece relacionamentos saudáveis e positivos com as outras pessoas.
19. Reconquista a dignidade e a auto estima afetada pelos comportamentos adictivos.
20. Liberdade de escolha e decisão no rumo da sua vida (sair da zona de conforto).
21. Faz planos realistas, cumpre e recompensa-se, em vez de fazer promessas infindáveis que não cumpre, que servem somente como álibi, desculpas e justificações.
22. Liberta-se da auto piedade e pára de culpar os outros e o mundo à sua volta; responsabilização e respeito.
23. Faz um serio investimento na sua vocação.
24. Desenvolve relacionamento de intimidade, honestidade e compromisso com o seu parceiro/a.
25. Desenvolve competências individuais e sociais; assertividade, gestão de emoções, estabelece limites, gere a impulsividade, gestão do stress, organiza atividades saudáveis (hobbies).
26. É devolvido/a  à sanidade. Interrompe a logica adictiva (circulo de pensamentos que reforçam as crenças e padrões de comportamentos disfuncionais).
27. Melhora o relacionamento com a família, incluindo as crianças.
28. Vive um dia de cada vez.
29. Adia o prazer imediato. Define critérios saudáveis e prioridades, no dia-a-dia.
30. Aprende a sorrir, a divertir-se e a não se levar demasiado a sério.
31. Trabalha as competências da comunicação na gestão dos conflitos; é assertivo. Não é passivo/a ou agressivo/a ou manipulador/a.
32. Aprende que os ressentimentos do passado são fonte de aprendizagem em vez de serem fonte de descontentamento, remorso, ódio – ressentimentos de “estimação”.
33. Identifica os efeitos negativos do perfecionismo e cria uma lógica construtiva e mais realista de acordo com as suas limitações e talentos.
34. Desenvolve hábitos alimentares saudáveis e diversificados.
35. Integra os paradoxos no seu devir, alterando paradigmas disfuncionais; as pessoas não são perfeitas, sofremos desilusões, mas também desiludimos os outros.
36. Identifica as suas emoções e é honesto/a. Sentir é OK, não existem sentimentos certos e errados.
37. Identifica as áreas de risco de deslize/recaída e os fatores de proteção – abstinência/recuperação. A recuperação é uma prioridade na sua vida.
38. Desenvolve e promove uma relação espiritual com uma entidade/algo superior, sem dogmas e ou divindades: conceito individual e livre (espiritualidade).
39. Realiza alguns dos seus sonhos, todavia aprende a importância da persistência e da esperança; basta acreditar.
40. Adota comportamentos saudáveis que reforçam e promovem a sua sexualidade e o sexo, sem mitos, preconceitos ou tabus.
41. Desenvolve hábitos e comportamentos saudáveis com a alimentação, com o seu corpo e o seu peso.
42. Aprende a definir limites nos relacionamentos de intimidade: existe o amor saudável e/ou a dependência emocional, que não é amor.
43. Aprende a importância da genuinidade, da coerência, da integridade e da liberdade.
44. Desenvolve objetivos de vida auto motivacionais. Busca a motivação intrínseca.
45. Aprende que para se ser feliz é preciso sair da zona de conforto.
46. Elabora com regularidade o diário da Gratidão. Do que é que se sente grato/a?
47. Identifica padrões de comportamentos disfuncionais na gestão do stress crónico.
48. Identifica a diferença entre a vergonha saudável e a vergonha tóxica.
49. Desenvolve exercício físico e hábitos saudáveis de alimentação.
50. Você não é o único e não está sozinho/a.
Esta lista não tem fim… Recuperar é que está a dar!