segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Regra do Silêncio na Adicção (Não fala, Não sente e Não confia)



A Regra do Silêncio aplica-se quando o assunto da Adicção e as suas consequências adversas não é tido em conta, valorizado e/ou negado, num relacionamento entre duas pessoas (por ex. marido adicto e a esposa) e também perante as dinâmicas da família. Todos são afectados, directa e indirectamente, mas acaba-se por conformar e resignar, como sendo algo normal, faz parte do destino e infortúnio. Algumas pessoas afirmam “Não vale a pena tocar no assunto…”

Ao longo da minha experiencia em trabalhar com famílias de adictos/as e indivíduos (ex. esposas) com relações de intimidade com adictos no activo (dependências de drogas licitas, incluindo o álcool, e ou ilícitas, jogo, sexo, distúrbio alimentar) constato, em alguns casos, que a progressão da doença da Adicção, associado a determinados comportamentos disfuncionais e insanos advêm da complacência, da passividade, do conformismo determinado pela Regra do Silêncio. Em muitos casos, esta Regra do Silencio é adoptada, pelas pessoas, não adictas, derivado ao estigma, à negação e/ou à vergonha.

Regras nos Relacionamentos
Existem regras para a comunicação e para o bom entendimento entre duas (marido e esposa) ou mais pessoas, uma família (pai, mãe e filhos – ex. hierarquia), moralmente institucionalizadas, implícitas e/ou explícitas. Em muitos casos, estas regras são adoptadas ao longo de gerações, de uma maneira muito imperceptível, mas conscientes dos seus efeitos. Por ex. imagine uma família de cinco indivíduos; pai, mãe, um filho de 13 anos, uma filha de 9 anos e o filho mais novo de 5 anos. Nesta família, através da mãe ou do pai, de uma forma subtil, vão passando a mensagem, aos filhos, de que aquilo que se passa em casa não é para ser falado fora de casa, seja com a família (tios, primos, avós), amigos e ou na escola, por ex. quando o pai, se torna violento verbalmente com a mãe (esposa) durante uma discussão ao jantar; quando se discute questões relacionadas com o dinheiro, por ex. o pai discute com a mãe porque ela gastou (esbanjou) mais dinheiro do que devia numa ida ao shopping, a mãe confronta o pai porque foi ao casino com os amigos e gastou o dinheiro que não devia, o pai acusa a mãe de ser uma protectora dos filhos ao fazer todas as vontades, sendo estes assuntos tema constante e gerador de conflitos e “guerras” em casa. Os pais, em conjunto ou individualmente, certificam-se de que as crianças não falam com absolutamente ninguém, fora de casa, sobre estes assuntos. Todavia, e quando essas regras impostas, pelos adultos, são disfuncionais e comprometem, negativamente, os relacionamentos, os limites e os afectos? Que ocultam o abuso, a desonestidade, a negligência, a insanidade.