Olá,
Segundo o
dicionário da Língua Portuguesa a palavra literacia significa “capacidade para
perceber e interpretar.”
Certamente
já aconteceu, você tentar abordar um tema sensível e/ou complexo, com outra
pessoa, e aperceber-se, ao invés de conseguir fomentar o diálogo aberto e
honesto, o resultado da sua tentativa é precisamente o oposto. Gera-se um
ambiente de tensão, discórdia e assumem-se posições individuais excessivamente
inflexíveis e incompatíveis. Eis este caso. Consulta com um casal (esposo e
esposa) onde ambos trocaram acusações, quanto aos erros que cada um cometia na
educação da filha de 6 anos; o esposo acusava a esposa de ser permissiva e a
esposa acusava-o de ser autoritário. Durante uma grande parte do tempo da sessão,
persistiram nesta troca de acusações, tanto o esposo como a esposa, possuíam
uma lista interminável de acusações. Cada um começava com a afirmação: “Tu não…” ou “Tu és…” Este casal não
reconhece entre si legitimidade (confiança) quanto aos critérios sobre a
educação, ambos alimentam o ressentimento e a raiva através da culpa, vulgo
acusação – na realidade aquilo que estão a dizer é: “Tu é que és culpado/a de as coisas não
estarem bem entre nós.” Será mesmo assim? Qual é o benefício que retiram para
se culparem mutuamente?
A qualidade
dos relacionamentos com as outras pessoas contribui para o auto conhecimento.
Nesse sentido, seleccionei para si 8 orientações que visam promover e reforçar
a comunicação e a literacia emocional.
1. Nos
relacionamentos estamos mais predispostos a censurar do que fazer elogios.
Detestamos que sinalizem os nossos erros, as imperfeições e evitamos sentir
expostos e vulneráveis – “O que é que ele/ela vai pensar sobre mim?” Todavia,
na comunicação existe um mundo fascinante e misterioso para explorar através da
capacidade de auto critica e do feedback construtivo.
2. Nos
relacionamentos revelamos uma necessidade exagerada em projectar no futuro as
nossas desilusões e falhanços do passado; acreditamos que vão voltar a
acontecer. Consequentemente iremos ficar paralisados e enquanto permanecemos
intensamente ansiosos, será difícil sentir coragem para criar diferentes
paradigmas e soluções.
3. Bom ou
mau - Catalogar e rotular. Nos relacionamentos, a nossa mente funciona segundo
padrões e modelos. Segundo as nossas crenças existem dois tipos de pessoas; as
boas e as más. Pessoas honestas ou desonestas. Pessoas verdadeiras ou
mentirosas. Somos vencedores ou falhados. Na realidade, a natureza humana não se
resume a catálogos ou a diagnósticos precipitados. Como é que conseguimos
adivinhar, intuitivamente e ao fim de uns meses/anos, como são as outras
pessoas, se nós com frequência surpreendemo-nos com as consequências negativas
dos nossos próprios comportamentos? Por exemplo, cometer os mesmos erros,
sucessivamente, através do auto engano. Na realidade, somos seres complexos
multi-talentosos e imperfeitos em constante transformação.
4. Se após a
tentativa em abordar determinado assunto sensível e complexo não for
interpretado, pelo outro de acordo com as suas expectativas e ficar
frustrado/a, a partir desse momento, não opte pelo silêncio, distanciamento ou
indiferença. Lá porque não conseguiu, isso não quer dizer que não existam
outras alternativas. Continue empenhado/a em explorar outras opções, a fim de
abordar o assunto. Por vezes, é Ok não possuir todas as respostas.
5.
Erradamente, quando tentamos abordar determinado assunto sensível na
comunicação, adoptamos duas possíveis abordagens: A. Procuramos agradar,
colocando a nossa auto estima nas mãos naquilo que o outro pensa ou B. Reagimos
com agressividade (por exemplo, elevando o tom de voz ameaçador. Quando estamos
dispostos a negociar e/ou a ceder, sobre as nossas posições inflexíveis, aquilo
que está em jogo é o discernimento, a empatia e a confiança. Quando você cede,
pratica a escuta activa ou negoceia está a ser assertivo/a e flexível.
6. Atribua
ao seu relacionamento de confiança uma medalha de apreço e mérito. Faça uma
lista de coisas pelas quais você é reconhecido/a pelo outro. Quais são as
características do outro que você valoriza? O que é que ambos podem fazer para
benefício da comunicação? Recordo que as pessoas de confiança são importantes,
visto conhecerem-no, que você partilha as suas angustias, os seus desafios,
alegrias e as suas frustrações. Que o/a criticam e/ou confrontam quando é
necessário e quando o fazem estão consigo e não contra si.
7. Ansiedade
e controlo. A sensação de controlo do outro (sentimento de posse) pode
revelar-se extremamente apelativa e representar um desafio, semelhante a um
jogo –evocamos um conjunto de motivos para controlar pessoas, sentimentos e
coisas. Contudo pode ser uma fonte inesgotável de ansiedade, pressão e
problemas. Controlo é: Tentar controlar acontecimentos e pessoas através de
jogos psicológicos baseados na culpa, na auto piedade, na manipulação e
chantagem. Ficamos excessivamente frustrados, irritados e ressentidos.
Consideramos que nós é que temos sempre razão. Recusamos aceitar como os outros
são e não permitimos que as coisas aconteçam naturalmente. Precipitamos a
ajudar o outro, quando o apoio não é solicitado, e caso não seja aceite,
ficamos com a sensação de rejeição e frustrados.
8. Visto o
amor ser um tema vasto, complexo e transversal na nossa sociedade, a fim de
sabermos a importância do amor, precisamos de saber o que não queremos (oposto
ao amor), isto é, aquilo que é evocamos em nome do amor, mas na realidade, não
é. De acordo com a sua experiência de vida, complete esta frase.
Amor não é __________________
. Não podemos confundir amor com dependência e sofrimento. As pessoas mais
felizes gostam de pessoas.
Votos de uma
excelente semana dedicada à comunicação e à literacia emocional.
Cumprimentos
Comentário:
Sabia que a Dica Arte de Bem-Viver começou com uma "brincadeira" para
os amigos, em Abril de 2011? Atualmente é enviada para mais de 500 pessoas e
vários países de expressão portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique e Brasil) e
para os Estados Unidos da América. À data deste post vai na sua 252ª
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