domingo, julho 22, 2007

A recuperação da adicção para a vida


Sendo a adicção às substancias psico-activas lícitas, incluindo o álcool  e as ilícitas, uma doença do cérebro sabemos que o consumo de drogas afecta seriamente o funcionamento normal do cérebro (neuroquímica / neurotransmissores – ex. libertação “anormal” de dopamina) conduzindo o adicto na senda da gratificação imediata, aquela sensação de prazer e/ou bem estar única capaz de modificar e ou atenuar (adormecer) as emoções dolorosas do dia-a-dia, por ex. fracasso ou rejeição numa relação de intimidade, despedimento, perda de alguém significativo, cansaço físico e/ou a sensação de falta de energia, ansiedade e ou sentir-se deprimido etc. Aprende-se a oscilação das emoções e descobre-se um mundo de novas experiências sensacionais e únicas com drogas.

Ao interromper a progressão da adicção activa, o período inicial de abstinência total às drogas, incluindo o álcool, as principais prioridades passam por se manter “limpo” de drogas, a todo e a qualquer custo. Depois, aprender o conceito de doença, aderir à abstinência (responsabilização e participação activa), fazer novos amigos, reencontrar o lugar na família por ex. reparar danos consequência do passado disfuncional, identificar e reaprender a lidar com emoções (tais como; raiva, medo, vergonha e culpa, ressentimento) de uma forma construtiva, por ex. não agir nos impulsos, prevenção da recaída e viver um dia de cada vez. Todo este processo, leva aproximadamente cinco anos, exige muita responsabilização, compromisso e motivação da parte do adicto. Ninguém o pode substituir neste “trabalho” e desafio individual. 

Para um adicto no activo consumir drogas, incluindo o álcool, pode ser um “hobbie” extremamente absorvente, pode passar 7 dias por semana/365 dias por ano a pensar como obter e consumir substâncias, é a prioridade numero um da sua vida. O objectivo é consumir drogas, incluindo o álcool, sem olhar aos meios, se for necessário magoar, agredir, mentir, roubar, manipular pessoas queridas. A obsessão e a compulsividade da adicção exige que assim seja, nada é suficiente importante que o impeça o adicto de o fazer.

No inicio da abstinência também se aprende a dar um passo de cada vez. Em muitos casos, precisa-se de apoio e orientação da família, apoio profissional, económico e das pessoas significativas (amizades genuínos) de forma a se “elevar o olhar” e encarar os erros do passado de frente, com determinação e positivismo. Muitos adictos, incluindo os familiares, cujo ambiente se encontra disfuncional, “doente”, re-começam da “estaca zero”. Todos foram “apanhados pela rede” da adicção, ninguém escapa ileso à devastação e ao caos. Alguns membros da familia sofrem de stress pós-traumático. Todos foram afectados, por isso, estão todos “no mesmo barco” é preciso fazer novos planos e uma "limpeza à casa". È necessario repensar nas atitudes e comportamentos a mudar, ex. mais tolerância, honestidade, comunicação e compromisso na mudança da parte de todos, como um grupo e n
inguém muda de um dia para o outro. Ninguém é perfeito, os seres humanos são seres imperfeitos. Recordo-me de um pai que dizia, fazendo uma analogia, com sabedoria, “Este exemplo é como a fruta que está no cesto da cozinha, uma peça apodrece e passado algum tempo apodrecem as outras todas...



Após o período inicial de abstinência, refiro-me ao primeiro ano, a fase mais conturbada foi ultrapassada, já se conseguiu auto-estima, aceitação do passado, atingiu equilíbrio emocional e familiar, estabilidade económica e profissional, surgem, normalmente, obstáculos difíceis e também eles potenciais de distúrbios ao nível da saúde física, mental e espiritual, não religioso sem dogmas e divindades, assim como as consequências negativas. Refiro-me por exemplo a comportamento que podem despoletar um processo adictivo, por ex., distúrbio alimentar, jogo, sexo compulsivo, relacionamento de intimidade disfuncional, trabalho compulsivo, compras só para referir alguns. Ao longo da minha experiência profissional acompanhei pessoas que associaram as suas recaídas e/ou deslizes cujo processo disfuncional iniciou-se no consumo de bebidas alcoólicas, como uma forma de confraternização social, outras atribuíram a recaída a relações amorosas disfuncionais; por ex. necessidade de controlar o parceiro/a, obsessivo, agradar de uma forma exagerada o seu parceiro/a, ao jogo por ex. casinos, poker, outras com a comida; por ex. (apetite exagerado / ingestão compulsiva de alimentos), auto conceito e imagem corporal distorcida, aumento de peso e baixa de auto-estima.



Quando vivenciamos uma experiência que produza prazer ou bem estar, o nosso cérebro produz dopamina, esse efeito imediato é conhecido dos adictos "Uma vez não chega e mil vezes não são suficientes". Existem três áreas que é necessário permanecer atento em recuperação, são o dinheiro, o sexo e a comida. Para os adictos em recuperação é extremamente atraente, por um lado, mas arriscado por outro, este tipo de experiências, radicais e profundas, relacionadas com o prazer, isto é, pode comprometer a médio ou a longo prazo a sua abstinência, assim como a qualidade de vida que tanto trabalho exigiu no inicio da recuperação a conquistar.


não almejam atingir a perfeição, apesar de muitas vezes ficar “embebedado” nesta falsa crença, mas através de um processo de aprendizagem de fracassos, de frustrações, de remorso e de erros, procura proporcionar junto daqueles que amam experiências enriquecedoras em termos dos afectos e dos laços, foi assim que se aprendeu a valorizar, no inicio da recuperação coisas muito simples, tais como sentir que não está só, que não é um ser horrível, dormir, tratar da higiene pessoal, afinal é possível recuperar. Se os outros conseguem, você também consegue, como algo espiritual, não religioso sem dogmas e divindades, libertador do sofrimento, da obsessão, do isolamento e dos segredos da adicção. A “chama” da esperança em recuperar pode permanecer eterna, um dia de cada ve.


Não quero afirmar que erradiquem ou eliminem estas experiências recompensadoras e estimulantes, não acredito que a solução se encontre em fundamentalismos moralistas e proibicionistas existe uma área/equilíbrio a realçar e a descobrir entre os extremos, contudo reforço a importância de manter níveis de vida satisfatórios ao nível das relações com as outras pessoas e consigo próprio. Alguns seres humanos desejam tornar-se pessoas melhores , não almejam atingir a perfeição, apesar de muitas vezes ficar “embebedado” nesta falsa crença. Através de um processo de aprendizagem nos fracassos, nas frustrações, de remorso e de erros, procura proporcionar junto daqueles que amam experiências enriquecedoras em termos dos afectos e dos laços, foi assim que se aprendeu a valorizar, no inicio da recuperação coisas muito simples, tais como sentirmos que não está só, que não é um ser  horrível, dormir, higiene pessoal, e que é possível recuperar. Se os outros conseguem, você também consegue, como algo espiritual, não religioso sem dogmas e divindades, libertador do sofrimento, da obsessão e do isolamento dos segredos da adicção. A “chama” da esperança em recuperar pode permanecer eterna, um dia de cada vez.

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