terça-feira, julho 17, 2007

Preocupação excessiva sobre usar drogas


Preocupação/ fixação (alguns exemplos: rituais, memorias, sentimentos, crenças e associações sobre drogas, incluindo o álcool). Preocupação /fixação - Atenção excessiva e intensa sobre o consumo de drogas lícitas, incluindo o álcool, e ilícitas, vulgo craving.



Para aqueles que são adictos a substâncias psicoactivas, incluindo o álcool, este tipo de pensamento/atenção/ fixação/associação frequente e intenso sobre drogas pode tornar-se intrusivo e/ou obsessivo e ser algo extremamente desconfortável, gerador de ansiedade, principalmente para aqueles que se encontram em recuperação (abstinentes) há menos de doze meses. Por outro lado, sabendo dos riscos associados ao craving  é importante adoptar algumas medidas protectoras a fim de prevenir deslize ou recaída. Para aqueles que identificam esta preocupação/atenção intensos (craving), não significa que algo esteja errado, pelo contrario, faz parte das recordações do passado (memorias e habitos enraizados). É possível,  com o tempo, encontrar formas construtivas de lidar e aceitar esta situação. Por exemplo; o individuo saber que esta atenção/preocupação é passageira. Não significa que quem esteja exposto a este tipo de pensamentos/fixação esteja à "beira de uma recaída", contudo será benéfico falar, com alguém significativo, sobre estes pensamentos intrusivos e/ou obsessivos e sobre os sentimentos que podem despoletar, principalmente o medo, a raiva, a vergonha, o ressentimento, o sentimento de culpa. Este tipo de pensamentos/fixação (craving) também podem ser parte da doença da adicção. Pode revelar-se útil, às pessoas interessadas procurarem mais informação sobre o conceito e as dinâmicas desta doença, ex neurobiologia e efeitos psicológicos da adicção. Tal como acontece, com outras doenças cronicas, por exemplo, os doentes diabéticos precisam de tomar conhecimento sobre os cuidados a ter em relação à doença.

Algumas questões que podem ajudar sobre pensamentos intrusivos - preocupação/fixação/associação (craving) no dia a dia.

1. O seu pensamento/preocupação/fixação em consumir drogas /beber pairava na sua cabeça, quando podia estar a pensar noutro tipo de coisa qualquer?

2. Pensou em consumir drogas/beber sem identificar o motivo pelo qual este tipo de pensamento ocorreu ?

3.Quais são as situações, memórias, associações ou acontecimentos que podem “despoletar” este tipo de pensamentos intensos sobre consumir drogas/beber?

Por exemplo: Discussões, entrevistas de emprego, estar sozinho ou no meio de muita gente, cometer erros, crises. Questione o pensamento intrusivo (craving): "Como é que posso lidar de uma forma positiva com esta situação sem consumir drogas?" Existem várias alternativas, antes mesmo de consumir qualquer droga na busca do prazer/alívio imediato.


Algumas situações que podem despoletar o craving sobre drogas. 

  • Escape: Evitar sentimentos sobre situações, associações, conflitos e ou memórias dolorosas ou eufóricas.
Sentimento de falhanço, rejeição, desapontamento, dor, humilhação, embaraço, tristeza que “exijam” alivio imediato.

  • Relaxamento (Desanuviar a tensão): mecanismos disfuncionais para descontrair, acalmar. Pode ser perigoso, para um adicto, desenvolver expectativas irreais. Por exemplo, pensar que para ultrapassar uma situação dolorosa, só será possível se consumir drogas (efeito de dormência emocional - lógica adictiva). Não é verdade, essa crença é um mito. Pode dar o beneficio da duvida e FAZER qualquer coisa construtiva que realmente relaxe. Participe em actividades agradáveis e relaxantes, faça exercício físico, fale com alguém, pratique meditação, dê um passeio, em vez de escolher o «atalho» - obter o alivio imediato consumindo drogas.
  • Socialização. Indivíduos tímidos sentem-se desconfortáveis (ex. fobia social) em certos eventos sociais (ex. festas, aniversários, casamentos, etc.). Nestes contextos sociais, a logica adictiva reforça as crenças que promovem o consumo de drogas e/ou álcool - lubrificante social, para se sentirem descontraídos, e assim, conseguirem divertirem-se, aliviar a tensão/stress e ou o conflito.
  • Melhorar o auto conceito: Esta situação típica “espelha” a baixa auto-estima. Num determinado contexto social, quando um indivíduo começa a sentir-se infeliz, consigo próprio, sente que não está a divertir e desinibido. Ao comparar-se com os outros, despoleta a lógica adictiva, que promove as crenças negativos, associando o consumo de drogas/beber, antecipando sensações de bem estar e alivio. Por exemplo "Se os outros estão a beber e a divertir, também quero sentir me assim. Se consumir drogas e/ou álcool... este desconforto passa já." Não avalie o seu interior pelo exterior dos outros.
  • Romance: Alguns adictos, desenvolvem fantasias e expectativas do/a “parceiro/a perfeito” ocorridas durante o período da sua adolescência. Quando a fantasia (paixão) é confrontada com a realidade, por ex. surgem conflitos na relação, sentem-se decepcionados, frustrados ou infelizes com as suas vidas, procuram a excitação, o romance, a alegria da sedução e a procura de se ser amado. Este cenário quando encarado, sem medidas preventivas, podem conduzir ao deslize/recaída em drogas/álcool de forma a manter a “fantasia” viva e o entorpecimento da dor.
  • Quero lá saber”: Alguns adictos apresentam falta de motivação ou compromisso para atingir as suas metas/objectivos, em termos realistas e de auto estima. Algumas afirmações mais comuns: "Estar em recuperação é uma chatice e dá muito trabalho." As suas atitudes expressam a desilusão e antecipam o falhanço, “Não vale a pena tentar...” “Para quê? Não vou conseguir...” ou “Quem é que se vai preocupar?...” Esta atitude negativa pode influenciar o estado vigilante necessário para manter a abstinência/sobriedade duradoura.
  • Controlo: O adicto acreditar que consegue controlar o consumo de substâncias psicoactivas, incluindo o álcool, e negar as evidências negativas da adicção, pode estar a iniciar o processo da recaída, e assim, reiniciar o consumo compulsivo. O oposto ao controlo, é o individuo não reunir as competências cognitivas e os recursos necessários, naquela fase da abstinencia, a fim de resistir ao craving (desejo intenso/fixação) em consumir drogas. Este fenómeno (craving) tem sido abordado, por estudos, que reforçam o efeito negativo das drogas no cérebro. Alguns adictos afirmam "De repente, sem saber porquê, fui usar drogas...ou beber um copo"





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