O Jogo on-line é uma recente forma de jogar que acompanha a evolução da globalização. Hoje em dia, pode-se jogar pelo telefone, televisão e claro pela internet em plena confidencialidade, privacidade e “liberdade”.
Não são apenas os jogadores patológicos que jogam on-line, mas sim um vasto e variado segmento da população entre o qual se encontram os idosos e os jovens, sobre os quais é díficil exercer qualquer tipo de controlo. Nos EUA o perfil do jogador on-line caracteriza-se por ter uma média de idade de 30 anos, solteiro, com licenciatura ou mais formação e ter uma relativa disponibilidade financeira.
Sabemos hoje que o jogo tem essa dupla função de alhear, de alienar, de mudar de realidade, mas também de servir de gatilho para a necessidade de desafio, de estímulo, de “jogo de poder” que os adictos a este comportamento possuem. Estas duas facetas de uma mesma personalidade, aparentemente contraditórias, obtêm um terreno fértil para crescer no jogo on-line.
Existem diversos atractivos suplementares para optar pelo jogo on-line, começando pela disponibilidade de serviços que são de 24 horas por dia durante todo ano.
Existiam em 2005, mais de 2300 sites na net destinados ao jogo, o que significa que o mercado duplicou nos últimos 5 anos. Também aumentou significativamente o número de pedidos de ajuda contabilizados nas linhas S.O.S. criadas para o efeito (dados relativos a Inglaterra).
Podem-se apontar algumas estratégias para minimizar os riscos e os danos, mas estas alternativas não são facilmente postas em prática. Pode-se bloquear os computadores dos jogadores com problemas; definir um limite de tempo e dinheiro antes de começar a jogar; aumentar os folhetos de informação e prevenção ao jogo on-line assim como as linhas de ajuda via telefone e via net que poderiam abranger aconselhamento psicológico.
Tal como a proximidade de locais de jogo faz aumentar o número de jogadores com problemas, também a disponibilidade e acessibilidade do jogo on-line, aliada a uma legislação inexistente ou cada vez mais permissiva cria um “aumento na prevalência dos jogadores compulsivos” (m. Potenza, 2001).
É fácil iludir, é próximo, cómodo, sem controlo, serve bem os traços característicos dos jogadores, reforça a relação obsessiva entre jogador e jogo pois nada existe no meio excepto um teclado; “não se toca em dinheiro”, é imediato perante uma vontade súbita e é incógnito.
No entanto, não é a apologia do jogo on-line que se tenta fazer, mas sim proceder á tomada de consciência de um perigo que ameaça, em especial as camadas jovens com acesso à net. Muitas vezes este problema de adicção junta-se com a paixão do futebol que se traduz em todo o tipo de apostas em relação aos resultados. Os seniores com pouca mobilidade, mais vulneráveis pela idade, com dinheiro sempre renovado das pensões, representam outro segmento da população em risco. Esta forma de jogar assenta como uma luva ás pessoas com predisposição ao abuso e dependência do jogo.
Este perigo é real, em Portugal, ano de 2007, pois para além de inúmeros casos sinalizados, temos tido tendência a seguir a evolução de outros países a nível cultural, social, legislativo, etc. As consequências desta forma de jogo são tão destrutivas ou mais do que outros métodos tradicionais. Tenho seguido um paciente, que no jogo on-line, a partir do local de trabalho (roleta e em especial resultados desportivos) perdeu muitos milhares de Euros, colocou em risco o seu casamento e relações com familiares, teve problemas profissionais e sociais para não falar de todos os problemas pessoais de baixa auto-estima, culpa, vergonha, depressão, etc.
Quase poderia chamar-se uma adicção escondida noutra adicção.
Sugestão para leitura: "Parar" de David Kundtz,
08/10/2007
Dr. Pedro Hubert
96 264 11 61
http://www.pedrohubert.com/
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