As necessidades das crianças são negligenciadas
Quando pensamos em indivíduos (membros de família) com comportamentos adictivos associados a drogas, ao álcool, jogo, distúrbio alimentar, compras (shopaholics), shoplifting (furto) e sexo na nossa comunidade, raramente imaginamos que também nós podemos estar expostos a este tipo de adversidade. Recordo inúmeros casos de indiviudos que afirmam “Quando surgem notícias relacionadas com este tipo de problemas, imediatamente pensamos que só acontece aos outros”. Pense, se acontecer na sua propria familia e dentro da sua propria casa? Quais as medidas necessarias a tomar de forma a proteger as crianças das consequencias da adicção?
Na realidade, ninguém tem o desejo de ser “apanhado na rede” da adicção. Mas, infelizmente os factos e a realidade, é bem diferente.
Aquelas famílias (progenitores) que são confrontadas com a adicção (drogas ilícitas, incluindo o alcool, e/ou licitas, jogo, sexo, codependencia, distúrbio alimentar, compras, furto) são expostas a uma determinada pressão e evidenciam algumas consequências na relação com o/os seu/s filho/os.
Alguns exemplos:
1. Os progenitores desenvolvem crenças negativas e distorcidas sobre o seu papel (pai ou mãe, em alguns casos ambos os progenitores). Ex. Sentem que falharam redondamente, como pais. Sentem-se incompetentes. Oiço desabafos “Como posso ser um exemplo para o meu filho/a se tive problemas com drogas, álcool,ou jogo ou relações, sexo? Não tenho esse direito porque me sinto culpado/a".
2. Existe na nossa cultura a negação, associado ao estigma e a vergonha tóxica, que reforça o falhanço e a frustração no papel dos pais. Ex. notícias sensacionalistas nos meios de comunicação social.
3. Mesmo após o tratamento inicial e o individuo iniciar a sua recuperação (novo estilo de vida) o sentimento de frustração, como progenitor, pode persistir reforçando a crença negativa, impedindo-o assim ao acesso a recursos disponiveis (pessoas e instituições), como corolário, existe a incapacidade de identificar competências positivas nos filhos. Provavelmente, um pai ou uma mãe ou ambos sentindo-se frustrados no seu papel de educador e de modelo podendo considerar, através do desenvolvimento de uma crença disfuncional, que o seu filho/a é um “fardo impossível” de suportar. Adoptam uma abordagem que possa “institucionalizar” essa crença disfuncional na criança e no sistema familiar.
Questão: Considera que o seu filho/a possa ser um “bode expiatório” que não lhe permita enfrentar os seus problemas do dia-a-dia e a pressão? Adopta a atitude do culpado? Quem é o culpado/a do seus problemas?
4. Possibilidade de recaídas. Os pais que exibem comportamentos adictivos estão sujeitos a deslizes e a recaídas. Regresso ao estilo de vida disfuncional e destrutivo da adicção activa ex. uso de drogas, jogo, comida, sexo.
5. Comportamentos impulsivos e reactivos em situações de crise na relação entre pais e filhos, como consequência da frustração, podem conduzir à violência verbal e em último caso à violência/abuso físico e emocional.
6. Após o período de tratamento inicial as crises no sistema familiar vão prevalecer. Ex. indefinição nos papeis e limites nas funções dos progenitores e dos próprios filhos - falta de comunicação honesta e da confiança. Apesar das crises os pais continuam a levar os filhos à escola e tratam das refeições. Em alguns casos obervo filhos que são os pais dos pais.
Se no seu caso, identificar sentimentos de falhanço e frustração na relação com o seu filho/os, como consequencia de comportamentos adictivos, envie um email que enviar-lhe-ei uma dica de forma a melhorar o relacionamento.
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