Sendo o referido artista uma figura publica e segundo a notícia estar a viver “…o auge da sua popularidade.” parece completamente descabido, visto parte significativa do artigo, fazer alusão ao alcoolismo em jeito de novela, apelando ao glamour antiquado e desfasado da realidade, alusivo ao sexo, drogas e rock`n` rollcaracterístico do meio artístico, em Inglaterra e nos EUA nos anos 60. Esta máxima tornou-se moda, perpetuando-se no tempo, afectando negativamente a vida de milhares de artistas - homens e mulheres - e pessoas anónimas. Infelizmente, muitos deles já não fazem parte do mundo dos vivos, felizmente outros permanecem em recuperação (mudança de estilo vida) das suas dependências. Qualquer profissional ou indivíduo dedicado e comprometido com a recuperação das dependências rejeita este tipo de jornalismo nos dias de hoje.
O alcoolismo é uma doença grave que afecta milhares de pessoas e famílias inteiras, incluindo as crianças. È um problema de saúde publica em Portugal. Segundo alguns dados existem 1.800.000 indivíduos com problemas com o álcool em Portugal. Apesar de a nossa cultura continuar a reforçar o consumo e o abuso do álcool, não será digno para aqueles que sofrem de alcoolismo, esta doença ser tratada com o devido respeito? Sim, claro.
É urgente “desmontar” e descodificar estes mitos, crenças e novelas que teimam em permanecer resistentes na nossa cultura sobre as dependencias de substâncias psicoactivas lícitas, inlcuindo o alcool e as ilícitas, parece existir pessoas e instituições interessadas em “imortaliza-los”, infelizmente os meios de comunicação social são peritos em gerar a confusão nesta materia em vez de prestarem um serviço digno e especializado às pessoas. É indispensável proteger as crianças e os adolescentes vulneráveis, que idolatram os seus ídolos, a estes fenómenos culturais/artisticos disfuncionais, e assim prevenir novos casos de dependência. O problema das dependências não acontece só aos outros. Na realidade, todos nós conhecemos casos de excelentes artistas que sucumbem à dependência activa e que são notícia pelos piores motivos.
Obviamente, para o leitor comum esta questão pode soar a algo descabido. Como é que um artista, no auge da sua popularidade, pode abdicar da sua carreira? Todavia, a questão principal, que aquele indivíduo pretendia colocar ao artista, até que ponto estava determinado a mudar de atitudes e comportamentos em prol da abstinência/recuperação?
A recuperação duradoura implica uma mudança de estilo de vida que possa estar enraizado com o problema das dependências. Para um alcoólico deixar de beber é uma mudança radical e assustadora. Derivado ao alcolismo conheci alguns alcoólicos que perderam a família e o trabalho, ao invés de parar de beber.
Ao ler o artigo do Jornal Expresso senti tristeza e compaixão pelo sofrimento do artista portugês - da sua negação em relação à sua doença, e da sua família que é afectada pela dependência. Faço votos, que encontre o seu caminho de recuperação, para o seu próprio bem, o mais depressa possível.
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