domingo, maio 31, 2009

Facilitador/a financeiro - "Patrocinador"



Um dependente financeiro (D.F.) precisa de um facilitador financeiro (F.F.), a que apelido de “Patrocinador”, assim como, um facilitador financeiro precisa de um dependente financeiro. Este relacionamento pode gerar atitudes e comportamentos de dependência disfuncional entre ambos e caso existam, as crianças também são prejudicadas. Qualquer dependência patológica (perda do controlo) afecta todas áreas da vida de ambos parceiros (ex. casal), refiro-me à inexistência de por ex. da confiança, da comunicação honesta, a auto-estima, assertividade e à intimidade.
Pena de si mesmo e o síndrome do salvador/salvadora
O indivíduo que “patrocina” financeiramente exerce um papel semelhante ao co-dependente (parceiro/a do individuo dependente de drogas, incluindo o álcool) exerce na vida de um alcoólico ou dependente de drogas, isto é, sente-se realizado ao participar activamente na solução dos problemas do outro – uma missão impossível (mito do salvador, herói, controlo), descorando as consequências que essa facilitação – patrocínio - surte na sua vida pessoal e social. Na realidade, não só coopera na progressão da doença da adicção activa como se prejudica a si mesmo. Já acompanhei indivíduos co-dependentes tão disfuncionais (ex. deprimidos, ansiedade aguda, pânico, segredos – “vida dupla”, isolamento, mentira) como o próprio dependente de drogas.

Perda de controlo e o medo daquilo que os outros pensam
Os F.F. emprestam dinheiro em detrimento das suas próprias finanças. Sacrificam a segurança e a estabilidade do seu capital em benefício dos outros (dependentes financeiros). Não são assertivos o suficiente para recusar (dizer NÃO) aos pedidos relacionados com dinheiro, inclusive recorrem a empréstimos ou ficam endividados, visto não possuírem recursos suficientes para liquidar essas dívidas. Na maioria dos casos, depois de presentear o D.F., de “bandeja” com capital pretendido, os F.F. sentem raiva e ficam ressentidos, pela sensação de que os outros estão a tirar partido das suas fraquezas (abuso/vitimização). Aparentam sentir-se culpados por ter dinheiro e buscam o alivio das suas emoções dolorosas; invocando o bem/dar (altruísmo, o desprendimento de bens materiais, a solidariedade, a tolerância) – para prejuízo pessoal e beneficio dos outros. A percepção da sua auto-estima (auto conceito) é disfuncional, confundindo intimamente com a a causa em ajudar (facilitar) o outro.
O FF identifica-se como pessoa com valores e princípios, por ex. altruísmo, abnegação, solidariedade, apoiar os mais “fracos” e “desprotegidos”. Todavia, tal como acontece com ao codependente, que patrocina o consumo de drogas ou álcool, o facilitador financeiro não só afecta as suas próprios recursos financeiros como também adopta comportamentos permissivos e facilitadores que contribuem somente para adiar e interferir negativamente na recuperação do individuo dependente - “Tapa os buracos causados pelo dependente financeiro” e sente-se responsável por isso. Reage segundo impulsos e crenças disfuncionais.
Qual ou quais as consequências na vida de um F.F. quando proporciona ao outros aquilo que não tem, mas que engendra esquemas para ter? Sente-se desiludido, vergonha tóxica e sentimentos de culpa, ressentido e angustiado por perder o controlo do seu próprio comportamento. 

Impotência: agente catalízador para a mudança
A maioria dos indivíduos com distúrbios financeiros, reconhece a nível intelectual o básico de forma a manter uma situação financeira estável e duradoura ex. poupar para o futuro, não gastar mais do que aquilo que ganha e aprender a usufruir do sucesso financeiro de uma forma responsável e autónoma.
Todavia, como qualquer outro tipo de comportamento adictivo, a informação ou o conhecimento sobre uma gestão equilibrada das suas finanças pessoais não é de todo suficiente para mudar o comportamento disfuncional. Para a maioria dos dependentes de substâncias, incluindo o álcool, o sinal de alerta surge da pior forma, por ex. problema de saúde ou legais, separação ou divorcio, perda do trabalho.
Caso identifique comportamentos disfuncionais, que ao invés de proporcionar qualidade de vida, proporcionam tristeza, preocupação exagerada, ansiedade e solidão, peça ajuda.
A solução deste tipo de problemas e do sofrimento não está obviamente nos outros. Somos nós próprios que precisamos de mudar e viver a vida de acordo com princípios e valores, em vez de viver em função de pessoas e coisas.
Caso deseje esclarecimentos sobre este tema envie um email para xx.joao@gmail.com





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