A violência é um comportamento irracional humano complexo e
transversal na sociedade. Em cada um de nós, existe um potencial significativo
de raiva, hostilidade, agressividade. Ao longo de mais três décadas de experiência
profissional observei/observo esse comportamento irracional (cérebro –
mecanismo fight ou fly) em pessoas que jamais pensávamos assistir.
Indivíduos, homens e mulheres de “ar doce” tornarem-se agressivos. Há muito que
decorre um debate científico inflamado sobre o comportamento violento; é
resultado de fatores psicológicos, sociais ou biológicos. Investigação atual
indica que violência resulta, de facto, de uma combinação dos três.
No tratamento dos comportamentos adictivos o sentimento de
raiva e o ressentimento (gestão de conflitos e gestão da raiva) assumem
destaque no plano de tratamento do individuo, quando existem evidências de passividade/agressão
verbal, física ou emocional, quer seja durante a adicção ou também ao longo da
vida. Alguns indivíduos com
comportamentos agressivos/passivos desenvolveram mecanismos psicológicos de
forma ocultar, reprimir e a negar a raiva e o ressentimento incapacitando os a
ser honestos consigo próprios e com os outros, consciente ou inconscientemente.
Estes mecanismos servem, principalmente, para culpar os outros afastando-os de
qualquer responsabilidade, alimentar egos (preconceitos sociais) direcionar o
foco da raiva, das doses elevadas de adrenalina e cortisol a fim de reforçar a
crença distorcida de que é preciso estar alerta porque o mundo não é um lugar
seguro.
As pessoas agressivas/passivas costumam ter reações
irracionais despoletadas, por “gatilhos”, devido a sentimentos de injustiça
reais ou cenários imaginários e repisam/ruminam os pensamentos incessantemente,
assim como, ficam frequentemente emperradas em certas ideias fixas distorcidas ou
comportamentos impulsivos. Também costumam interpretar as situações, com um
grau de critica excessiva reagindo impulsivamente. Existem indivíduos com longo
historial de problemas com agressividade e o abuso de drogas e álcool, jogo patológico,
problemas com figuras de autoridade, passividade, incapacidade de aceitar
críticas, relações tóxicas, violência doméstica, problemas com a justiça,
indivíduos institucionalizados (exemplo, cadeia, estabelecimentos de apoio a
crianças), trauma, comportamentos antissociais, ruminar ideias (vingança),
problemas familiares disfuncionais, problemas de impulsividade no local de
trabalho (colegas, direção, chefia, questões de género, etc.) depressão e ansiedade. Evitando estereótipos, os
homens e a agressividade está associada a comportamentos físicos,
irracionalidade, ameaça ao estatuto (macho) e impulsivos (adrenalina, cortisol).
Enquanto nas mulheres a agressividade é reprimida e manifestada de uma forma
mais impercetível e indireta, por exemplo, evitam o confronto direto, partilham
com os seus pares (boatos), criam ligações e argumentos que servem para ruminar
(ideias de vingança). Todavia, existem homens e mulheres agressivos e
impulsivos.
Enquadramento do problema
1. gestão de conflitos (situações
de grupo, por exemplo relação entre familiares, relações românticas e a 2.
gestão da raiva (fatores individuais – atitudes e comportamentos – que servem
de «gatilho» para a irracionalidade; ameaças ao estatuto social, estado de
alerta constante, ressentimentos (passado) crenças sobre a validade da
violência para resolver problemas, vingança, critica excessiva, agressividade,
ameaças). Encontram-se algumas pessoas na gestão de conflitos que possuem
problemas na gestão da raiva, assim como existe uma relação muito forte entre a
agressividade, impulsividade, ressentimentos e as recaídas.
Como lidar com a raiva (regular as emoções)
Lembre-se de que se mantém um hábito padrão disfuncional na
regulação das emoções, a agressividade/passividade e a irracionalidade tornam-se
num estilo de vida, o seu estilo de vida. Isto é, não existem curas milagrosas
para a gestão de conflitos. Precisa de motivação e «engenharia social»
emocional e cognitiva suficiente para criar um novo e diferente estilo de vida.
Caso seja necessário procure ajuda profissional.
Identificar e solucionar problemas, um de cada vez. 1.
Identifique a fonte do problema, inclua-se você também na equação 2.
Consciência da situação 3. Quais são seus sentimentos? Vergonha? Sentimento de
culpa? Não ataque as pessoas; ataque o problema 4. Fale com alguém sobre o
problema e peça feedback 5. O poder da negociação - flexibilidade e escuta
ativa 6. Objetivo específico 7. Dê o seu melhor e defina limites.
Competências cognitivas – Gestão e resolução de problemas:
Tornamo-nos gestores de problemas quando encontramos alternativas, quando
conseguimos escutar e ser flexível, quando improvisamos, quando colocamos no
lugar do outro, ou quando antecipamos dificuldades, quando evitamos a palavra
“Tu…”. Hoje qual foi o seu problema? Considera que a estratégia que adotou foi
satisfatória ou agora em retrospetiva optava por uma diferente?
Competências cognitivas – Gestão e resolução de problemas:
Tornamo-nos gestores de problemas quando procuramos identificar a sua fonte
(sistemas de crenças rígidas), quando conseguimos ser honestos connosco e com
os outros. Quando atacamos problemas em vez de atacar, intimidar, manipular
pessoas. Quando confiamos nas nossas competências. Quando afirmamos "Não
sei...não sou perfeito/a... quero mudar em vez de permanecer fechado na
concha". Hoje qual foi o seu problema? Considera que a estratégia que
adotou foi satisfatória ou agora em retrospetiva optava por uma diferente?
Escuta ativa – escute sem interromper e mantenha a atenção
aquilo que está a ser dito. Não percebe? Faça perguntas em vez de precipitar-se
em preconceitos.
Empatia - Desenvolva uma musculatura emocional; dedique-se a
identificar e a compreender sentimentos, por exemplo, experimente a
vulnerabilidade, a compaixão pelo outro, o seu interlocutor tal como você,
também tem sentimentos e comete erros – busque a semelhança em vez de
permanecer inflexível perante a diferença.
Procurem uma posição negocial que vá de encontro de ambas
partes envolvidas; colabore e coopere, evite competir. Evitem entrar no jogo da
busca da culpa e do culpado. Evite a palavra “Tu…” opte por “Eu…” Procurar
culpados é um desperdício de tempo (lista de ressentimentos de estimação
acumulados - passado) e energia que pode ser utilizada para outras ideias com
conteúdo e construtivas.
Fases da escalada de conflitos. 1 conflito não resolvido.
Todas as abordagens revelam-se inúteis, para os interessados. 2. Oscilações de
humor, aumenta a frequência cardíaca, agitação. Ambas as partes se mantêm
defensivos, intransigentes nas posições individuais. 3. Hostilidade. Tom de voz
elevado. Interrompe, com frequência, o raciocínio do outro. A logica da
abordagem é direcionada para a ação/re-ação. 4. Puerilidade. Inexistência de
respeito mútuo, limites construtivos, intuito de humilhar ou controlar. 5.
Progressivo/escalada de raiva, agressividade verbal. A situação torna-se
caótica, jogo da culpa e da vítima, troca de acusações.
Caso verifique que está a ficar agitado, com dificuldade em
escutar, entrou num ciclo em espiral de critica excessiva,
agressividade/hostilidade e de culpar o outro, peça um intervalo, interrompam e
saia de cena.
Caso considere útil, individualmente, procure apoio
profissional para a autorregulação das emoções intensas e impulsividade (gestão
da raiva) e/ou procure um mediador para a gestão de conflitos.
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