quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e a vergonha II


Pequenos excertos sobre pedidos de ajuda recebidos por email, sendo posteriormente enviadas as respectivas respostas. Todos os dados pessoais foram alterados de forma a manter a confidencialidade dos seus intervenientes. Se identificar com alguma situação e ou comportamento em concreto pode escrever um email e solicitar apoio.

A publicação destes pequenos excertos tem como propósito quebrar o ciclo disfuncional associado ao estigma, à negação e à vergonha. Na sociedade de hoje, é cada vez mais comum o aparecimento deste tipo de problema e questões entre pessoas e famílias. Por vezes, a distancia, entre pessoas com problemas idênticos, pode ser uma porta, um prédio e/ou uma mesa do escritório. A ajuda surge quando o ciclo disfuncional adictivo é interrompido.  

Pedidos de ajuda

"Chamo me R. tenho 38 anos e após muitos anos de uso álcool, cocaína e crak, resolvi deixar de consumir tais substancias, porem, somente o álcool ainda está presente. Por vezes fico sem beber, entre um a dois meses, porem quando retomo faço-o exageradamente. No dia seguinte não consigo dormir, e às vezes, chego a ficar sem dormir várias noites seguidas, tendo que me socorrer de medicação, que me causam mau estar, irritação e sensação de cérebro pesado. O que é que posso fazer para amenizar esta situação? Obrigado pela atenção." 


"O meu nome é T. e tenho 27 anos. Vou fazer este mes três anos que tenho uma relação com o meu namorado e vivemos juntos há quatro meses. Ele vem de um meio boémio, em que todos os amigos fumam, bebem e inclusivamente em casa, o pai é uma pessoa considerada alcoólica. Desde que fomos morar juntos ele deixou de frequentar os cafés com os amigos depois do trabalho, mas a verdade é que ele continua a beber ao longo do dia. A situação está a tornar-se bastante insuportável, com a violência das palavras e dos actos, com as constantes mudanças de humor. Ele é uma pessoa fantástica, que gosta de trabalhar, gosta de ajudar em casa, mas quando está mais sob o efeito do álcool fica uma pessoa insuportável. O que é que posso fazer?"


"Chamo-me L. e encontrei o seu site e achei-o muito interessante. Vivi durante sete anos com um ex-toxicodependente. A nossa relação começou precisamente na fase em que ele estava a tomar metadona, embora essa situação me tenha sido escondida. Dávamo-nos muito bem, pois ele era muito atento, carinhoso. Decidimos viver juntos, contudo, quase como de um dia para o outro ele mudou, deixando de ser a pessoa carinhosa e amiga do início da relação, tratava-me muito mal, alheava-se da minha presença, via televisão horas e horas a fio, irritava-se facilmente, assumindo como um insulto qualquer crítica, partia coisas em casa quando a minha conversa não lhe agradava e chegou a bater-me, não revelava qualquer preocupação para com os meus sentimentos e raramente me procurava sexualmente. Aguentei isto durante sete anos, coisa tola - amava-o e nem percebo o porquê. Será que foi tudo uma mentira? Se me puder responder agradeço. Preciso de ajuda."



"Sou uma leitora do seu blog. Chamo-me J. e estou casada há vinte anos com um adicto ao jogo, tento fazer tudo o que posso, para minimizar o sofrimento dos meus filhos. Ele sempre gostou de jogar mas eu não tinha percebido a gravidade da situação, pois como frequentava o jogo ilegal, não perdia muito dinheiro. Ia ao bingo, gastar o que ganhava no clandestino, mas as contas acabavam por ser pagas. Desde há quatro anos para cá, altura em que o casino abriu tem sido impossível. Ele é reformado, mas ainda tem dois ordenados que nunca chegam a casa, eu sozinha não consigo suportar tudo e as contas vão aumentando. Ele como tinha facilidade no crédito, fazia para pagar dívidas, que não pagava. Chegamos a uma situação insustentável, de miséria total. Já lhe pedi para se tratar, diz que não é doente, todavia continua a jogar para arranjar dinheiro para as contas. Há três anos que dormimos em camas separadas, tirei a aliança e disse que estava a preparar-me para sair de casa. Por favor ajude-me a encontrar um rumo."

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"Chamo-me A. e sou viciado em sexo. Identifico-me com todos os sintomas descrito no blogue e sinto uma ansiedade em visitar locais de engate só por satisfação pessoal. Muitas das vezes acabo por não fazer absolutamente nada e o facto é que à partida o que começa por ser um jogo de " vamos lá ver quem pára por lá", acaba por ser um vício obsessivo que retira-me tempo e auto-estima. Considero-me uma pessoa com baixa auto-estima e sempre tive consciência que o sexo representa algo com demasiada importância na minha vida, porém considero que estou a dar demasiada importância a algo que supostamente deveria de ser complementar da minha vida pessoa e não a deveria de a limitar e sobretudo de a condicionar. Acho que deve ser possível controlar esta adição sem que seja necessários métodos tão extremos como a abstinência ou o internamento, que por sinal, é demasiadamente dispendioso. Ajude me."


Chamo-me V. e retirei o contacto do seu blogue. Embora me tenha "livrado" da relação destrutiva em que estive envolvida durante dez anos, continuo a sentir repercussões desse tipo de comportamentos patológicos, em todas as minhas relações afectivas, quer na construção de novas relações com o sexo oposto, quer com familiares/amigos e, principalmente, com o meu filho, fruto dessa relação.Gostaria de saber a sua opinião e qual a orientação a seguir. Muito obrigada, desde já, pela atenção dispensada."


"Chamo me S. e venho por este meio pedir ajuda em relação à recuperação do vício de consumir drogas leves. Gostarei de saber o que preciso de fazer para o meu problema. Consumo há vinte anos drogas leves, cada vez mais sinto que o meu corpo e mente estão cada vez pior e quero mudar. Tenho muito para viver e está a mexer em todos os níveis da minha vida. Aguardo notícias suas."

Comentário: Quebre o silêncio disfuncional como aconteceu a centenas de indivíduos e famílias resilientes que conseguiram alcançar a Recuperação. Você não está sozinho/a.

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