domingo, novembro 02, 2008

Pedido de Ajuda Corajoso - Jogo Patológico



Este é um pedido de ajuda corajoso de uma pessoa que deseja ajudar alguém proximo que está "doente".

Em muitos casos algumas pessoas (membros da familia)adoptam o "silêncio disfuncional" contribuindo dessa maneira para a progressão da adicção - atraves da facilitação, da negação, do encobrimento, da manipulação, da mentira, da vitimização, da desonestidade, racionalização, etc.

Aproveito para divulgar o email (pedido de ajuda) e resposta que considero mais apropriada, visto estar limitado à informação sobre o caso/problema.

"Boa tarde, chamo-me Carolina (nome ficticio)

A minha pergunta é a seguinte:

Um homem com 45 anos sofrendo de ludopatia (adicção ao jogo – jogo patológico) tem recuperação, sem ajuda? Joga muito em jogos de apostas – euromilhões, totoloto e lotaria, envolvendo-se em dívidas que quase o fizeram perder o emprego. Esse comportamento foi herdado do pai sendo que a mãe tem comportamentos obsessivos e adição ao álcool) O que posso fazer para ajudar ou quem posso consultar. Agradeço desde já a sua atenção, pois não sei como lidar com esta situação nem como ajudar



Resposta:
Boa tarde

Sugiro algumas dicas:

1. Proteger a família (membros) do comportamento do individuo doente. Isto significa que é importante preservar a união familiar. Neste contexto é importante proteger os todos os membros da família da manipulação, das promessas frustradas sucessivas de que as coisas vão mudar, das mentiras, proteger o orçamento (finanças) familiar para o mês. O indivíduo doente poderá justificar o jogo como forma de reaver o dinheiro que já perdeu, auto-iludindo-se e nalguns casos ate consegue iludir outros das suas fantasias. Ele joga como se um acto de fé (milagre desesperado) se tratasse que o vai salvar de todos os problemas. Se continuar a jogar as probabilidades de perder tudo são muito maiores do que conseguir recuperar aquilo que perdeu.

2. È preciso que alguém (que designo de herói) que assuma o comando da toda a situação caótica e defina limites e novas regras - MUDANÇA. Porque agora é preciso reflectir ao indivíduo doente as consequências negativas (mentiras, promessas, manipulações, problemas no emprego, etc) do seu comportamento. Através de exemplos práticos e reais. Evite generalizar e culpabilizar. Só ira prejudicar e criar mais defesas no indivíduo doente.

3. Se quiser poderemos elaborar um plano de INTERVENÇÃO como forma de abordar de frente o problema e delinear soluções, por ex. tratamento ou apoio psicológico. O indivíduo doente não conseguira sozinho libertar-se da "rede" que o mantém "agarrado ao problema. Esta rede não só afecta o indivíduo como também afecta aqueles com quem ele se relaciona.
Sugiro apoio on-line (Intervenção). Se quiser mais detalhes sobre esta modalidade estou ao seu dispor para prestar todo e qualquer esclarecimento.

Comentário: Gostaria de felicitar esta pessoa corajosa que decidiu “quebrar o silêncio” e procurar ajuda profissional em vez de se manter “fechada na rede” dos segredos, característico deste tipo de ambiente familiar ambivalente e disfuncional.

Todos o seus dados pessoais foram preservados através da confidencialidade. Ao decidir publicar o seu email vai servir de exemplo junto daqueles que sofrem em “silencio” e em desespero. Existem muitas famílias que não permitem quebrar a "regra do silêncio" sobre o problema. O processo de mudança pode não ser pacífico mas, a recuperação é possível.

João Alexandre de Sousa Rodrigues
Conselheiro em Comportamentos Adictivos
Consultas Directas Tmv: 91 488 55 46

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