Pequenos excertos de pedidos de ajuda que recebo todos os dias por email, posteriormente foram
enviadas respostas a cada situação em especial.
Se você identificar com alguma situação e ou comportamento
em concreto pode escrever um email e solicitar apoio. A resposta será enviada o
mais brevemente possível. Todos os dados pessoais foram alterados de forma a manter a confidencialidade.
A publicação destes pequenos excertos tem como propósito
quebrar o ciclo disfuncional associado ao estigma, à negação e à vergonha. Na
sociedade atual, é cada vez mais frequente o aparecimento deste tipo de
problemas, refiro-me aos comportamentos adictivos. Por vezes, a distancia,
entre pessoas com problemas adictivos idênticos, pode ser uma porta, um prédio
e/ou uma mesa do escritório. A ajuda surge quando o ciclo disfuncional do silêncio
é interrompido. Peça ajuda.
Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e
a vergonha.
1. “Chamo me J. e gostaria de saber como gerir/ conduzir uma
situação de consumo excessivo de álcool. A pessoa em questão não reconhece o
consumo abusivo. Bebe praticamente todos os dias sozinho e em contexto
não-social. Quando o faz, num contexto social, o consumo de bebidas alcoólicas
tende sempre para o excesso. Estou preocupada e não sei como conduzir esta
situação.”
2.“Chamo me A. e sou filho de mãe alcoólica e isso reflete se
na minha vida sentimental. Os meus pais separaram se quando eu era criança,
vivi com a minha avó até ao início da adolescência, depois fui viver com a
minha mãe e aí então, foi realmente muito difícil. Sinto me inadequado e
desconfiado nos relacionamentos de intimidade. Sou demasiado exigente comigo e
com as outras pessoas, inclusive tenho a necessidade de controlar tudo e todos.
Descobri o seu blogue e por isso procurei a sua ajuda. “
3. "Chamo me L. escrevo lhe este email pois estou preocupada com uma situação que
está a ocorrer a uma amiga minha : ela quando come doces , pizzas , salgados (
comida pouco saudável , em geral) vomita tudo a seguir. Isto é , ela se comer
comida saudável leva uma vida normal , só quando se excede, ingestão
compulsiva, é que tem a necessidade de vomitar tudo. Será esta situação normal?
Será um vicio ?
Obrigada”
4.. “Chamo me P e encontrei por acaso o seu blogue. A minha
história é a de alguém que luta e sofre com a adição pelos doces. Tenho alternado entre períodos de ser muito cuidadosa e
saudável e depois, algo se apodera de mim e perco a noção de tudo, faço muito
mal a mim mesma, estrago a minha vida, isolo me e caio na compulsão. Depois é a
paranoia dos dias perfeitos para mudar de vida. O tempo passa e ainda não fui
mãe, mas a sensação que tenho é que hipotequei a minha vida, congelei a
vida com medo de sofrer. O açúcar tem sido o veneno que me anestesia da
realidade, faz -me fugir de encarar a vida e de ter coragem para tomar decisões
e para me amar como sou...a tal auto estima...Ajude-me!”
5.. "Chamo me M e estou numa relação com um toxicodependente. Apaixonei me por ele.
E só soube da sua adicção com drogas duras há menos de dois meses. Sempre notei
que receava intimidade e o compromisso. Oscilava entre o sarcástico, distante,
desinteressado. Explodia sem razão aparente e criticava-me negativamente. Falei
com ele, já não suportava esta rejeição da sua parte. Disse lhe que não queria
mais esta relação para mim. Ele mudava ou nada fazia efeito. Ele mudou do dia
para a noite, mais atento, carinhoso. Passado uma semana voltou outra vez à
rejeição. Mais uma senti me muito insegura. Estou confusa e a ficar farta deste
comportamento instável. Até quando aceitar a instabilidade? Será que ele não
consegue ter uma relação amorosa estável? Eu também consumo ganzas e bebo
álcool. Será que o João me pode ajudar?”
6. “Chamo me T. Muitas vezes o procurei para me ajudar num
relacionamento de dependência. Foi um relacionamento que me transtornou imenso
a nível psicológico, eram ciúmes doentios da parte do meu companheiro, e eu não
conseguia deixa-lo porque aquela situação criava dependência, além de sentir
imenso sofrimento, dor, de tudo mau. Mas com alguma ajuda da sua parte e com
muita força de vontade da minha, lá consegui livrar-me daquele relacionamento.
Foi a melhor coisa que fiz na vida e agora ando muito mais feliz. Obrigado,
João "
7. “Chamo me L. Encontrei outra pessoa, por quem sou bastante
apaixonada e o sentimento é, sem duvida, recíproco...A questão aqui é que quem
faz o papel de maluca neste relacionamento sou eu, tenho consciência de que
desde aquele namoro transtornado nunca mais fui a mesma e agora estou numa
situação de plena felicidade, mas o meu namorado já não aguenta mais os meus
devaneios psicológicos, o que também não é bom para mim....Sou uma pessoa fria,
bruta, muito impulsiva, tenho alguns ciúmes....resumindo...deixei-o sem saída. Acabamos
agora, passado um ano e pouco de relacionamento, ele não aguenta mais e não me
deu outra hipótese, e eu sei que a culpa é minha...Eu preciso de ajuda, quero
ter calma, quero ser diferente, quero voltar a ser como era antes daquele
relacionamento de dependência.Estou a perder muito com este meu mau génio de quem
acha que toda a gente me quer fazer mal e estou a colocar o meu parceiro numa
situação sem saída.Preciso de ajuda.”
Comentário: Quebre o silêncio disfuncional, tal como
aconteceu a centenas de indivíduos e famílias resilientes que conseguiram
alcançar a Recuperação e um novo modo de vida. Se identifica um problema, você
não está sozinho/a.
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