- Dan Keding, Stories of Hope and Spirit
- Little Rock, August House Publishers, 2004, (Tradução e adaptação)
quarta-feira, maio 09, 2012
O problema, por Dan Keding
O problema
"Era uma vez um lavrador. Embora trabalhasse noite e dia,
nunca conseguia deixar de ser pobre. De cada vez que começava a sentir que
estava a tirar o melhor partido de uma situação, tudo acabava sempre por
falhar. Se num ano havia seca, no outro havia cheia. Se num ano os rebanhos
adoeciam, no ano seguinte os lobos dizimavam-nos. Se num ano o preço do cereal
descia, no ano seguinte o rei subia os impostos.
Certo dia, o lavrador estava sentado num tronco, cabisbaixo
e desesperado. De repente, apareceu uma estranha e grotesca criatura a dançar,
a cantar e a rir à volta do lavrador. Os pelos que lhe cobriam o corpo estavam
emaranhados, os olhos selvagens faiscavam e tinha os dentes pretos. O cheiro
que exalava quase fez o lavrador chorar.
— Quem és tu?
— Eu, bom homem, sou o teu problema. Só passei por aqui para
ter a certeza de que eras o mais infeliz possível!
— Monstro! Então é por tua causa que nunca coisa alguma me
corre bem?
— Pois é! Eu sou o teu azar, a tua desgraça. Sem mim, serias
um homem com sorte.
Rápido como o vento, o pobre homem agarrou o seu problema
pelo pescoço e amarrou-o com cordas fortes. Em seguida, abriu uma cova bem
funda e atirou a sua desgraça lá para dentro. Tapou-a com pedras e regressou a
casa.
No dia seguinte, a sorte começou a mudar. As ovelhas deram à
luz gémeos, as vacas começaram a dar duas vezes mais leite, as culturas
cresciam mais depressa e mais alto do que nunca, e as árvores estavam
carregadas de frutos. Todos os comerciantes queriam comprar os seus produtos e toda
a gente vinha adquirir os seus legumes, frutos e animais. Em poucas semanas, o
homem, que fora tão pobre, estava rico.
O lavrador tinha um vizinho que habitualmente era
bem-sucedido. Este homem rico sempre olhara com desdém para o lavrador e
ridicularizara o seu trabalho. Agora via que o lavrador estava quase tão rico
como ele e, ainda por cima, em tão pouco tempo. Um dia, não conseguiu aguentar
mais a curiosidade e foi visitá-lo.
— Parabéns, vizinho, pela sua recente boa sorte. Devo dizer
que estou admirado com a rapidez com que conseguiu fazer prosperar esta quinta.
Qual é o segredo?
— É simples. Encontrei a raiz do meu infortúnio. O meu
problema veio vangloriar-se da minha má-sorte e eu apanhei-o. Enfiei-o num
buraco fundo, que cobri com pedras, um buraco que fica na minha pastagem. Essa
é, sem dúvida, a razão pela qual finalmente tive sorte, depois destes anos
todos de trabalho e fracasso.
O lavrador rico não gostou que o vizinho tivesse finalmente
triunfado na vida. Naquela mesma noite, rastejou até ao buraco onde o problema
do vizinho estava enterrado. Durante toda a noite levantou as pesadas pedras e
cavou a terra até encontrar o problema. Desamarrou-o e pô-lo em liberdade.
— Muitíssimo obrigado — gritou o problema. — O senhor é um
verdadeiro amigo.
— Agora — disse o homem rico — podes voltar a atormentar o
teu antigo dono outra vez.
— Não, não, não! — Gritou o problema. — Aquele homem
tratou-me muito mal e atirou-me para dentro deste buraco. Mas o senhor foi tão
amável em libertar-me! Vai ser um amo muito melhor. Vou ficar consigo para
sempre. Assim foi e assim devia ser."
Publicada por
JOÃO ALEXANDRE RODRIGUES conselheiro certificado abuso de drogas e alcool
à(s)
quarta-feira, maio 09, 2012
Etiquetas:
auto estima,
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sabedoria
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