No seguimento das recentes declarações Secretario de
Estado Adjunto e da Saúde, nos meios de comunicação social, sobre a prevenção, direccionada aos jovens, afirmou, tem
“falhado tudo” considero relevante abordar a questão do álcool e as pessoas.
Nunca é demais, relembrar que a nossa cultura promove e
incentiva o consumo/abuso de bebidas alcoólicas, em jovens menores de idade. Vejamos
os resultados do estudo do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT). De
acordo com a referida notícia, no Jornal de Noticias, o estudo do IDT sobre o
consumo de álcool, tabaco e drogas em meio escolar refere que os jovens
portugueses começam a consumir álcool cada vez mais cedo, beber em maiores
quantidades e a embriagarem-se mais vezes. Estes fenómeno, sobre os jovens beberem
maiores quantidades e embriagarem-se mais vezes já motivo de investigação e
medidas excecionais de prevenção, quer seja nos Estados Unidos da América (EUA)
ou no Reino Unido há pelo menos dez anos ou mais, é designado de Binge Drinking
(beber álcool cujo intuito é a intoxicação/embriaguez). Em Portugal, não existe
Prevenção, por exemplo em relação ao binge
drinking. Até há data da publicação deste post, ainda é permitido por lei,
aos jovens menores de idade, consumirem/abusarem de bebidas alcoólicas com a
conivência dos políticos, dos tribunais, da ordem dos médicos e dos advogados.
Segundo o mesmo estudo, efetuado pelo IDT, 37% dos alunos
com 13 anos (menores de idade) já experimentou beber álcool, numero que sobe
para 90,8% nos jovens com 18 anos. Depois destes dados, pergunto:
Na minha opinião pessoal, estes números são apenas a ponta
do iceberg. Em algumas zonas remotas
do país, tipo aldeias, não existe controlo sobre este fenómeno.
Perante esta realidade constrangedora, o que é que se tem
feito, nos últimos 5 anos, para prevenir este problema?
Quais são os custos para o Estado?
Com a crise económica e social, quais as instituições e
profissionais, que monitorizam o fenómeno do abuso do álcool (binge drinking)e do alcoolismo, em
Portugal? Neste período conturbado, as previsões apontam para um aumento do
consumo do álcool.
Sabia que o abuso do álcool e o alcoolismo é um problema de
saúde pública, em Portugal? O álcool é uma droga. Porque é que todo o mundo,
incluindo Portugal, se mobiliza na guerra contra as drogas ilícitas? Mas em
relação ao álcool, o problema são os indivíduos que bebem, de uma forma
irresponsável. A legislação portuguesa permite que a indústria do álcool,
através da publicidade e de técnicas agressivas de marketing, obtenha lucro na venda dos seus produtos, cujo principal
target são os jovens. Desporto e bebidas alcoólicas (publicidade) não se
misturam.
Quais os efeitos práticos do lema “Seja responsável beba com
moderação?”
Segundo algumas fontes, o consumo de bebidas alcoólicas tem
aumentado em Portugal. No relatório do World
Drink Trends de 1999 Portugal ocupa a segunda posição com o consumo anual
de 11,2 litros de álcool per capita,
depois do Luxemburgo. Sabia que no Luxemburgo vive um número considerável de
emigrantes portugueses? Atualmente é a maior comunidade de estrangeiros neste
país.
Como sabemos, o álcool, depressora do sistema nervoso central,
, é das substâncias psicoactivas lícitas mais consumidas no Ocidente. Você
sabia que o álcool é a mais destrutiva? Apesar de existir, no mundo, em especial
nos países desenvolvidos informação disponível acerca da epidemiologia,
historial e tratamento do abuso do álcool e do alcoolismo aparenta existir uma
tendência, em Portugal, para negligenciar e negar os efeitos do abuso do álcool
e do alcoolismo entre os jovens, em particular, e na população, em geral. Ainda
persiste o estigma, a negação e a vergonha, entre profissionais, instituições, famílias,
incluindo as crianças, e nas comunidades (sociedade) associados ao abuso do
álcool e do alcoolismo. Sabia que até aos anos finais dos anos 70 um número
significativo de crianças era alimentado, às refeições, por vinho?
Inacreditável e desumano. Hoje já se sabe que o álcool afeta e modifica o
funcionamento normal das estruturas do cérebro (dopamina). Podemos imaginar,
casos de crianças que se tornaram adultos, que toda a vida, beberam álcool.
Pessoalmente, conheci alguns casos dramáticos. Estes indivíduos, não concebem a
vida sem “beber um copito.”
Há aproximadamente 20 anos atrás, de acordo com a minha
experiencia, a maioria dos indivíduos, admitidos em tratamento em regime
residencial de tratamento, que apresentavam sintomas de abuso do álcool e/ou do
alcoolismo era indivíduos na casa dos 50/60 anos. Passado uma década, estas
características vieram a sofrer uma alteração, os sintomas de abuso do álcool
e/ou do alcoolismo surgiam em indivíduos com 30/40 anos. Aquilo que
identificamos era um consumo excessivo e precoce ( entre os 13/14 anos) de
ingestão de bebidas alcoólicas ou casos de binge drinking, jovens que bebiam,
por exemplo aos fins-de-semana, com o intuito de ficarem embriagados.
O alcoólico tanto pode ser um operário como um executivo que
alterna entre períodos de abstinência com períodos que ingestão alcoólica,
compulsivamente. É frequente, entre alcoólicos, deslocarem-se a clinicas e/ou
médicos, e permanecerem abstinentes durante um período curto de tempo, para
depois voltarem a abusar do álcool. Depois voltam novamente, às clinicas e aos
médicos, para retomar o mesmo tratamento. Alguns indivíduos permanecem neste
círculo vicioso durante décadas. Alguns indivíduos afirmam “Consigo parar de
beber e permanecer abstinente durante um tempo. O problema surge, com a bebida,
começa quando começo a beber. Não consigo parar. Perco completamente a noção
dos limites e da quantidade de líquido que sou capaz de suportar. Tenho
alterações bruscas de humor. Fico agressivo. Ninguém me pode dizer nada,
desconfio de toda a gente.”
Quadro: História do alcoolismo no individuo:
1. Idade da primeira ingestão de álcool (12 -14 anos).
2. Primeira intoxicação (14-18 anos).
3. Problemas menores devido ao álcool (18-25 anos).
4. Inicio dos problemas graves (23-33 anos).
5. Início do tratamento (40 anos).
6. Possível morte - causa; ataque cardíaco, acidentes, suicídio, cancro (55-60
anos)
7. Ao longo da história do alcoolismo a abstinência altera com períodos de
ingestão.
* Quadro adaptado do livro de Marc A. Schuckit "Abuso de álcool e drogas" - Editora
Climepsi
Se é jovem eis algumas dicas para o consumo moderado de
bebidas alcoólicas:
1. Identifique o seu limite.
2. Enquanto bebe acompanhe com alimentos.
3. Saboreie, calmamente, a sua bebida.
4. Não participe em "campeonatos" a ver quem bebe mais.
5. Beba só aquilo que você pretende; não aceite que sejam os outros a decidir
quanto é que bebe.
6. Experimente outras bebidas não alcoólicas.
7. Se está a tomar medicamentos evite a ingestão de bebidas alcoólicas e fale
com o seu médico.
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