Foto de Betina La Plante
Obrigada pela "persistência" da dica “Arte Bem
Viver” que agora recebi e li.
Chorei, confesso.
Porque aprendi recentemente e constantemente luto para
conseguir ser silêncio...
Passei por quase tudo, perdas, divórcio, doença crónica, acidentes,
ameaças à integridade física e financeira, pessoas alegadamente amigas que não
o eram, alienação parental, desilusão atrás de desilusão e riscos de perda de
esperança, que felizmente inverto porque nasci a reclamar, mas a mirar o
"copo meio cheio". Sou aquela que é “forte”, “supermulher”, se
desenrasca e “adeus”, qual descartável humano, ou desnecessitada de qualquer
ajuda por me encararem como lutadora que tudo ultrapassa sozinha.
Se me perguntam como estou nem posso dizer que bem, nem que
mal, porque as respostas são desastrosas e nada empáticas, encolho então os
ombros, sorrio e digo "um dia de cada vez". Hoje aprendi a sua
expressão: se me perguntarem “como estás”, não direi o habitual, mas "faz
- se por isso".
Um dos meus amigos ensinou-me sem querer, uma expressão que
anotei, "sempre em frente" e "força". Nunca me disse
"pensamento positivo" felizmente, pessoa sábia. Não suporto ou sequer
admito tal expressão, viro costas com uma desculpa, se estão por bem.
Queira - se ou não, há um estigma brutal contra a doença, a
incapacidade física ou limitação mental, por muito que se fale disso... Modas.
Estigma contra os pobres, doentes, idosos, pessoas instituídas, desempregados.
Sou direta. Não adocem pílulas com intenções ou falsa compreensão.
Os meus sonhos … não penso neles, são impossíveis. Sou
demasiado lúcida, citando esta característica dita por alguém que muito
considero há muitos anos, para acreditar na possibilidade real de sonhar... Sou empática e seria bom para a minha saúde
geral, mudar de profissão que tanto amo, para outra que igualmente ame. Ajudar
os outros, porém não tenho habilitação específica para tal, nem condições para
a adquirir, como com tantos outros sonhos que não me pagam as contas ou
resolvem problemas. Sobra a reconversão, de difícil gestão.
Sou adicta em café, livros que não tenho tempo de ler,
música, arte, espetáculos.
Não posso ou é muito difícil para mim, deslocar-me e fruir,
logo, tenho a Internet e a TV (música sempre ligada quando estou em casa) logo,
isolo-me por não ter paciência para futilidades, melhor, não saio porque além
dos compromissos profissionais, preciso de repousar para aguentar a semana de
trabalho. Um dia de “ressaca” de dores e fadiga que persistem, apenas abrandam,
outro para tarefas domésticas e para preparar trabalho e assim por diante.
Pouco sobra... Muito se acumula e
desengane-se quem me considere em isolamento, porque gosto muito de conhecer
pessoas e conviver. Porém é necessário fazer escolhas...
Já deixei de me culpabilizar.
Sou mulher de causas e dedico-me a elas através do trabalho,
porém só me sobrecarrega, embora me realize.
Não referi a frustração de já não poder ser como era. Foi e
é continuamente necessária a reconversão, muito aquém do que desejaria. Tenho
muito para dar, mas necessito respeitar o meu corpo total (físico, mental e
espiritual), por isso, habitam em mim duas Teresa' s. A que sofre, ri, chora
intensamente. E a outra, vigilante que alerta para horários, gestão do tempo, a
saúde, etecetera.
Aceitação e serenidade. Sempre fiz da escrita a catarse.
Deixei de o fazer.
Não sou amarga. Gosto de brincadeiras inteligentes e
genuínas, o que é difícil conseguir. Rir, conversar, aprender, colocar muitas questões,
divagar nos temas e partilhar vivências e aprendizagens. Não é fácil encontrar
pessoas dispostas a isso. Porém aprendi a dizer não ao que me faz mal e até ao
que gosto muito, se tiver que “pagar um preço” inaceitável, traduzindo, ser
usada. Abdico pela minha dignidade. Não sou de todo perfeita. Mas sou íntegra e
tento ser coerente. Sou sincera e direta, o que incomoda muito, sobretudo
porque recuso a vender-me e não tenho medo de me manifestar quando há
injustiças, difamação, etc. Aqui regresso fechando o ciclo iniciado com o
silêncio.
Estou a "trabalhar" o silêncio o que baralha as
pessoas, porque sou comunicativa embora tímida. Calada, assim protejo-me,
porque na maioria das vezes, só posso contar comigo. Confiar e desabafar com
alguém? Como isso me é importante.... Contudo não tenho muitas bases para isso.
As que teria estão longe e focadas nas suas vidas. Não quero ser peso, mas
leveza.
Perdoe.
Li a dica “Arte Bem Viver” e pus-me a escrever.
Persistência, sim persista com a sua /nossa dica que tanto
me ajudou desde o início...
Como costumo dizer, se tanto esforço ajudar nem que só uma
pessoa, então valeu a pena. O pior está em bastas vezes esquecer-me da pessoa
mais importante, eu mesma.
Desejo sinceramente que a sua dor se dilua rapidamente.
Criar "sentido" para quem de criança a vida só faz
sentido com "sentido", é muito doloroso e complicado ainda que apenas
hoje...
Eis por todo o supra, me sinta uma "outsider”, que às
vezes, bastas vezes, fala algo e parece usar uma língua desconhecida... Não
entendem o que me é elementar. Há que aceitar. Felizmente humildade é qualidade
que não tive que "trabalhar", mas dói confrontar-me diariamente com
estas situações…
Carapaça, viver em carapaça... A necessidade que dispensava
de bom grado. Aproveito então, para saborear todo e qualquer momento, evento ou
partilha, por infinitesimal que seja, para fruir regando com gratidão.
Bem-haja,
Teresa
Comentário: Obrigado pelo elogio em relação à dica Arte Bem
Viver e por ser uma “colaboradora” das publicações do Facebook. Quando recebi a
sua mensagem, que se converteu numa publicação no blogue, considerei que seria
uma pena, se ficasse perdida, nos arquivos das
mensagens do Facebook, em vez de ser partilhada. Refiro-me à espontaneidade e genuinidade. Considero, generalizando e não
sendo dramático, (é apenas) uma sensação de que a espontaneidade e a genuinidade estão em
declínio no léxico e nas ações do ser humano, no dia a dia. Anda-se numa correria, idêntica à roda do rato hamster, na busca de
coisas externas geradoras de recompensa vs alheamento. Não fazia mal nenhum, se
direcionássemos o foco para o universo interior e imaterial na busca de um
propósito. Continue a participar, como tem feito até aqui. Mais uma vez,
obrigado.
A dica Arte Bem Viver existe desde 2011, vamos no número 260
dicas. Caso esteja interessado/a em receber a dica na sua caixa de correio
eletrónico é simples, basta enviar um email para
joaoalexx@sapo.pt e no assunto escrever
dica Arte Bem Viver.
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