terça-feira, junho 21, 2011
Pedidos de ajuda que quebram o estigma, a negação e a vergonha I
A
publicação destes pequenos excertos tem como propósito quebrar o ciclo
disfuncional associado ao estigma, à negação e à vergonha. Na sociedade de
hoje, é cada vez mais comum o aparecimento deste tipo de problema e questões
entre pessoas e famílias. Por vezes, a distancia, entre pessoas com problemas
idênticos, pode ser uma porta, um prédio e/ou uma mesa do escritório. A ajuda
surge quando o ciclo disfuncional é interrompido.
Todos, sem
excepção estamos vulneráveis e expostos à adversidade, por ex. comportamentos
adictivos. Determinados comportamentos dolorosos podem despoletar o mecanismo
(ex. procura do prazer, alivio através da comida, sexo, substancias
psicoactivas, jogo, compras, shoplifting) que supostamente nos protege da dor,
mas conduz-nos no sentido contrário, da dependência e da perda do controlo.
Pedidos de Ajuda
Distúrbio alimentar: "Navegava na Internet
para resolver o meu problema de bulimia. Adorei o seu blogue, acho que
encontrei uma luz ao fundo do túnel. Amei o texto sobre perdoar e cada vez mais
me convenço que tenho que aprender a perdoar e a perdoar-me em vez de viver a
apontar o dedo a mim e aos que me estão mais próximos."
Distúrbio alimentar: "Desde há uns anos quando
acabo uma refeição 90% das vezes fico agoniado/enjoado. Quando tinha 12 anos
era gordinho e a família brincava comigo em relação ao meu peso e ao corpo. Não
achava piada. Dei por mim, a beber um copo de leite de manhã e a jantar. Sempre
que como fico mal disposto. Nunca vomitei após uma refeição, mas tento
controlar-me, porque vontade não me falta. Será que posso ter algum tipo de
distúrbio alimentar?"
"Fiz
uma pesquisa sobre o tema da prevenção das dependências nas escolas, deparei e
encontrei o seu blogue. Gostaria desde já de felicitá-lo pelo seu óptimo
trabalho. Sou recém-licenciado em Enfermagem e estou a desenvolver um projecto
sobre esta temática. Não tenho disponível bibliografia quanto a actividades que
se possam desenvolver, se fosse possível que indicasse alguns recursos."
Abuso de substâncias psicoactivas ilícitas: "Tenho um
filho que não trabalha e por volta dos 25 anos teve uma psicose. Desistiu dum
curso de engenharia, realmente não estava bem, desde os 18 anos que fuma haxixe
e não consegue controlar, quando tem dinheiro fuma compulsivamente e quando não
tem, não se consegue aturar, também temos de andar com a carteira escondida."
Abuso do álcool: "Tenho 2
filhos menores. Tenho tentado ajudar o meu marido, dependente do álcool, mas sozinha
não consigo. Afastei-me dos amigos porque era difícil conviver sem se beber,
achava que assim o estava a ajudar, não se sentiria tentado, mas foi uma ilusão.
Ele arranja maneira de beber sozinho. O que me preocupa são os meus filhos.
Devo fechar os olhos, permitindo que eles convivam com esta realidade?"
Abuso da
nicotina: "Sou um fumador inveterado. Fumo cerca de três maços por dia.
Sinto cada vez mais a necessidade extrema em parar de fumar. Tenho a
consciência, e assumo, que sozinho é-me quase impossível. Sei que preciso de
ajuda e talvez com carácter urgente."
Gestão das
emoções: “Li este blogue e sinto que tenho andado a ter cada vez mais explosões
de raiva, em parte devido ao grande stress que estou sujeita. Gostaria de saber
se existe algum tipo de apoio que me ajude a levar a minha vida mais calma.
Prevejo um ataque cardíaco para breve ou que seja presa. Estou a falar meio a
sério, meio a brincar."
Relação de
dependência: "Vi o seu blogue. Penso estar numa relação dependente com uma
pessoa muita manipuladora. Apesar da consciência que ele me faz mal, não
consigo deixar de gostar dessa pessoa e afasta-lo. Pede sempre uma última
oportunidade, com choros e 1001 promessas, além dos argumentos que utiliza para
me fazer sentir culpada e ter compaixão. Esta relação já me desgasta tanto ao
ponto de ficar doente."
Relação de dependência na Internet e sexo: “O meu pai com 60 anos começou há 3 anos
a mostrar interesse pela Internet. Comprou um computador e é vê-lo agarrado ao
computador, de manhã à noite, para falar com mulheres através de sites de
amizades e já tem inúmeras adicionadas no Messenger. A família foi se
degradando. Não dá assistência à minha mãe, nem mesmo quando está doente como
já foi o caso. Gostaria que me desse alguma orientação neste sentido."
: “Sou casada
com um indivíduo com 41 anos, aparentemente normal, faz tudo para me agradar,
detesta discussões, super educado, adora estar em casa e conviver com os
amigos. Mas neste el dorado comecei
aperceber de umas mensagens estranhas (pessoas que ele tem dívidas), tornei-me
detective particular e só aí consegui começar a perceber o que se estava a passar.
Tinha problemas de jogo.”
"Um homem com 50 anos com
problemas de jogo tem recuperação, sem ajuda? Joga muito em jogos de apostas: euromilhões,
totoloto e lotaria, envolvendo-se em dívidas que quase o fizeram perder o
emprego. Esse comportamento foi herdado do pai sendo que a mãe tem
comportamentos obsessivos e adição ao álcool. O que posso fazer para ajudar.
Não sei como lidar com esta situação nem como ajudar."
"O meu
marido foi jogador compulsivo durante 10 anos. Pelo jogo chegou a contrair empréstimos
sem eu saber. Chegou a levantar as nossas poupanças todas, só numa vez levantou
20 000 € e gastou todo em 2 dias num casino. Chegava a dormir 2 ou 3 dias fora,
isso acontecia quando ganhava e queria estar logo na abertura do casino e claro,
não ia trabalhar, e com isso perdeu o emprego."
"O meu pai
tem 57 anos é adicto ao jogo. No ano passado depois de voltar a perder muito
dinheiro no casino, procurou-me para o ajudar a pagar a divida. Ajudei-o mas
com a condição de procurar nos Jogadores Anónimos mas recusou. Consegui então
um psicólogo que está a pressiona-lo para ele ir aos Jogadores Anónimos e ele
não quer ir, por vergonha, até deixou de ir as consultas."
"Deixa-me
felicitar-te pelo excelente trabalho que estas a desenvolver no blogue,
parece-me uma ferramenta francamente importante para todos nós adictos e não
adictos. Estou em recuperação há 6 anos e uns trocados e tenho encontrado de
facto razões para agradecer todos os dias ter encontrado um caminho espiritual
não religioso, que me ajude no meu auto-conhecimento e na busca pela
felicidade"
Relação de
dependência: "Estive a ler o seu artigo e identifiquei me bastante. Se a
relação está bem, tudo está bem, senão.... Estou casada há 7 anos. Tenho um
problema de ciúmes. Se o meu marido fala um pouco mais com uma mulher, faço uma
cena, seja minha amiga ou irmã. O que é certo é que isto me angustia. Ele diz
que sou paranóica. Sei que é verdade mas não controlo.”
Dependência de
substancias psicoactivas ilícitas: "O meu marido teve um historial de
toxicodependência, ácidos e outras coisas, mas quando nos começamos a
relacionar ele estava recuperado. Namoramos e deparei-me com alguém altamente
desconfiado, paranóico e variações de humor. Resolvemos casar e a confiança
seria alcançada. Iludi-me, após 8 anos de casamento e um filho de 3 anos
encontro-me a tentar separar-me dele, não aguento mais.”
Abuso do álcool:
"Tenho dois filhos menores e tentado ajudar o meu marido na sua
dependência do álcool, mas infelizmente sozinha não consigo, estou a perder a
força, a paciência já a perdi há muito tempo. Quando casei, ele já tinha este
problema mas a minha ilusão era que juntos conseguíamos resolver. Dei-lhe todo
o meu apoio, conseguimos criar uma família, mas neste momento já não consigo
lutar mais.”
Relação de
Dependência: "Não consigo perceber o porquê de ele me fazer tanto mal,
mesmo assim não consigo desligar. Não percebo porque tem um poder tão grande
sobre mim. Tenho consciência que não sou feliz. Não vamos ter um futuro, mesmo
assim, não deixo de estar com ele. Sinto-me deprimida, uma ansiedade tremenda,
não consigo dormir, não tenho dado o rendimento necessário no trabalho, choro
por tudo e por nada.”
Relação de
Dependência: "Li o seu artigo sobre o amor numa relação romântica. Estou a
passar exactamente por isso. O meu namorado tem uns ciúmes doentios, uma falta
de confiança tremenda. Discute comigo, torna-se agressivo e ofende. Durante
dias não lhe dirijo a palavra e espero pelas desculpas. Isto só colou nas
primeiras 3 vezes. Agora quem acaba por pedir desculpa, ainda por cima, sou
eu."
Dependência jogo
e nicotina: "Preciso de ajuda para saber como ajudar a minha irmã para
sair de 2 vícios; bingo e tabaco. Ela admite, mas não tem força p/ procurar
ajuda. Não ouve os conselhos de ninguém. Afastou-se de todos, por achar que a
recriminam. Toma anti depressivos, receitados pelo médico, e segundo ele, ela não
tem tratamento. As únicas coisas que ela faz é dormir, jogar e fumar. Tem um
pulmão doente, enfisema."
Distúrbio
alimentar: "Adorava ser uma mulher que come apenas coisas saudáveis e que
sabe controlar os desejos alimentares. Há 25 anos que todos os dias faço dietas
e que como descontroladamente. Quando alguém diz; Somos aquilo que comemos.” Fico furiosa,
rapidamente penso que sou um nojo. Este problema levou-me a uma brutal falta de
auto estima e acabei por fazer um monte de asneiras na vida. "
Distúrbio
alimentar: Li o seu artigo e identifiquei-me totalmente, tenho 47 anos, vivo há
30 anos com o problema grave da adição através da comida. Tenho 10 kg a mais,
não sou obesa nem pouco mais ou menos, mas acima de tudo sinto que sou
dependente de açúcar e desequilibrada. É um mecanismo de destruição, punição,
preenchimento de vazio! Já fiz milhares de tentativas mas ainda nada
resultou."
Dependência do
Jogo: "Comecei no jogo a 3 anos, após o falecimento do meu companheiro,
começou como um divertimento e um escape, passou a ser um pesadelo. Tento que
nada falte ao meu filho e que este não se aperceba, mas passo noites e noites
sem dormir a pensar na porcaria que fiz. Como é possível uma pessoa como eu ter
sido tão fraca de cabeça? Tenho vergonha de mim"
Dependência do
Jogo: "Não sei em que classe me
encontro, mas com a ânsia de quer recuperar o dinheiro perdido, vi todas as
minhas poupanças voarem, e para que não basta-se, empréstimos atrás de empréstimos.
Sempre me achei controlada em tudo o que faço na vida, mas sempre adorei o Poker, nada de Slots, apenas o gosto pelo Poker."
Quebre o
silêncio disfuncional como aconteceu a centenas de indivíduos e famílias
resilientes que conseguiram alcançar a Recuperação.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário