(continuação)
Redescobrir a Vida para além da negação e da culpa –
Recuperação
Quando me refiro ao termo Recuperação (mudança de estilo de
vida) aplica-se, não só ao alcoólico, mas a todos os membros da família,
incluindo as crianças. Torna-se imperativo identificar e desmantelar a “regra
do silêncio”. Enfrentar e lidar construtivamente com o sistema disfuncional dos
sentimentos intensos ou reprimidos (a negação, o trauma, a culpa e vergonha, a
rejeição e a inadequação, o isolamento, medo e o ressentimento, a ansiedade e a
depressão) que comprometem seriamente a hierarquia familiar.
Abdicar de atitudes e comportamentos “extremistas”, disfuncionais (erros cognitivos, relacionamento de amor ou ódio) e aprender a viver nas “zonas
cinzentas” – novas aptidões cognitivas e do comportamento ex. ser flexível,
espontâneo/a, assertivo/a, sentido critico construtivo, honestidade, focado nas
soluções em vez de nos problemas, auto estima, responsabilidade e entrega. Não
existem relações nem pessoas perfeitas. Em recuperação a família aprende a
confiar e a ser autónoma renunciando viver codependente dos outros.
Por vezes observo que a “ovelha negra” é aquele membro da família que consegue
adoptar atitudes e comportamentos mais saudáveis e equilibrados. Parece
reger-se por um diferente conjunto de regras – resiliência. É importante desenvolver
novos relacionamentos que funcionem como um “espelho” ou uma referência.
Reaprender novas rotinas e crenças (a falar, a confiar e a sentir) em conjunto
com outras pessoas. Isto acontece principalmente em Grupos de Ajuda Mutua dos
12 Passos.
Mais uma vez, gostaria de reforçar a importância das emoções e dos afectos.
Fazem parte do todo complexo (corpo, mente e espírito) é necessário
identifica-las (Eu sinto…) monitoriza-las e cuidar delas com amor e respeito.
Adquirir talentos cognitivos na gestão das emoções intensas e/ou evitar
reprimir. Não se pode ser feliz abafando uma parte viva e criativa do nosso
ser. É ok sentir raiva, medo, frustração e insegurança e cometer erros. Por
vezes, é ok perder o controlo. Experimente passar o “volante do carro”
para as mãos de outra pessoa de confiança e deixar-se levar, usufruindo e
gozando a liberdade de escolha e entrega. Um dia de cada vez.
Segundo Tian Dayton, Ph. D. é preciso ensinar os membros da família a
desenvolverem competências que os ajudem a tolerar “emoções fortes e intensas”
sem que necessitem agir nelas (acting out). É preferível falar sobre o que se
está a sentir (emoções intensas) naquele momento, através de uma plataforma de entendimento, em vez de explodir ou
implodir.
Proponho um desafio. Objectivo: “quebrar a regra do silêncio”. Se você
se identifica com algo neste texto siga a minha sugestão: Fale com alguém de
confiança sobre os seus sentimentos. Se desejar pode enviar para
xx.joao@gmail.com relatos ou experiencias significativas escritas associadas a
ambientes familiares disfuncionais associados ao alcoolismo. Atraves do seu
exemplo em "quebrar a regra do silencio" outros seguiram o mesmo
caminho. Recuperar É Que Esta a Dar
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