quarta-feira, outubro 12, 2016
Viver em função de números compromete a autoestima
«Não é o peso que dita a saúde e o amor próprio» Redefinir Imagem Corporal
E atrevo-me a acrescentar, peso e imagem. Contrariamente, ao
que podemos pensar, algumas pessoas com o peso e imagem, dito, «ideal» não são
pessoas com autoestima, visto adotarem comportamentos e dietas disfuncionais,
em relação a uma alimentação saudável e equilibrada. No caso da perturbação do
comportamento alimentar (anorexia, bulimia, ingestão compulsiva, vulgo binge eating) é o equivalente à ditadura
dos números (vive-se em função do numero das calorias, do peso na balança e da imagem).
Segundo o Dr. Walter Kaye, investigador da Universidade da
Califórnia (San Diego, EUA) afirma que as crianças predispostas a desenvolver a
perturbação do comportamento alimentar são perfecionistas, ansiosas e os
comportamentos são orientados por desafios rigorosos, competição excessiva e
extremamente exigentes consigo próprios, assim como, estão vulneráveis às
dietas restritivas e à imagem corporal. Contudo, a perturbação do comportamento
alimentar revela-se mais complexa do que as características perfecionistas e
pessoas extremamente competitivas.
Normalmente, quando temos acesso a informação sobre a
perturbação do comportamento alimentar (PCA) são através de noticias, nas
revistas ou na televisão, de figuras publicas a assumirem o seu problema. Na
maioria dos casos, são mulheres, atrizes ou modelos. Desta forma, podemos ficar
com a ideia errada, de que a perturbação do comportamento alimentar está
somente associada aos fatores externos; à pressão cultural do «corpo perfeito»
e às pessoas do sexo feminino. Apesar dos fatores culturais, das questões familiares
e ou eventos traumáticos, estarem associados à perturbação do comportamento
alimentar, de acordo com a investigação mais recente, não são assim tão
relevantes como se pensava, os fatores determinantes que contribuem para o PCA
estão localizados no cérebro (funcionamento de algumas estruturas cerebrais – circuitos
neuronais). É fundamental, compreender os fatores associados à doença, a fim de,
desenvolverem-se abordagens inovadoras ao tratamento. Para a maioria das
pessoas, sentar-se à mesa, proporciona sensações agradáveis, contudo para as
pessoas com perturbação do comportamento alimentar, a mesma situação
proporciona sensações desconfortáveis e preocupantes. Aparentemente, isso acontece
por questões biológicas (International
Journal of Eating Disorders, 2012).
Apesar de ainda não existir consenso, entre profissionais e
instituições dedicadas ao tratamento, assim como, os casos de recaída após o
tratamento serem elevados, nos últimos anos, a investigação cientifica, na área
da neurobiologia, revelam avanços significativos que nos permitem compreender melhor
a doença, do ponto de vista neurobiológico. A perturbação do comportamento
alimentar (anorexia, bulimia e a ingestão compulsiva) compromete, seriamente a
relação saudável com a comida, a imagem corporal e o funcionamento do cérebro,
no entanto, esta situação pode ser reversível, caso se adotam comportamentos
saudáveis e equilibrados. Quanto mais cedo se fizer o diagnostico da doença,
melhoram as condições para o tratamento.
Esta informação permite reduzir o estigma, a negação, a
vergonha e permite também às famílias compreenderem melhor a doença.
A fim de recuperar a auto estima, não é o corpo que precisa
de mudar, são as atitudes e comportamentos.
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