Motivação intrínseca e a motivação extrínseca.
Olá,
Qual é o tipo de motivação que o move, desde que acorda até
que vai para a cama, todos os dias? Você está satisfeito com os resultados
obtidos? Como é que ativamos a motivação? Dependemos de fatores extrínsecos e
fatores intrínsecos.
Nesta dica irei abordar um estudo efetuado por três
investigadores - Dr. Mark Lepper, Dr. David Greene e o Dr. Robert Nisbet sobre
a motivação. Estes investigadores observaram uma turma de alunos do
pré-escolar, ao longo da varias semanas, e identificaram crianças que gostavam
de desenhar. Depois os investigadores desenvolveram uma experiência para testar
o efeito de recompensar a atividade pela qual aquelas crianças tinham
preferência especial - desenhar. As crianças foram distribuídas por três grupos:
- O primeiro grupo era da recompensa esperada. Mostraram a
todas elas um certificado de bom aluno e perguntaram se queriam fazer desenhos
para receber o premio.
- O segundo grupo era da recompensa inesperada. Neste caso os
investigadores limitaram-se a perguntar às crianças se queriam desenhar. Aos
que aderiram à tarefa, os investigadores entregavam os certificados de bons
alunos após terminarem os desenhos.
- O terceiro grupo era o dos que não tinham qualquer
recompensa. Os investigadores limitaram-se a perguntar às crianças se queriam
desenhar, todavia, não fizeram referencia a qualquer recompensa/certificado de
bom aluno.
Duas semanas depois, durante o tempo livre que dispunham
entre as aulas, foram entregues marcadores e papel de desenho. As crianças que
tinham feito parte do grupo da recompensa inesperada ou sem recompensa
desenharam com prazer e utilizaram todo o tempo disponível, enquanto as
crianças que esperavam ser recompensadas revelaram muito menos interesse a
desenhar e passaram menos tempo a faze-lo. Segundo os investigadores, as
recompensas extrínsecas, referentes ao primeiro grupo - «se fizeres isto
recebes aquilo» revelaram um efeito negativo. Este tipo de recompensas
extrínsecas exige que as pessoas prescindam de alguma autonomia. De acordo com
os investigadores, também foram conduzidas experiências semelhantes com
adultos.
Voltando à questão acima formulada, você está satisfeito com
os resultados obtidos? Considera que a sua motivação depende excessivamente da
recompensa extrínseca? De bónus, de prémios. Ou a sua motivação intrínseca depende
de causas, de um propósito no sentido da vida, baseado em causas/campanhas (por
exemplo, estar ligado a causas de apoio a problemas sociais na sociedade) e
valores morais universais/espirituais, sem dogmas ou divindades?
O ponto de partida para qualquer discussão sobre a motivação
no emprego/empresa está relacionado está com o vencimento/retorno do
investimento. As empresas e os empregados sabem isto. As empresas precisam de
empregados e os empregados precisam das empresas; a motivação de ambos gira em
torno do mesmo tema; recompensas extrínsecas, vulgo «ganhar a vida» e se o
retorno do investimento/vencimento não corresponder às expectativas e/ou não
for adequado a probabilidade da motivação cair a pique é enorme.
A recente crise que coincidiu com a queda dos bancos e dos
bancários «donos disto tudo», da economia, do desemprego veio alertar para este
fenómeno. Os mesmos mecanismos implementados para gerar mais motivação
extrínseca, entre as pessoas, acabaram por ser a causa da tragédia. Creio que
este fenómeno, da excessiva motivação extrínseca, é transversal na sociedade. Em
muitas situações, provavelmente demasiadas, ficamos desiludidos e angustiados
com atitudes e comportamentos que pensamos estar a motivar-nos quando na
realidade estes mesmos mecanismos/hábitos acabam por trazer frustração e desilusão.
Quanto mais estivermos concentrados na motivação extrínseca,
poderemos estar a comprometer a capacidade criativa, a independência, o talento
e o desempenho. As recompensas extrínsecas (prémios, bónus)
conseguem produzir
um efeito perverso em nós; como é que posso receber muito fazendo pouco ou pior?
Comprometemos o desempenho recorrendo a estratégias pouco dignas a fim de obter
elevadas recompensas/prémios. Sem ter consciência, poderemos estar a
comprometer negativamente a motivação, optando pelas sensações baseadas no
prazer efémero. Erradamente, aprendemos que recompensar uma atividade, com
prémios, permite conseguirmos mais atividade do mesmo tipo; na realidade, nem
sempre funciona desta maneira. O prémio e a
recompensa assumem um protagonismo
excessivo em detrimento da criatividade, da mestria e do talento. Com esta
atitude estaremos a contribuir para um prejuízo considerável na motivação
intrínseca, a médio e a longo prazo.
Faça um serio investimento na motivação
intrínseca: no mérito,
no talento, no desempenho, no propósito e na qualidade do relacionamento com as
outras pessoas. Importante, não estou a referir ao culto do ego.
Cumprimentos
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