sexta-feira, março 28, 2014
Como é que posso mudar o meu parceiro?
Relacionamentos de intimidade e a adicção: Como é que posso
mudar o meu parceiro que está doente? Não pode, mas pode mudar o seu comportamento
e as dinâmicas da relação.
Ao contrário daquilo que se pode pensar, a maior grande
parte dos indivíduos dependentes de substâncias psicoactivas, lícitas e/ou ilícitas,
vulgo drogas, ou comportamentos adictivos, por exemplo, jogadores compulsivos e
adictos ao sexo não são pessoas que vivem isolados da sociedade, não são
sem-abrigo, não estão todos hospitalizados ou internados em centros de
tratamento, pelo contrário, têm as suas esposas/maridos, famílias e filhos,
carreiras profissionais, e apesar do estigma e da negação, são indivíduos
activos no trabalho e mais ou menos integrados na sociedade. Por falta de
informação sobre a adicção e o impacto na família e na comunidade (sociedade)
temos a tendência para negar as evidências; as coisas têm o valor que nós
decidimos que elas tenham.
São homens e mulheres adictos que têm os seus parceiros;
namorados/as ou esposas/maridos. Na maioria dos casos, as esposas/maridos e/ou
namorados/as sabem da existência do problema no parceiro/a, ou pelo menos,
apesar de falta de conhecimento ou informação, têm a consciência de que algo
não está bem e que é preciso mudar. Infelizmente, devido à complexidade dos
relacionamentos e da adicção não sabem como faze-lo, por causa de vários
factores. Um deles é gerarem vínculos que reforçam os seus papéis de zeladores
e cuidadores. Isto é, assumem o poder e a responsabilidade de zelar pelo
parceiro/a. Eles e elas adaptam as suas rotinas do dia-a-dia às vicissitudes e
à adversidade (comportamento problema) relacionada com o impacto da adicção na
relação, vivendo num estado eminente de ambivalência, alerta e preocupação. Afinal,
no universo das relações, quem é que não tem problemas sobre o comportamento do
marido? Da esposa? Do namorado? Da namorada? Todos nós. Contudo, nesta situação
especifica da adicção, o problema, para além de se agravar e afectar gravemente
os afectos, paradoxalmente, também pode ser atenuado, compreendido e/ou
resolvido. A questão é: Como.
Leia com atenção e responda a estas três questões:
1. Você tem um relacionamento com uma pessoa dependente de
drogas? Ou álcool? Ou Jogo compulsivo? Ou adicção ao sexo? Se a resposta é sim,
reflicta sobre estas questões:
Você castiga a pessoa
dependente? Por exemplo, você grita (explosões irracionais de raiva e
ressentimento), ridiculariza, ameaça, humilha em frente aos filhos, à família e
às outras pessoas.
Faz questão de dizer às outras pessoas que o seu familiar/parceiro/a
dependente é um/a falhado/a.
Ignora (longos períodos de silêncio e indiferença) a pessoa
dependente. Faz frequentemente ameaças que o/a vai deixar de uma vez por todas.
2. Qual tem sido o resultado prático da sua abordagem?
Constata que o resultado da sua abordagem, para ajudar o seu parceiro/a, não tem
o efeito desejado? Sente-se frustrado/a e impotente?
Você não permite que
a pessoa dependente assuma a responsabilidade pelas consequências do problema
da dependência?
Sofre por antecipação gerando cenários catastróficos e procura
eliminar e/ou atenuar o efeito das crises relacionadas com a adicção. Por
exemplo, você mente perante a sua família? Mente perante o médico, é desonesta
com os seus valores e convicções?
Possui segredos que o/a transtornam no dia-a-dia, por
exemplo sente vergonha por ser cúmplice de algo ilícito ou incorrecto. Sente-se
ansiosa/o? Deprimido/a?
É a/o responsável por criar e proporcionar as condições
financeiras para o comportamento problemático.
Evita abordar o conflito e cede às exigências e manipulações
do seu parceiro/a dependente. Você trabalha horas extraordinárias para pagar as
dívidas, despesas, etc.
3. Você considera que os efeitos da sua ajuda não estão a
surtir os resultados desejados? O seu parceiro/a dependente continua a fazer
promessas, recorrer às mentiras e juras em interromper o comportamento
problema, mas na realidade tudo permanece na mesma? E você continua com os
mesmos comportamentos, acima referidos, fazendo juras, promessas que não
cumpre, explode em raiva e agressividade e ressentimento?
Deixe-me colocar-lhe esta hipotética questão:
Você assumiria uma relação de compromisso romântica com uma pessoa que é dependente
de drogas, incluindo o álcool, e /ou Jogo compulsivo e/ou adicção ao sexo? A
resposta da grande maioria das pessoas que estão envolvidas em relacionamentos
com adictos é: «Se eu soubesse o que sei hoje, acho que não.»
Quando o alcoolismo, a dependência de drogas, o Jogo
compulsivo e a adicção ao sexo atingem proporções incontroláveis, designadas de
crises, gradualmente a tendência é para agravar os sintomas da adicção e os
efeitos negativos na relação. A única escolha possível é fazer uma intervenção.
A intervenção na adicção, visa a) abordar todas estas
questões (dinâmicas da relação) acima referidas, num contexto seguro, com a
ajuda de um profissional experiente, onde prevalece a comunicação honesta b)
Interromper o impacto negativo da adicção na estrutura da relação c). Reforçar
a necessidade de compromisso para com a mudança.
Caso esteja interessado/a em participar pode enviar por email as suas respostas às 3 questões. Todos
os dados são confidenciais (sigilo total). Participe e bem haja.
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