quarta-feira, setembro 07, 2011

Em recuperação, qual é a sua vocação?




Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, 6ª Edição da Porto Editora a designação de Vocação é: acto de ser chamado ou predestinado para um determinado fim; inclinação e predisposição para um certo género de vida, profissão, estudo ou arte. Tendência, talento; jeito; índole.


Hoje em dia, existem numerosos livros e investigação sobre os interesses vocacionais; individuais e/ou sociais. Uma grande parte dessa literatura está direccionada para a área profissional por ex. liderança, gestão de recursos humanos, trabalho em equipa. Desde sempre que o trabalho é considerado uma das mais importantes actividades nas nossas vidas. Sabia que a maioria dos adultos gasta mais tempo a trabalhar do que a dormir e/ou a divertir-se? Outra parte dos adultos apresentam dificuldades acrescidas na altura de escolher as suas carreiras e/ou profissões. Esta questão existencial desconfortável é também idêntica aos relacionamentos românticos e intimidade (vivência com o/a parceiro/a). Uma parte significativa de indivíduos, em recuperação dos comportamentos adictivos e não só, sentem remorsos e/ou arrependimento depois de fazer as suas escolhas.

Em recuperação (re) encontra-se a vocação.
O que é que a vocação tem a ver com a recuperação dos comportamentos adictivos? Antes que alguém possa desenvolver comportamentos adictivos (seja substâncias adictivas lícitas, incluindo o álcool, e ou ilícitas, jogo, sexo, dependência emocional, compras (shopaholics), distúrbio alimentar, shoplifting (furto) convém recordar, antes demais, que somos seres gregários e dependemos das conexões (vínculos) com as pessoas à nossa volta, principalmente com as pessoas significativas. Somos dependentes, por exemplo, quando estamos doentes, assustados (ex. desemprego), deprimidos (ex. separação/divorcio), angustiados (doença de alguém significativo), inadequados, fragilizados, impotentes e perdemos o controlo. Todavia, o oposto também sucede quando partilhamos as nossas vitórias (ex. carreira profissional de sucesso), ambições (projectos de vida, superar doença), sucessos (casamento, nascimento) e gratidão (recuperação da adicção). Todavia, dificilmente aprendemos a desenvolver e a investir em determinados valores individuais, sociais e espirituais (não religioso, sem dogmas e/ou divindades) como por exemplo o amor, o propósito e o sentido da vida, a honestidade, o desapego, a intuição, a resiliência, assim e de uma forma abrupta, a meio da adolescência, somos “empurrados” para o mundo dos adultos (cultura) e ensinados a estudar para ter sucesso, afim de arranjar uma profissão bem remunerada, constituir família e comprar casa. A independência e a autonomia, definida pelos adultos, exige um estabelecido status com base nas referências anteriormente descritas; sucesso, profissão, casar e casa.