terça-feira, maio 12, 2009

Compras compulsivas - Shopaholics

Qual é o problema associado às compras? Será assim tão grave? Nem todas as pessoas que gastam dinheiro em produtos, acessórios ou equipamentos apresentam um problema de comportamento. Quem é que resiste aos saldos? Quem é que resiste a umas compras no centro comercial? Quem não pensa “Bolas, hoje tive um dia muito difícil mereço uma prenda”.


Identificar atitudes e comportamentos
Na realidade, ainda existe alguma controvérsia quanto ao estudo e ao diagnóstico, todavia é evidente que existem casos de indivíduos que necessitam de apoio e orientação. O meu principal objectivo é alertar as pessoas, de forma a que consigam PARAR e reflectir sobre a perda de controlo em relação ao frenesim, ao desassossego e às consequências negativas do seu comportamento associado às compras. Conheço alguns casos de pessoas que desenvolvem a compulsão das compras – “culto”. Algumas reconhecem este padrão de comportamento disfuncional, como uma bóia de salvamento - nos momentos de angústia, de raiva, frustração, tristeza, solidão. O problema não é as compras ou o dinheiro, somos nós que adoptamos comportamentos que geram comportamentos disfuncionais e adictivos.


Um estudo realizado nos EUA revela que este problema afecta 5.8% da população (Koran, e tal 2006) e é tão comum como a depressão. Os indivíduos com este distúrbio não conseguem deixar/parar de pensar sobre a sua necessidade e preocupação frequente, em fazer compras.





Recordo um caso de uma pessoa que admitia a sua impotência em que antes de entrar no centro comercial, afirmava para si próprio, "Hoje não vou gastar um centimo em compras. Vou só passear." Passado uns minutos surgem os pensamentos irresistíveis que precipitam as compras e o individuo cede a um conjunto de justificações, e afirma "Preciso de comprar...é só uma. Não resisto às compras. Mais tarde quando chego a casa sinto-me desconfortável e triste por gastar dinheiro em coisas que não preciso e por perder o controlo.”


Fases do comportamento problema
Os indivíduos com comportamentos compulsivos às compras agem mediante impulsos irresistíveis, a obsessão e ficam incapacitados de controlar os seus comportamentos (perda total de controlo). Recorrem às compras para se libertar da pressão diária e buscam o alívio (gratificação imediata) das emoções “privadas” dolorosas, por ex. ansiedade, dor, tristeza, frustração.


O Dr Raymond Miltenberger identificou quatro fases no comportamento compulsivo às compra
1. Antecipação: pensamentos, anseios e preocupação sobre o acto de comprar algo especifico – ex. o produto em causa que foi identificado previamente 


2Preparação: contemplar o plano das compras; onde e como, e os métodos de compra (dinheiro, cartão de debito ou cartão credito) 


3. Compras: fazer as compras; aquilo que define como entrar no frenesim intenso e ou êxtase - “pedrada” 


4. Pagamento: o acto de pagar interrompe a encerra a actividade frenética das compras acompanhadas por uma sensação de vazio, remorso e frustração.


A compulsão às compras equipara-se ao efeito das drogas no cerebro do individuo. Quando um indivíduo antecipa uma ida às compras doses elevadas de dopamina (neurotransmissor responsável pelo prazer) invade o seu cérebro. Estão assim criadas as condições para iniciar os comportamentos adictivos. Este ciclo disfuncional, onde se compra para obter a gratificação imediata, mais tarde, sente o remorso e a culpa, associado às compras depois reinicia um “novo” ciclo adictivo de compras. O dia-a-dia é passado a pensar em dinheiro, compras, produtos, preços, lojas, revistas, compras online, cartão de crédito, artigos, etc.


Fazer compras proporciona níveis altos de excitação e uma sensação de “pedrada” (êxtase). Todavia porém, após este período intenso surge uma oscilação drástica de humor, sensação de vazio e frustração, capaz de gerar baixa auto-estima, remorso, sentimento de vergonha tóxica e culpa. Para o indivíduo compulsivo às compras gastar dinheiro é semelhante ao alcoolismo e á dependência das drogas com consequências emocionais e sociais muito semelhantes. Alguns estudos nesta área revelam que os indivíduos compulsivos às compras sentem mais ansiedade, depressão, comportamentos obsessivos-compulsivos e baixa auto-estima comparativamente aos indivíduos compradores não compulsivos.


Se a progressão do distúrbio não for interrompido, através de tratamento, pode culminar num agravamento das consequências por ex. dividas, hipotecas, problemas nas relações intimas e/ou românticas, divórcio, dificuldades serias na concentração no trabalho e em alguns casos problemas legais.


Em muitos casos, os compradores compulsivos, arranjam patrocinadores (amigos/as, maridos ou mulheres, pais, etc.) de forma a conseguir consumar e manter os seus devaneios e os seus comportamentos adictivos.


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