segunda-feira, agosto 18, 2008

Tratar as famílias em primeiro lugar em vez dos dependentes



Nalguns casos, a família (membros de família) precisam de maior apoio profissional que o adicto a substãncias psicoactivas lícitas, inlcuindo o alcool, e/ou ilícitas, jogo, compras e sexo, que não quer receber ajuda, que a família dispõe, para se tratar.

Esta é uma das áreas do meu trabalho que mais me fascina por um lado e que mais tenho investido por outro.

Como é que a familia pode contribuir para a progressão da adicção?

As consequências negativas da adicção são na maioria dos casos minimizadas, negligenciadas e ignoradas por todos, incluindo os profissionais. Existe tratamento e apoio para os dependentes de substâncias psicoactivas e alcoólicos. E para as suas famílias, incluindo as crianças? Individuos desestruturados emocionalmente e abusados, em alguns apresentam sintoma de perturbação de stress pós-traumatico, vitimas da adicção activa.

Na mesma família, existem indiviudos diferentes e semelhantes na organização (papeis) e estrutura (valores), nas dinâmicas de poder construtivas e/ou negativas, em segredos e no abuso, nas crenças e tradições, sentimentos de amor incondicional e amor dependente e disfuncional.

Quando um e/ou vários membros da família desenvolvem um problema de adicção (ex. drogas e/ou álcool, jogo patológico, sexo, trabalho patológico, comida) todos os membros da família são afectados, negativamente (física e emocionalmente), sem excepção, incluindo claro, as crianças visto não possuírem recursos para se protegerem. Recordo um pai que exclamava, numa das minhas palestras/sessões de domingo do Programa de Família, em Castelo Branco, “João, o meu filho tem um problema sério e isso tem afectado toda a nossa família. Faz lembrar a fruteira da cozinha lá de casa, com meia dúzia de maçãs que quando uma fica podre, passados uns dias todas ficam intragáveis...Nesta família estamos assim ”

sexta-feira, agosto 15, 2008

Modelo teórico sobre a frustração e raiva e os factores de risco da recaída no alcoolismo



Este modelo teórico ilustra um cenário realista de um alcoólico em recuperação / abstinência se confronta perante a adversidade:
(A) Ao enfrentar, identificar e gerir os sentimentos desconfortáveis e dolorosos (ex. Raiva e frustração) apresentam-se dois cenarios/respostas possíveis à adversidade
Numa resposta o alcoólico (B) desenvolve o seu sentido de auto-eficácia (talentos e competências) na gestão dos suas emoções, na outra (C) o alcoolico diminui significativamente o seu sentido de auto-eficácia, apresentando grande risco de ingestão até à intoxicação compulsiva de alcool (binge drinking)

A. Problema: Frustração e Raiva (adversidade)

B. Resposta assertiva, 
Aumento da auto-eficácia e resiliência,
Diminuição da probabilidade de ingestão de álcool,
A abstinencia do alcool permanece como prioridade.

C. O alcoolico não possui uma resposta, não possui um plano para enfrentar as emoções,
Diminuição da auto-eficácia e desenvolve uma expectativa em relação aos efeitos positivos da bebida
Ingestão da bebida e fim da abstinência.

Efeitos possiveis da violação da abstinência: Inicio das fantasias disfarçadas de poder e/ou comportamento agressivo evidente e continuo,
Atribuição de comportamento disfuncional em relação ao álcool e diminuição da auto-eficácia,
Aumenta o risco de ingestão de álcool.



Referencia: “Determinants of Relapse: Implications for the Maintenance of Behavior Change”.
A.G.Marlatt e J. R. Gordon, in Behavioral Medicine: Changing Health Lifestyles (p.430). editado por P.O. Davidson e S.M. Davidson, New York: Brunner/Mazel, 1980














domingo, agosto 10, 2008

Fases do sentimento de raiva



Sentimento de raiva
Como é sabido a gestão construtiva das emoções é uma área essencial na recuperação duradoura de qualquer tipo de adicção. È humano fugir das emoções desconfortáveis e desejar negar esses ciclos dolorosos. Já ouvi varias pessoas afirmarem, indignadas, “Raiva, eu?!... raiva tem os cães ...”

Durante a infância e a adolescência não aprendemos a identificar e a gerir os sentimentos, assim como não existe uma linguagem emocional unica (comunicação honesta e assertiva) entre a maioria das pessoas. Todavia ao longo da nossa existência desenvolvemos crenças, atitudes e comportamentos que nos permitem adquirir a experiência e a aprendizagem necessária sobre as nossas emoções desconfortáveis e dolorosas, nesse sentido a vida encarregar-se-a de despoletar estes mecanismos de sobrevivência. Alguns das atitudes que adoptamos não são os mais construtivos e recompensadores a médio e longo prazo. Muitos adictos/as a substâncias (drogas lícitas, inlcuindo o alcool, e ilícitas) e/ou comportamentos adictivos (jogo, relações, sexo, trabalho patológico, compras compulsivas, disturbio alimentar, recorrem a mecanismos de “sobrevivência” para adormecer, entorpecer, fugir, reprimir ou controlar as emoções desconfortáveis e dolorosas. 

Através da recuperação duradoura aprende-se a sentir. È ok sentir as emoções sem “bengalas” ou outro tipo de auxiliares disfuncionais. Estamos vivos, sensíveis e activos. Entregamos e deixamos os sentimentos se manifestarem é um processo de auto conhecimento e de auto valorização do nosso interior, profundo e misterioso.
O sentimento de raiva é extremamente poderoso e importante. A gestão da raiva pode ser o problema psicológico mais conhecido na nossa época. Precisamos de saber mais sobre a sua essência.
Gostaria de referir três fases do sentimento de raiva

1 Fase. Sentir raiva quando provocado. Se alguém nos ofende ou magoa sentimos raiva. É uma emoção instintiva ou reflexiva (reactiva) que é extremamente difícil controlar.

2 Fase. É a reacção ao sentimento de raiva. Quando ofendidos, podemos morder os lábios e não dizer nada. Podemos fazer uma critica, podemos explodir, podemos empurrar e protestar. Embora não tenhamos a capacidade de controlar o sentimento de raiva podemos adquirir controlo sobre as reacções (atitudes e comportamentos).

3 Fase. Retenção e reprimir a raiva. Sabemos que não controlamos o sentimento de raiva, quando somos provocados, mas durante quanto tempo iremos conseguiremos reprimir? Quantos minutos? Quantos meses? Quinze anos?

Por conformidade, refiro a Fase 1 Sentir a raiva; a Fase 2 A raiva intensa e a Fase 3 Ressentimento.

Em muitas situações sentir a raiva conduz à raiva intensa. Os adictos/as aparentam ter um particular dificuldade em reagir à raiva, mesmo que não estejam sob a influencia de substâncias psicoactivas. É obvio quando o seu auto controlo foi enfraquecido/afectado pelos químicos e/ou comportamentos adictivos e assim desencadear a raiva intensa de uma forma desproporcionada e empolada. Na fantasia de alguns adictos parecem pensar que o mundo é injusto e está contra eles, sentem-se vitimizados e sentem raiva de toda a gente, incluindo de Deus, conforme cada um O concebe (Poder superior). Afirmam "Porque eu?" ou "Porque a mim?Parece existir uma distorção das suas percepções em relação à realidade.

domingo, agosto 03, 2008

Três características que adictos ao sexo apresentam em comum




Sabia que os adictos ao sexo partilham algumas características, em comum, para alem daqueles comportamentos compulsivos que desencadeiam e despoletam o agir nos sentimentos (acting out / perda do controlo) – ex. masturbação, relacionamentos heterossexuais e/ou homossexuais,voyeurism, etc. Frequentemente, também partilham algo em comum - uma historia de abuso nas suas vidas.

Caracteristiscas:

1. 97% dos adictos ao sexo referem um historial de abuso emocional.

2. 83% dos adictos ao sexo referem um historial de abuso sexual.

3. 71% dos adictos ao sexo referem um historial de abuso físico.

Interessante, não é? Contudo para algumas pessoas não é surpresa. Para a maioria dos adictos este historial (fatores) de “ligação dos pontos” é determinante na adicção e pode ser um indicador, contribuindo assim, para o seu discernimento de forma a desencadear uma mudança de aitutdes e comportamentos adictivos, ao inves de negar, e interromper a progressão da adicção activas nas suas vidas e iniciar a recuperação.

Fonte: Dr Patrick Carnes

Comentario: Ao longo da minha experiencia profissional confirmo estes dados no acompanhamento de individuos adictos ao sexo. Para alguém que apresente a adicção ao sexo, em muitos casos, não consegue encontrar razões e ou motivos para tal comportamentos disfuncionais. Recordo alguns pacientes afirmarem... "Sinto-me um bicho ou um animal, sem sentimentos..." outros referem "Parece que sou um tarado sexual, só penso nisto com a agravante de este tipo de comortamento gerar ansiedade e sofrimento...".

Podera desencadear uma mudança no discernimento, significativa de comportamentos e atitudes, se identificar que em dada altura da sua vida foi vitima de um e/ou varios episodios de abuso (fisico, emocional e ou sexual).

Recordo uma historia veridica de um padre que abusava sexualmente de um menino de coro da sua igreja. Mais tarde, quando se descobriu, este incidente, a investigação veio revelar que este padre, enquanto menino de coro, também tinha sido vitima de abuso sexual de outro padre da mesma igreja.
Nessa igreja praticava se o abuso sexual ha muitas gerações.
Os episodios de abuso, mais frequentes praticam-se dentro da propria estrutura familiar. O sexo é uma fonte natural de prazer, todavia se identifica comportamentos geradores de ansiedade, pânico e sofrimento em relação ao sexo, peça ajuda.