segunda-feira, julho 30, 2007

Auto-Estima


Antes de falar na Auto-Estima vamos abordar alguns sintomas da doença da adicção. Encontramos na adicção, quer seja às substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool e ou ilícitas ou comportamentos - jogo, sexo, distúrbio alimentar, compras (shopaholics), shoplifting (furto), três vertentes, que estão interrelacionadas, que contribuem para uma baixa auto-estima no individuo adicto:

1. Física – Compulsão; processo uma vez despoletado pode ser extremamente difícil interromper,
2. Mental – Obsessão, preocupação exagerada (fixação) e ilusão (Negação),
3. Emocional /Espiritual - Total egocentrismo e isolamento social (egoísmo).



Sabemos também que este “triângulo” afecta todas as áreas da vida de um adicto (individual, familiar, social) automaticamente, afecta a sua auto-estima (auto conceito) de uma forma corrosiva e progressivamente. A baixa auto-estima é um problema comum, na maioria dos adictos, e em diversas situações passa despercebido sendo difícil de identificar. Recordo um adicto afirmar de uma forma espontaneamente “ Quando eu uso drogas sinto que a minha auto-estima é alta”. Para alguém que tem um problema de adicção, usar ( ou abusar, uso problemático) drogas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas, é perfeitamente “normal”. Faz parte do seu dia-a-dia, como por ex. alimentar-se, dormir.




Para muitos potenciais adictos o uso de drogas lícitas, incluindo o álcool, e/ou ilícitas ou comportamentos adictivos surge da incapacidade para se auto-aceitarem (auto conceito) e lidar com os sentimentos dolorosos em situação de crise (baixa aptidão e falta de competências), associado a sentimentos de raiva, tristeza, ansiedade, confusão e medo. Desenvolvem um autocrítica muito rígida e perfeccionista, ex. certo e errado, julgamento pessimista de si mesmo, e /ou em alguns casos os adictos/as procuram a aceitação e o reconhecimento dos outros para o seu sentimento de inadequação. Na minha opinião, ninguém com uma auto-estima saudável se torna adicto/a, não quero com isto afirmar que a causa da adicção seja a baixa auto estima. É um sintoma, entre outros, de alguém adicto.


domingo, julho 29, 2007

Viver Um Dia de Cada Vez


Para aqueles que estão em Recuperação da Adicção activa, quer seja de substancias psico activas (abstinentes de álcool e/outras drogas ilícitas) ou comportamentos  - jogo, sexo, trabalho “workaholics”, sexo, compras (shopaholics), shoplifting (furto), disturbio alimentar e codependência que procuram lidar com os seus sentimentos de uma forma construtiva, assim como, viver as dificuldades do dia-a-dia, viver no presente pode ainda ser extremamente frustrante e penoso se pensarmos que Recuperação significa mudança e em alguns casos recomeçar do zero. Esta realidade acarreta desafios e adversidade, por ex. reconquistar a dignidade, a confiança e a honestidade, adaptação ao sistema familiar, superar o estigma, quebrar as barreiras da negação e enfrentar a vergonha tóxica. Recuperação não significa cura e não é um acontecimento isolado, mas um processo de transformação de avanços e recuos.

A adicção é uma doença primaria, não é um sintoma de outra doença, é crónica e progressiva. A recaída também faz parte deste processo. Ninguém se torna adicto de um dia para o outro, não é uma escolha individual, como também ninguém recupera num determinado dia ou semana. Por isso, a recuperação da adicção activa é também gradual e progressiva sendo importante o tempo (processo). Este tempo, não pertence a ninguém, não é controlável, mas extremamente importante, muitas vezes sustentado em fracassos, na rejeição, na perda de controlo, nos erros mas também em pequenas "grandes" vitorias e desafios de crescimento emocional e espiritual, não religioso sem dogmas e divindades.


Viver um dia de cada vez implica ter um plano e um compromisso para com a recuperação. Significa viver no momento presente, aqui e agora, um minuto, uma hora, uma manhã, uma tarde de cada vez. Viver no momento como se mais nada fosse realmente importante. Não alimentar a preocupação e ou ansiedade em ter resultados imediatos e milagrosos, do tipo "Eu quero ter uma relação...Quero ser aumentado no emprego... Quero ser aceite pela minha família...quero um emprego seguro...Não quero sentir...Não quero sofrer ou sentir dor". Por vezes este "Quero" significa uma crença disfuncional irreal e rígida (tudo ou nada, certo e errado) capaz de boicotar a recuperação.


quarta-feira, julho 25, 2007

Trabalhar a Assertividade para o resto da Vida


A Oração da Serenidade é uma abordagem espiritual, não religiosa sem dogmas e divindades, ao tema da Assertividade:
Concedei-me Senhor, 
Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, 
Coragem para modificar aquelas que posso, e a 
Sabedoria para distinguir umas das outras .”


Na sua essência rogamos pelo discernimento sobre pensamentos positivos que nos permitem comunicar e tomar decisões construtivas. Quando fazemos escolhas e tomamos decisões construtivas estamos a ser ASSERTIVOS e melhoramos a qualidade dos nossos relacionamentos.

Para a maioria de nós o medo distorce e sustenta algumas coisas que não gostamos,
com a raiva reagimos e tomamos decisões precipitadas e as emoções limitam e condicionam as nossas decisões.

Características das Pessoas:
A) Falta de Assertividade/ Passividade. A falta de Assertividade é permitir que as outras pessoas nos tratem da maneira que entenderem, sem que nós desafiemos aquilo que é dito ou feito. Significa fazer aquilo que as outras pessoas querem, apesar da nossa vontade ser diferente – ex. agradar aos outros, facilitar, encobrir, manipular. "Porque dizemos sim, quando queremos dizer não?"

  1. O problema na comunicação é evitado.
  2. Os seus direitos legítimos são renunciados.
  3. Os direitos dos outros são encarados como prioritários em relação aos seus. Isto cria um padrão no comportamento dos outros, em relação a si, fazendo com que eles beneficiem e tirem vantagem. Se você pensar ”Se tiveres bem eu estou bem..." ou "Se estiveres mal eu estou mal...” está a negligenciar as suas próprias necessidades
  4. Permite que os outros avaliem e definem como você se sente e pensa – "Não tem voto na matéria."
  5. Permitir que os outros escolham as suas actividades.
  6. Os seus objectivos serão um dia alcançados – adiamento, vitimização e resignação. Os objectivos dos outros são mais importantes “Esperar com os braços cruzados; à espera de um milagre.”
  7. Nega e reprime a raiva e o ressentimento – minimiza e racionaliza os sentimentos desconfortáveis.
  8. Na interacção com os outras pessoas, preocupa-se somente em respeitar os outros. Procura a aprovação e agradar.
  9. Falta de confiança em si próprio. Baixa auto-estima.
  10. Espera por favores e serviços.


domingo, julho 22, 2007

A recuperação da adicção para a vida


Sendo a adicção às substancias psico-activas lícitas, incluindo o álcool  e as ilícitas, uma doença do cérebro sabemos que o consumo de drogas afecta seriamente o funcionamento normal do cérebro (neuroquímica / neurotransmissores – ex. libertação “anormal” de dopamina) conduzindo o adicto na senda da gratificação imediata, aquela sensação de prazer e/ou bem estar única capaz de modificar e ou atenuar (adormecer) as emoções dolorosas do dia-a-dia, por ex. fracasso ou rejeição numa relação de intimidade, despedimento, perda de alguém significativo, cansaço físico e/ou a sensação de falta de energia, ansiedade e ou sentir-se deprimido etc. Aprende-se a oscilação das emoções e descobre-se um mundo de novas experiências sensacionais e únicas com drogas.

Ao interromper a progressão da adicção activa, o período inicial de abstinência total às drogas, incluindo o álcool, as principais prioridades passam por se manter “limpo” de drogas, a todo e a qualquer custo. Depois, aprender o conceito de doença, aderir à abstinência (responsabilização e participação activa), fazer novos amigos, reencontrar o lugar na família por ex. reparar danos consequência do passado disfuncional, identificar e reaprender a lidar com emoções (tais como; raiva, medo, vergonha e culpa, ressentimento) de uma forma construtiva, por ex. não agir nos impulsos, prevenção da recaída e viver um dia de cada vez. Todo este processo, leva aproximadamente cinco anos, exige muita responsabilização, compromisso e motivação da parte do adicto. Ninguém o pode substituir neste “trabalho” e desafio individual. 

Para um adicto no activo consumir drogas, incluindo o álcool, pode ser um “hobbie” extremamente absorvente, pode passar 7 dias por semana/365 dias por ano a pensar como obter e consumir substâncias, é a prioridade numero um da sua vida. O objectivo é consumir drogas, incluindo o álcool, sem olhar aos meios, se for necessário magoar, agredir, mentir, roubar, manipular pessoas queridas. A obsessão e a compulsividade da adicção exige que assim seja, nada é suficiente importante que o impeça o adicto de o fazer.

No inicio da abstinência também se aprende a dar um passo de cada vez. Em muitos casos, precisa-se de apoio e orientação da família, apoio profissional, económico e das pessoas significativas (amizades genuínos) de forma a se “elevar o olhar” e encarar os erros do passado de frente, com determinação e positivismo. Muitos adictos, incluindo os familiares, cujo ambiente se encontra disfuncional, “doente”, re-começam da “estaca zero”. Todos foram “apanhados pela rede” da adicção, ninguém escapa ileso à devastação e ao caos. Alguns membros da familia sofrem de stress pós-traumático. Todos foram afectados, por isso, estão todos “no mesmo barco” é preciso fazer novos planos e uma "limpeza à casa". È necessario repensar nas atitudes e comportamentos a mudar, ex. mais tolerância, honestidade, comunicação e compromisso na mudança da parte de todos, como um grupo e n
inguém muda de um dia para o outro. Ninguém é perfeito, os seres humanos são seres imperfeitos. Recordo-me de um pai que dizia, fazendo uma analogia, com sabedoria, “Este exemplo é como a fruta que está no cesto da cozinha, uma peça apodrece e passado algum tempo apodrecem as outras todas...



Após o período inicial de abstinência, refiro-me ao primeiro ano, a fase mais conturbada foi ultrapassada, já se conseguiu auto-estima, aceitação do passado, atingiu equilíbrio emocional e familiar, estabilidade económica e profissional, surgem, normalmente, obstáculos difíceis e também eles potenciais de distúrbios ao nível da saúde física, mental e espiritual, não religioso sem dogmas e divindades, assim como as consequências negativas. Refiro-me por exemplo a comportamento que podem despoletar um processo adictivo, por ex., distúrbio alimentar, jogo, sexo compulsivo, relacionamento de intimidade disfuncional, trabalho compulsivo, compras só para referir alguns. Ao longo da minha experiência profissional acompanhei pessoas que associaram as suas recaídas e/ou deslizes cujo processo disfuncional iniciou-se no consumo de bebidas alcoólicas, como uma forma de confraternização social, outras atribuíram a recaída a relações amorosas disfuncionais; por ex. necessidade de controlar o parceiro/a, obsessivo, agradar de uma forma exagerada o seu parceiro/a, ao jogo por ex. casinos, poker, outras com a comida; por ex. (apetite exagerado / ingestão compulsiva de alimentos), auto conceito e imagem corporal distorcida, aumento de peso e baixa de auto-estima.



Quando vivenciamos uma experiência que produza prazer ou bem estar, o nosso cérebro produz dopamina, esse efeito imediato é conhecido dos adictos "Uma vez não chega e mil vezes não são suficientes". Existem três áreas que é necessário permanecer atento em recuperação, são o dinheiro, o sexo e a comida. Para os adictos em recuperação é extremamente atraente, por um lado, mas arriscado por outro, este tipo de experiências, radicais e profundas, relacionadas com o prazer, isto é, pode comprometer a médio ou a longo prazo a sua abstinência, assim como a qualidade de vida que tanto trabalho exigiu no inicio da recuperação a conquistar.


não almejam atingir a perfeição, apesar de muitas vezes ficar “embebedado” nesta falsa crença, mas através de um processo de aprendizagem de fracassos, de frustrações, de remorso e de erros, procura proporcionar junto daqueles que amam experiências enriquecedoras em termos dos afectos e dos laços, foi assim que se aprendeu a valorizar, no inicio da recuperação coisas muito simples, tais como sentir que não está só, que não é um ser horrível, dormir, tratar da higiene pessoal, afinal é possível recuperar. Se os outros conseguem, você também consegue, como algo espiritual, não religioso sem dogmas e divindades, libertador do sofrimento, da obsessão, do isolamento e dos segredos da adicção. A “chama” da esperança em recuperar pode permanecer eterna, um dia de cada ve.


Não quero afirmar que erradiquem ou eliminem estas experiências recompensadoras e estimulantes, não acredito que a solução se encontre em fundamentalismos moralistas e proibicionistas existe uma área/equilíbrio a realçar e a descobrir entre os extremos, contudo reforço a importância de manter níveis de vida satisfatórios ao nível das relações com as outras pessoas e consigo próprio. Alguns seres humanos desejam tornar-se pessoas melhores , não almejam atingir a perfeição, apesar de muitas vezes ficar “embebedado” nesta falsa crença. Através de um processo de aprendizagem nos fracassos, nas frustrações, de remorso e de erros, procura proporcionar junto daqueles que amam experiências enriquecedoras em termos dos afectos e dos laços, foi assim que se aprendeu a valorizar, no inicio da recuperação coisas muito simples, tais como sentirmos que não está só, que não é um ser  horrível, dormir, higiene pessoal, e que é possível recuperar. Se os outros conseguem, você também consegue, como algo espiritual, não religioso sem dogmas e divindades, libertador do sofrimento, da obsessão e do isolamento dos segredos da adicção. A “chama” da esperança em recuperar pode permanecer eterna, um dia de cada vez.

sexta-feira, julho 20, 2007

A recuperação da adicção às drogas, incluindo o alcool


Ao longo da minha experiência profissional, como técnico em comportamentos adictivos, muito se tem falado e discutido sobre a problematica da toxicodependencia, em Portugal. Foram adoptadas algumas medidas dissuasoras, coerentes e acredito com resultados positivos no "combate" ao problema da droga e da toxicodependencia, tais como, a eliminação do Casal Ventoso (antigo "supermercado" de compra e de consumo de todo o tipo de drogas), da comparticipação do estado no tratamento (ajuda financeira através de instituições privadas), salas de injecção assistida (salas de chuto), tratamento com metadona, etc só para refirir alguns.

Todavia, gostaria de me desviar desta perspectiva demasiado politica e sensacionalista por um lado, visto na maioria dos casos continuar a negligenciar as verdadeiras necessidades do individuo, da prevenção e do respectivo tratamento da dependência de drogas, incluindo o álcool. Vivemos numa sociedade que reforça o estigma e a marginalização daqueles que sofrem desta doença e dos seus familiares. Vou focar-me na importância no conceito designado de Recuperação.



Gostaria destacar aqueles indivíduos anónimos que sofrem da doença da adicção que interrompem a progressão da doença através da abstinência mantêm a motivação e a determinação em seguir em frente na busca da recuperação através de um conjunto de medidas, competências e recursos familiares e/ou profissionais. porque o processo de recuperação não é linear, estático e não funciona com valsas moralidades, bem pelo contrario é altamente complexo e exige total compromisso às instituições e profissionais, assim como ao próprio individuo afectado pelo problema.


A toxicodependencia é uma doença do cérebro




" A toxicodependencia é uma doença do cérebro, e isso interessa"

tradução de "Addiction is a brain disease, and it matters" Dra Alan Leshner

"Os avanços cientificos dos ultimos 20 anos têm mostrado que a toxicodependencia é uma doença crónica, recidivante (recaídas e deslizes) que resulta do efeito prolongados das drogas no cerebro. Tal como muitas outras doenças cerebrais, a toxicodependencia abrange aspectos comportamentais e de contexto social que são partes importantes do próprio disturbio. Assim, as abordagens terapêuticas mais efectivas incluirão componentes biológicas, comportamentais e de contextualização social. Reconhecer a toxicodependencia como uma doença crónica, recidivante, caracterizada pela procura e uso compulsivo de drogas pode ter impacto nas estrategias globais de saúde, nas politicas sociais, diminuir os custos sociais e de saude associados ao uso de drogas e à toxicodependencia. (...) Uma grande barreira é o tremendo estigma associado a quem consome drogas, ou pior, é toxicodependente. A mais beneficiadora perspectiva publica dos toxicodependentes é a de considera-los vítimas da sua situação social. Contudo, a visão mais comum é a de que os toxicodependentes são pessoas fracas ou más, sem vontade de orientar as suas vidas com moral e de controlar os seus comportamentos e gratificações. (...) O abismo de implicações entre a perspectiva da "pessoa má" e a perspectiva do "sofredor de doença crónica" é tremendo. A título de exemplo, há muitas pessoas que acreditam que os individuos toxicodependentes nem sequer merecem tratamento. Este estigma, e o tom moralista subjacente, conduzem a uma sobreposição significativa em todas as decisões relacionadas com o uso de drogas e os toxicodependentes. Outra barreira resulta de algumas pessoas que trabalham nos campos da prevenção e do tratamento da toxicodependência mantêm ideologias entranhadas que apesar de usualmente diferentes, na origem e na forma, das idieologias do publico geral, podem ser igualmente problemáticas"

Artigo retirado da revista Cérebro Toxicodependente - boletim de neurociencias cognitivas e neuroimagem na toxicodependencia da Biopress

quinta-feira, julho 19, 2007

A importancia da confrontação da comunicação nas relações





O que é a confrontação nas relações?
- É o acto de revelar, trazer, “puxar” ( arte que exige pratica e aprendizagem ), a pessoa é convidada a enfrentar “ cara-a-cara “ a sua realidade distorcida – efeito espelho.
A confrontação na comunicação nas relações ocorre quando é observado uma discrepância/divergência entre:
a) Aquilo que a pessoa DIZ e a percepção do ouvinte acerca daquilo que a pessoa FAZ. Por exemplo, quando o problema da adicção (consequências negativas) é abordado o individuo adicto minimiza, justifica, nega, racionaliza, mente.
b) Aquilo que é dito (hoje) e aquilo que foi ouvido ou afirmado, anteriormente (ontem) são somente um plano de intenções que não passam das palavras aos actos - "promessas quebradas"; um objectivo sem um plano de acção, é apenas uma intenção ou um desejo.

c) Aquilo que é afirmado no aqui-e-agora e as suas acções no dia-a-dia.
Para o individuo dependente de substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool, e/ou as ilícitas a sua realidade tem sido negada, reprimida e evitada por muito tempo através da sua adicção.

Para um individuo dependente de substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool, e/ou as substancias ilícitas, o mais importante é consumir "Beber só mais um copo" ou "Consumir drogas só mais uma vez..." nem que tenha de negar a sua realidade, por ex. consequências da adicção na área familiar, incluindo as crianças, área financeira, profissional, saúde, legal, etc. Nesta situação específica, o adicto é capaz de ser tão convincente, na mentira, que a própria família acredita sendo permissiva na confrontação.

Através da confrontação na comunicação dizemos aos outros como é que os observamos utilizando argumentos concretos, por exemplos. factos (situações concretas, comportamentos e o impacto do comportamento problema), evitando, assim o julgamento moralista e/ou a critica destrutiva e/ou humilhação. A confrontação para ser eficaz não pode ser conduzida de uma forma agressiva (ex. humilhação) mas de uma maneira firme, directa, com respeito e assertividade. A confrontação na comunicação é uma acto de coragem que gera confiança entre as pessoas ao invés de as separar.
O intuito da confrontação é proporcionar conhecimento ao outro sobre determinado comportamento ou problema que é observado pela pessoa que confronta.


quarta-feira, julho 18, 2007

Efeitos da dependência de substâncias psicoactivas e alcoolismo nas crianças da familia

Como consequência da adicção, muitas vezes as crianças são as mais esquecidas e negligenciadas pela progressão da doença dentro da família. O dependente de substâncias está obcecado pelas drogas, o alcoólico fica obcecado pelo beber compulsivo e a família também fica focada nos comportamentos do dependente/alcoólico consciente do efeito nocivo nas crianças - porque elas são esquecidas. Perante este drama na família, os adultos não dispõem de disponibilidade para acompanhar as crianças no seu desenvolvimento, visto andarem preocupados uns com os outros.





Algumas afirmações, acerca das CRIANÇAS feitas por alguns profissionais :
- Têm baixa auto-estima
- É provável que o rendimento escolar seja reduzido (ex. absentismo) ou são demasiado responsaveis (excelentes notas), comportando-se como uns “adultos” pequenos. Não usufruem do convívio (brincadeiras) com outras crianças da sua idade, tornam-se perfecionistas e demasiado exigentes consigo mesmos.
São mais facilmente afectadas por sentimentos de frustração e rejeição do que aquelas crianças cujos lares não existe o factor álcool/drogas.
Têm problemas de ajustamento nos relacionamentos (consigo mesmo e com os outros, por ex.auto conceito, limites ) durante a adolescência e na transição para a fase adulta.

Papeis que as crianças desempenham no seio da familia disfuncional
Acerca do papel desempenhado pelo “rebelde“ é verdade aquilo que se afirma; é a criança que recebe mais atenção e por vezes é o “ bode espiatorio“ de alguns problemas existentes na familia, é aquele que mais tarde, provavelmente, irá pedir ajuda ou receber apoio, caso surgem problemas, contudo este papel é desempenhado por uma minoria nas familias de alcoolicos e ou dependentes de substâncias psicoactivas.


terça-feira, julho 17, 2007

Preocupação excessiva sobre usar drogas


Preocupação/ fixação (alguns exemplos: rituais, memorias, sentimentos, crenças e associações sobre drogas, incluindo o álcool). Preocupação /fixação - Atenção excessiva e intensa sobre o consumo de drogas lícitas, incluindo o álcool, e ilícitas, vulgo craving.



Para aqueles que são adictos a substâncias psicoactivas, incluindo o álcool, este tipo de pensamento/atenção/ fixação/associação frequente e intenso sobre drogas pode tornar-se intrusivo e/ou obsessivo e ser algo extremamente desconfortável, gerador de ansiedade, principalmente para aqueles que se encontram em recuperação (abstinentes) há menos de doze meses. Por outro lado, sabendo dos riscos associados ao craving  é importante adoptar algumas medidas protectoras a fim de prevenir deslize ou recaída. Para aqueles que identificam esta preocupação/atenção intensos (craving), não significa que algo esteja errado, pelo contrario, faz parte das recordações do passado (memorias e habitos enraizados). É possível,  com o tempo, encontrar formas construtivas de lidar e aceitar esta situação. Por exemplo; o individuo saber que esta atenção/preocupação é passageira. Não significa que quem esteja exposto a este tipo de pensamentos/fixação esteja à "beira de uma recaída", contudo será benéfico falar, com alguém significativo, sobre estes pensamentos intrusivos e/ou obsessivos e sobre os sentimentos que podem despoletar, principalmente o medo, a raiva, a vergonha, o ressentimento, o sentimento de culpa. Este tipo de pensamentos/fixação (craving) também podem ser parte da doença da adicção. Pode revelar-se útil, às pessoas interessadas procurarem mais informação sobre o conceito e as dinâmicas desta doença, ex neurobiologia e efeitos psicológicos da adicção. Tal como acontece, com outras doenças cronicas, por exemplo, os doentes diabéticos precisam de tomar conhecimento sobre os cuidados a ter em relação à doença.

Algumas questões que podem ajudar sobre pensamentos intrusivos - preocupação/fixação/associação (craving) no dia a dia.

1. O seu pensamento/preocupação/fixação em consumir drogas /beber pairava na sua cabeça, quando podia estar a pensar noutro tipo de coisa qualquer?

2. Pensou em consumir drogas/beber sem identificar o motivo pelo qual este tipo de pensamento ocorreu ?

3.Quais são as situações, memórias, associações ou acontecimentos que podem “despoletar” este tipo de pensamentos intensos sobre consumir drogas/beber?

Por exemplo: Discussões, entrevistas de emprego, estar sozinho ou no meio de muita gente, cometer erros, crises. Questione o pensamento intrusivo (craving): "Como é que posso lidar de uma forma positiva com esta situação sem consumir drogas?" Existem várias alternativas, antes mesmo de consumir qualquer droga na busca do prazer/alívio imediato.


A recaída é um fenomeno comum a muitas adicções



A recaída é um fenómeno comum à adicção, substâncias psicoactivas lícitas, incluindo o álcool e a nicotina, e as ilícitas. O mesmo fenómeno ocorre com os comportamentos, refiro-me ao o jogo, sexo, codependência, distúrbio alimentar, compras - shopaholicsshoplifting - furto. Muitas adictos/as  ficam vulneráveis e expostas à recaída, em relação a determinadas atitudes, sentimentos e comportamentos, em recuperação, antes mesmo de iniciarem os consumos/comportamentos adictivos ou experimentarem a fixação/preocupação exagerada em consumir substâncias/comportamentos adictivos. Perdem a capacidade em se auto-avaliar e monitorizar (pensamentos e sentimentos) agem (comportamentos) no desejo irresistível (craving) e reiniciam os consumos de substâncias lícitas, incluindo o álcool, ilícitas, ou comportamentos adictivos (o jogo, sexo, distúrbio alimentar, compras. A estes comportamentos que despoletam e antecipam a recaída podemos designar de atitudes e comportamentos disfuncionais que boicotam a recuperação/abstinência.

Conheço adictos/as, que recaíram, quando colocados perante a questão "Se as coisas estavam a correr bem durante a recuperação/abstinência, porque é que optas-te por recair?" Resposta: "Não sei...não sei porque é que fui consumir drogas e álcool"

De forma o leitor/a conseguir discernir sobre determinados conceitos em relação à adicção vamos designar 1. adicção às substâncias psicoactivas licítas, incluindo o álcool e as ilícitas e 2. Adicção comportamentos (jogo, sexo, distúrbio alimentar, codependência/relacionamento de dependência, compras - shopaholicsshoplifting - furto). Existem adictos que são simultaneamente adictos a substâncias e a alguns comportamentos. Por ex. substâncias psicoactivas e distúrbio alimentar ou jogo e substâncias psicoactivas.